Leia nesta edição
Capa
Do caldo de cana
   ao suco de açaí (Parte II)
Vice-reitor e pró-reitores
Atlas dos esportes do Brasil
Alma do menino e
   os mistérios da mente
DNA Brasil
Matemática e sua reinvenção
Castanha de caju
Trabalho de aluno
   do Ceset é premiado
Sulcos na tomaticultura
Painel da semana
Oportunidades
Teses
Unicamp na mídia
Portal da Unicamp
Sexualidade de jovens
   do universo rural
Estante
Luminosidade especial
 


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Recém-lançada, publicação de 924 páginas
contou com colaboração de 410 especialistas

Atlas reúne todos os
esportes praticados no país



JEVERSON BARBIERI


Atletas paraolímpicos brasileiros em Atenas: participação da Unicamp foi fundamental na obtenção de bons resultados (Foto: Divulgação)Lançado no início de 2005, o Atlas do Esporte é uma obra resultante de uma grande pesquisa feita por 410 colaboradores e 17 editores que, durante dois anos, exerceram um trabalho voluntário para compor 924 páginas sobre todas as atividades esportivas praticadas no Brasil desde o seu descobrimento. De acordo com Leonardo Mataruna, aluno de doutoramento da Faculdade de Educação Física (FEF) da Unicamp e um dos editores da obra, o Atlas é um resgate da história do esporte no Brasil, distribuído por modalidades e por área de conhecimento. Trata também da questão da situação atual do esporte em todos os níveis, apresentando mapas, gráficos, fotos e tabelas, mostrando que o Brasil não é apenas o país do futebol. Como todo Atlas, possui uma metodologia própria que se diferencia de uma pesquisa científica. Especialistas das principais áreas esportivas não só redigiram textos mas também coletaram dados junto às pessoas que fizeram parte da história do esporte no país.

Convidado a escrever o capítulo de esporte para deficientes visuais, Leonardo conta que durante a coleta de dados foi descobrindo dados interessantes e fascinantes, como por exemplo, a ida de uma delegação do Brasil, no ano de 1984, para o Campeonato da Suécia. Após a chegada da delegação brasileira, composta por quatro membros que não falavam inglês, foi solicitada ajuda a um policial no aeroporto pedindo que ele ligasse para o comitê organizador. O policial ouviu do responsável pela organização que eles não poderiam competir, afirmando que havia mandado um telegrama para o Brasil dando a inscrição como cancelada.

Livro é ilustrado com mapas, fotos e gráficos

O telegrama foi enviado, porém não recebido no Brasil. Na época não havia financiamento para o esporte paraolímpico e a delegação havia conseguido as passagens, como doação, apenas dois dias antes do evento. O organizador do evento, de forma agressiva, solicitou ao policial que colocasse a delegação em um avião de volta ao Brasil. O policial sentiu-se ofendido e procurou um amigo jornalista, que levou o caso a todos os jornais da Suécia. Os jornais e a delegação fizeram um apelo à rainha Silvia, que também é brasileira, solicitando intervenção junto à organização. Conseguiram o feito, mesmo sem a devida inscrição.

Além desse capítulo, Leonardo acabou participando da confecção de mais quatro capítulos, todos relacionados à inclusão social. Descobriu que na área de esporte inclusivo existem práticas de esporte para pessoas portadoras de nanismo. Esse tema sempre foi um mito na sociedade. Porém, para o pesquisador, o papel do circo, não só na sociedade brasileira, mas principalmente na sociedade européia, foi fundamental na inclusão social do portador de nanismo. Hoje, no Brasil, o estado que tem maior número de anões praticando atividade física é o Rio de Janeiro, mais especificamente o município de Duque de Caxias. Leonardo descobriu que o anão mais radical está no Rio Grande do Sul, chama-se Rafael Ribeiro e faz escalada, alpinismo e rafting. Ele tem como objetivo participar dos jogos mundiais de anões, outra competição que até então era totalmente desconhecida no Brasil.

No capítulo sobre olimpíadas especiais e esporte adaptado, Mataruna esclarece queLeonardo Mataruna, doutorando da FEF: capítulos relacionados à inclusão social (Foto: Antoninho Perri) foi feito todo um resgate da primeira participação do Brasil em Paraolimpíadas, realizada na década de 1970. Porém, o Brasil só começou a trazer medalhas na década de 1980, mais precisamente em 1984. Nesse capítulo o que mais desperta curiosidade é a evolução do número de medalhas e do número de atletas praticando esporte adaptado, que hoje ultrapassa 400 mil.

A própria área de Educação Física voltada para portadores de deficiência, a partir da década de 1990, começa a ter uma especialidade em atividade motora adaptada e a pioneira foi a Unicamp. Leonardo afirma que a FEF teve um papel fundamental na construção de idéias e dos referenciais teóricos para essa área no Brasil. A partir daí saíram os pesquisadores que estão nas grandes universidades brasileiras, além de especialistas que compõem a Sociedade Brasileira de Atividade Motora Adaptada.

Um grande avanço que o esporte paraolímpico teve, em relação ao esporte olímpico, foi a proximidade com a academia, afirma Mataruna. A partir de 1992, o Comitê Paraolímpico Brasileiro procurou justamente a Unicamp para obter um suporte especializado e a partir daí foram montadas pequenas comissões de especialistas, não só da Universidade, mas também de outras universidades para discutir bases de treinamento, políticas públicas para o esporte adaptado, metodologia de ensino e aprendizagem para pessoas com deficiência, contribuindo para que o esporte tivesse maior visibilidade. Isso resultou na melhor performance das seleções nacionais que, aos poucos, foram alavancando o encontro do esporte adaptado com a mídia.

Além disso, o Brasil, na parte paraolímpica, começou a fazer grandes investimentos na área de tecnologia esportiva. Hoje, todos os técnicos nacionais do comitê paraolímpico são professores de educação física, especialistas que foram preparados ou se capacitaram ao longo dos anos para o esporte de rendimento. O grande ponto de transição entre o esporte de rendimento e o esporte de participação é a Paraolimpíada de Sidney. Foi o ponto marcante para a mudança de status que o Comitê Paraolímpico estava propondo.

O Atlas é um instrumento que servirá como fonte de consulta para gestores, tanto da iniciativa pública quanto da iniciativa privada. A partir da publicação do Atlas, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) passou a gerenciar a coleta de dados sobre o esporte.

Leonardo, que também é técnico da equipe de judô da equipe paraolímpica brasileira, desenvolve um trabalho de doutorado na FEF que é a descrição de uma metodologia de ensino de judô para cegos, fazendo um resgate histórico de como o esporte era e é atualmente ensinado. O Atlas do Esporte foi realizado a partir de um consórcio entre o Conselho Federal de Educação Física, Serviço Social da Indústria, Serviço Social do Comércio, Federação Nacional das Associações Atléticas Banco do Brasil, Associação Cristã de Moços, Confederação Brasileira de Clubes, Comitê Olímpico Brasileiro, Comitê Paraolímpico Brasileiro, Fundação Getúlio Vargas, Escola Brasileira de Administração Pública e Empresas, Fórum Nacional dos Secretários e Gestores Estaduais de Esporte e Lazer e do Ministério dos Esportes. A edição ficou a cargo da Shape Editora e Promoções Ltda.

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