Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 244 - de 15 a 21 de março de 2004
Leia nessa edição
Capa
A propósito do Araguaia
Livro: saúde reprodutiva
Pesquisa :carne-de-sol
Metanol e diesel: medida certa
Geociências: viajando no tempo
Pochmann: meta de emprego
Jovens: transtornos mentais
Saúde: esquistossomose
Meio ambiente e biossegurança
Livro: ciências exatas
Unicamp na mídia
Painel da semanal
Oportunidades
Teses da semana
Metodologia: descarte de pneus
Fotografia: floresta urbana
 

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Seminário debate
meio ambiente e biossegurança
Evento, que integra a programação dos “Fóruns Permanentes”,
reunirá especialistas no Auditório da Biblioteca Central

PAULO CÉSAR NASCIMENTO

A partir da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO 92) realizada no Rio de Janeiro, o mundo começou a buscar um modelo mais sustentável para a sociedade. A base deste modelo foi a Agenda 21, que estabeleceu diretrizes para o consumo e a utilização dos recursos naturais, como também parâmetros para a recuperação e a manutenção da qualidade ambiental em níveis seguros para a saúde humana. Na prática, contudo, os avanços foram tímidos, o que justifica a importância da manutenção do debate sobre o tema. É neste contexto que a Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC), em conjunto com o Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, dentro das atividades do Fórum Permanente e Interdisciplinar de Saúde, realizam na próxima quinta-feira (dia 18) o seminário “Meio Ambiente e Biossegurança”, das 9 às 17 horas, no Auditório da Biblioteca Central da Unicamp. Nesta entrevista ao Jornal da Unicamp o professor João Alberto Venegas Requena, diretor da FEC, aborda questões que serão discutidas nos dois painéis do evento: “Poluição, Meio Ambiente e Saúde” e “Transgenia, Meio Ambiente e Biossegurança”.

 

O professor João Alberto Venegas Requena: “Pagamos pela falta de planejamento e pelo uso irracional de recursos no passado”

JU - O que mudou e onde ainda falta avançar na temática ambiental passados 12 anos desde a ECO 92?

João Alberto – A ECO 92 foi muito importante, representou um despertar mundial para as questões ambientais, mas trouxe resultados práticos muito tímidos. A sociedade esperava ações mais contundentes dos governos compromissados com a causa ambientalista, mas as medidas adotadas se mostram insuficientes para enfrentar o poder econômico, que resiste em aceitar os encaminhamentos da conferência no Rio. Por isso, iniciativas como esse fórum na Unicamp têm o mérito de contribuir para que a comunidade permaneça conscientizada e, dessa maneira, possa exigir providências de seus representantes nos diferentes níveis de poder, seja federal, estadual ou municipal.

JU – Falta, então, vontade política para implementar medidas efetivas de controle e preservação?

João Alberto – Sim, é preciso que a lei seja mais enérgica com quem polui e agride o meio ambiente. O governo, nas diferentes esferas de poder, até reconhece a gravidade do problema, mas não reage com o necessário vigor. A poluição dos rios Pinheiros e Tietê, em São Paulo, ilustra bem a situação. Aquilo é provocado pelo esgoto de indústrias que não se preocupam em tratar seus resíduos. Outro exemplo é a contaminação do lençol freático por mercúrio. Tudo isso tem profundos reflexos na saúde da população e vai exigir recursos cada vez maiores para o tratamento de doenças decorrentes da poluição. Todavia, não há uma intervenção capaz de punir os responsáveis e de impedir a perpetuação do problema.

JU – É mesmo possível resgatar a qualidade ambiental tão degradada, ainda que para as próximas gerações?

João Alberto – Não temos muito tempo e não podemos nos esquecer que os recursos naturais são finitos. No Brasil, foi preciso uma crise energética para nos mostrar o quanto estávamos equivocados ao pensar que a água seria um bem inesgotável. Contudo, não se trata apenas de ter água, mas água com qualidade. Gasta-se cada vez mais para tratar quimicamente a água distribuída para a população, mas a qualidade é inferior à do passado. Se a poluição dos rios continuar no ritmo em que está, logo não será possível sequer tratar a água. Não estou querendo ser apocalíptico, mas basta observar que hoje pagamos pela falta de planejamento e pelo uso irracional de recursos no passado. Temos, portanto, que agir com a responsabilidade de garantir para as próximas gerações uma natureza saudável, até porque disso depende a continuidade de nossa espécie.

 

Encontros discutem políticas públicas

Iniciado em 2003, o projeto “Fóruns Permanentes” é uma iniciativa conjunta da Coordenadoria Geral da Universidade (CGU) e da Coordenadoria de Relações Institucionais e Internacionais (Cori). Os fóruns do ano passado foram “muito positivos”, na avaliação do vice-reitor da Universidade e coordenador geral da Universidade, professor José Tadeu Jorge. Segundo ele, o projeto-piloto partiu do Fórum de Agronegócios. Depois, no segundo semestre de 2003, vieram Arte e Cultura, Saúde, Conhecimento, Tecnologia de Informação e Empreendedorismo, colocando em destaque temas extraídos do cotidiano da própria Universidade.

Outros 48 fóruns foram planejados para serem oferecidos ao longo deste ano. Todos terão como eixo comum as políticas públicas. A escolha dos temas foi proposta pelas unidades de ensino e pesquisa da Unicamp. “Será um momento importante para troca de informações, criação de oportunidades, aprofundamento de conteúdos, polêmica e questionamentos, além de qualificação pessoal. Para tanto, quanto mais houver participação, melhores poderão ser as contribuições”, destaca Tadeu Jorge.

As inscrições para os próximos fóruns já podem ser feitas no site http://www.cori.unicamp.br/foruns/foruns-energia.htm Esses eventos são abertos ao público. Mais informações pelos telefones 19-3289-5499 e 3289-7787 ou ainda através do e-mail fabianagviana@terra.com.br

 

 

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