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Pós da Unicamp coordena cursos para
professores da rede pública

Projeto envolverá cerca de 12 mil docentes do ensino médio e fundamental II

LUIZ SUGIMOTO

O professor Euclides de Mesquita Neto, pró-reitor de Pós-Graduação: “Se a Unicamp, nessas quatro décadas, exerceu a prática do ensino presencial na graduação e na pós-graduação, está na hora de estender sua experiência para outros níveis”   (Foto: Antoninho Perri) Cerca de 12 mil professores da rede pública de ensino do Estado de São Paulo contarão com cursos de especialização a distância oferecidos pela Unicamp, conforme parceria firmada com a Secretaria da Educação. O projeto, que vai envolver professores do ensino fundamental II (6º ao 9º anos) e do ensino médio, contempla as áreas de História, Física, Língua Portuguesa, Matemática e Educação Física. As outras duas universidades paulistas também participam deste esforço de formação continuada: USP, com cursos como de Gestão, Filosofia, Biologia, e Unesp, com Língua Inglesa, Química e outros. Nestes dois primeiros anos, a expectativa é de atingir 30 mil dos mais de 200 mil professores da rede estadual.

Munir Skaf, docente do Instituto de Química (IQ) e coordenador do projeto pela Unicamp, afirma que os cursos já foram aprovados na Comissão de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) e em outras instâncias, aguardando-se o aval do Conselho Universitário (Consu) em assembléia no dia 30 de março. “Seguindo a proposta da Secretaria de Educação, elaboramos cursos de qualidade e voltados para as novas bases curriculares e o dia a dia dos professores da rede”.

Segundo Skaf, há um bom motivo para que os coordenadores dos cursos estejam entusiasmados com a iniciativa. “As três universidades paulistas respondem por 50% da produção do conhecimento avançado no país. O Estado de São Paulo reconhece a necessidade de promover ações de qualificação do seu quadro docente dos ensinos fundamental e médio e este convênio é uma oportunidade de atingir um grande número de professores da rede pública na modalidade de formação continuada”.

Embora a experiência da Universidade na educação a distância em nível de pós-graduação seja limitada, Skaf observa que se dispõe de outra ferramenta capaz de alcançar tantos cursistas, como nesse caso. “A perspectiva é de que o projeto tenha continuidade e o sistema seja aprimorado, trazendo reflexos inclusive ao ensino dentro da Universidade. Para nós, é importante adquirir conhecimento e experiência visando atividades on-line como forma de apoio aos nossos cursos presenciais”.

O professor Munir Skaf, coordenador do projeto pela Unicamp: “Este convênio é uma oportunidade de atingir um grande número de professores da rede pública na modalidade de formação continuada” (Foto: Antoninho Perri) O professor Euclides de Mesquita Neto, pró-reitor de Pós-Graduação, informa que serão obedecidos os quesitos regimentais de atividades presenciais – do total de 360 horas de aula no ano, 45 serão de atividades nas Diretorias de Ensino e nas escolas. “A estrutura administrativa dos cursos é piramidal: a partir das diretrizes curriculares, professores autores formataram o material didático, cabendo a professores especialistas assimilar esse material e promover a interface com as centenas de monitores que, de fato, vão supervisionar a atividade a distância”.

Munir Skaf explica que os cursos exigem uma boa infraestrutura computacional, além de uma plataforma versátil e eficiente para Ambientes Virtuais de Aprendizagem, ambientação web do material didático, ferramentas de acompanhamento e avaliação, e o treinamento de pessoas – tudo isso a cargo do Grupo Gestor de Tecnologias Educacionais (GGTE) da Unicamp. “A ideia é que toda a parte de orientação on-line seja bastante dinâmica, levando o cursista a fazer uso de tecnologias em atividades interativas que servirão para suas aulas e seu futuro. O curso vai muito além da leitura estanque na tela ou da mera busca no Google”.

GGTE
Os professores José Valente e Vera Solferini, do GGTE, informam que o grupo foi criado para propiciar, apoiar, articular e promover ações institucionais relacionadas ao uso de tecnologias na educação e no desenvolvimento da educação a distância nos níveis de graduação, pós-graduação e extensão da Unicamp. Em relação a esses cursos de especialização, especificamente, o GGTE terá participação fundamental na implantação de infraestrutura como servidores e salas multimídia, manutenção do ambiente virtual de aprendizagem, formação dos tutores e na adaptação e implantação do material de apoio a ser utilizado nos cursos.

Conforme Munir Skaf, os cursos são exclusivos para os professores atuantes na rede estadual. “É preciso diploma de ensino superior e, feitas as pré-matrículas, a Secretaria de Ensino irá validar se os nomes da lista integram seu quadro de docentes. Caberá ao governo estadual decidir quando assinamos o convênio e damos início ao projeto. Da nossa parte, estamos prontos para arregaçar as mangas”.

Na opinião do pró-reitor Euclides Mesquita, a forma privilegiada de fazer ensino, pesquisa e extensão é por meio da formação de recursos humanos. “Se a Unicamp, nessas quatro décadas, exerceu a prática do ensino presencial na gradua­ção e na pós-graduação, está na hora de estender sua experiência para outros níveis. Já estamos fazendo algo diferente nos últimos anos, iniciando convênios de cursos semipresenciais que vão ajudar diversas prefeituras e instituições”.

O pró-reitor ressalta que, dadas as dimensões do quadro de educadores da rede estadual de ensino, é importante o envolvimento da Universidade nesta oferta de cursos de qualificação e educação continuada. “O desafio está posto e o engajamento da Unicamp, bem como o currículo dos nossos coordenadores, trazem a certeza de que seremos bem-sucedidos, imprimindo um novo paradigma bastante positivo para o país”.

 

Coordenadores falam sobre o conteúdo

Cada curso de especialização oferecido pela Unicamp – História, Física, Língua Portuguesa e Matemática – possui oito disciplinas em quatro módulos, sendo que o desenvolvimento de conteúdos exigirá o empenho de oito professores autores. A proposta do curso de Educação Física, coordenada pelo professor Jocimar Daólio, foi aprovada pela congregação da Faculdade de Educação Física e deverá se somar aos demais cursos após apreciação das instâncias superiores. A seguir, os coordenadores fazem breves comentários sobre o conteúdo dos cursos:

História
“Partindo de um currículo clássico (Brasil Colônia, Império e República, e história antiga, medieval, moderna e contemporânea), a proposta é diminuir as dificuldades do professor em relação a novas abordagens, pensando sobre teorias e metodologias relacionadas ao ensino desta matéria. Queremos aproximar a Universidade e o professor da rede, buscando apresentar o que se produz de mais recente sobre esses temas clássicos em uma unidade de excelência em pesquisa como é o curso de História da Unicamp. Muitas vezes o docente da rede identifica fragilidades em sua própria formação, quer mudar, mas se pergunta por onde começar. O curso é uma grande oportunidade para isso.

Nossa proposta não é revolucionária, porém bastante exequível para a realidade de uma sala de aula do Estado de São Paulo. A questão principal é tomar os conteúdos conhecidos e submetê-los à crítica historiográfica, numa análise que vise atingir os alunos da rede pública. As abordagens das diferentes correntes interpretativas do conhecimento histórico são fundamentais para que o professor identifique que a história é dinâmica e seus conteúdos e saberes são constantemente revistos.

Para isso, uma junção entre questões teórico-metodológicas e propostas de execução na sala de aula será priorizada, auxiliando-os a selecionar, recortar e especificar conteúdos e abordagens, e interpretar documentos históricos de diferentes naturezas, tais como escritos, imagens, filmes, cultura material, relatos orais etc. O fundamental é permitir que o professor da rede perceba quais são os conteúdos prioritários e, sobretudo, possa apropriar-se desse conhecimento e fazê-lo chegar a seu aluno.

No caso da História, a partir da liberdade curricular experimentada no período pós-ditadura militar, várias propostas de ensino foram experimentadas e os resultados nem sempre foram satisfatórios. Há um interesse por parte dos docentes da rede estadual em rever procedimentos e conceitos. Nossa proposta, portanto, evidencia a observação dos conteúdos clássicos, mas com abordagens recentes e inovadoras, preservando a autonomia dos professores, as diretrizes curriculares propostas pela Secretaria de Educação e, sobretudo, a dinâmica realidade da sala de aula”.

(José Alves de Freitas Neto, professor do Instituto
de Filosofia e Ciências Humanas – IFCH)

Língua Portuguesa
“Em Língua Portuguesa, tivemos mudanças recentes no currículo, mas é uma área privilegiada porque tais mudanças são relativamente consensuais. Isso levou à elaboração de propostas curriculares estaduais (como em São Paulo e Santa Catarina), que são ainda estranhas a professores que não foram formados para as unidades de trabalho ou objetos de ensino estabelecidos pelos novos parâmetros.

Além disso, o Estado de São Paulo elaborou cadernos que o professorado está utilizando com dificuldade, havendo muita queixa justamente porque a formação deve estar defasada em relação às mudanças. Nossa proposta visa abordar esses pontos centrais ligados pelo gênero, teoria do texto, letramento digital, multiletramentos.

A ideia é que, durante as oito disciplinas e no TCC, sejam discutidos com os professores o material e o próprio currículo do curso de especialização, aproximando-o o máximo possível da prática em sala de aula. Queremos capacitar para os desenvolvimentos que os professores formados há mais tempo ou em unidades menos qualificadas não dominam”.

(Roxane Helena Rodrigues Rojo, do Instituto de Estudos da Linguagem – IEL)

 

Física
“O curso proposto apresenta algumas facilidades para sua implementação, porque o que se vê em física no ensino médio é muito parecido com o que vemos em física nos anos iniciais da Unicamp. Isso faz com que os problemas sejam bastante conhecidos dos nossos docentes.

Outra característica é que os parâmetros curriculares nacionais definem muito claramente o que se espera da disciplina e, no caso do material produzido pela Secretaria do Estado de São Paulo, o coordenador foi o professor Luís Carlos de Menezes (da USP), o mesmo que trabalhou nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Há muito material desenvolvido no país sobre esses conceitos de física e sobre essa forma de abordagem.

É importante lembrar que o Instituto de Física da Unicamp possui uma tradição em física experimental, o que deve se refletir na abordagem do curso. O material da Secretaria já correlaciona a Física com o cotidiano, fica faltando estabelecer as relações entre o desenvolvimento teórico e suas aplicações, e é esse o ponto principal onde iremos atuar. É também o ponto mais difícil, associado ao que chamamos de transposição didática: pegar um material mais abstrato e transformá-lo em algo possível de ser compreendido”.

(Maurício Urban Kleinke, do Instituto de Física Gleb Wataghin – IFGW)

 

Matemática
“Trabalhei no ensino médio durante 12 anos da minha vida e, aqui na Universidade, lá se vão mais de 20 anos, sempre querendo trabalhar com a minha antiga área. Atuei no vestibular e em alguns projetos, mas vejo nesse curso de especialização uma possibilidade de realmente chegar ao professor que está na rede pública. Eu sei o que é dar aulas nos ensinos fundamental e médio – e hoje é muito pior.

Existem, pelo menos na matemática, aquelas pessoas conservadoras em relação ao ensino a distância. É uma resistência que precisamos vencer, pois acho que não tem mais retorno e o ensino a distância tende a crescer, e muito.

Minha equipe está praticamente montada, com a metade dela composta por docentes aposentados. Como coordenador do curso, almejo que o professor da base, através desse material, consiga passar ao aluno um tostão da experiência de um docente da Unicamp. Se ele conseguir, eu me aposento feliz”.

(Edmundo Capelas de Oliveira, do Instituto de Matemática,
Estatística e Computação Científica – IMECC)

 

 

 
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