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Campinas, maio de 2001 - ANO XV - N. 162.........
     
   
 

..Por mais vagas nas universidades públicas
Debatedores sugerem medidas para democratizar acesso

 

 

MANUEL ALVES FILHO


ampliação do número de vagas nos cursos de graduação das universidades públicas brasileiras, sem o comprometimento da qualidade do ensino, constituiu o tema central de uma mesa-redonda denominada “Os Desafios do Ensino Público Superior no Brasil”, promovida no último dia 5 de abril pelo Fórum de Reflexão Universitária da Unicamp. No evento, que esteve aberto à comunidade e foi realizado no Centro de Convenções da Universidade, os debatedores sugeriram uma série de medidas para ampliar o acesso à universidade pública. Para viabilizar a expansão do número de vagas, foram discutidas propostas como a diminuição da carga horária de aulas expositivas, a eliminação de disciplinas que repetem conteúdos, o aumento do número de alunos em sala de aula e o apoio didático de pós-graduandos. O objetivo da iniciativa foi envolver a comunidade universitária nessas discussões, consideradas urgentes pelo crescente número de jovens que batem às portas das universidades.

Participaram do encontro o ex-governador do Distrito Federal e ex-reitor da Universidade de Brasília (UnB), Cristovam Buarque; o vice-presidente da Comissão de Educação da Assembléia Legislativa de São Paulo, deputado estadual César Callegari (PSB); o presidente da Academia Brasileira de Ciências e pesquisador do Instituto do Coração, Moacyr Krieger; e o professor da Faculdade de Ciências Médicas e membro do Fórum de Reflexão Universitária da Unicamp, Aníbal Vercesi.
O evento foi aberto pelo reitor da Unicamp, Hermano Tavares. Na apresentação, o pró-reitor de Pesquisa, Ivan Chambouleyron, falou da origem do Fórum de Reflexão Universitária, criado por ele há dois anos em função da necessidade que sentiu de um espaço de discussão que não estivesse influenciado por questões não-acadêmicas. O Fórum é hoje composto pelos professores Anibal Vercesi (FCM), Daniel Joseph Hogan (IFCH), José Mario Martínez (IMECC), José Roberto de França Arruda (FEM/PRP), Oswaldo Luiz Alves (IQ), Paulo Arruda (IB) e Rodolfo Hoffmann (IE), além do próprio professor Chambouleyron. Por indicação do Fórum, o moderador da mesa-redonda foi o pró-eeitor de Graduação da Unicamp, Angelo Cortelazzo.

Os debatedores foram unânimes em avaliar que o número de vagas oferecidas pelos cursos de graduação das universidades públicas brasileiras está muito aquém da necessidade do País. Atualmente, apenas 12% dos jovens entre 18 e 24 anos freqüentam escolas de ensino superior no Brasil. Em São Paulo, este percentual é de cerca de 15%, o que equivale a um contingente de 740 mil alunos matriculados. Destes, somente 121 mil (ou 16%) estudam em instituições públicas federais, estaduais e municipais, sendo que, destas últimas, a maioria é de universidades pagas. As três universidades estaduais paulistas contam com cerca de 80.000 alunos matriculados, o que representa menos de 11% das matrículas.

Quadruplicar as vagas – A questão que se coloca é como aumentar de maneira significativa o acesso à escola pública sem que isso exija grandes investimentos ou comprometa a qualidade do ensino. A resposta, conforme os especialistas, está no esforço conjunto da sociedade e na revisão do modelo pedagógico atual. De acordo com o professor Vercesi, algumas mudanças pedagógicas poderiam ajudar a quadruplicar o número de estudantes de graduação em instituições como a Unicamp. Ele destacou que muitos cursos estão inchados de disciplinas desnecessárias, que repetem conteúdos. No entender do Fórum de Reflexão Universitária, é possível reduzir o volume de horas/aula e ainda assim garantir um aprendizado de qualidade.

Vercesi se vale de uma experiência pessoal para explicar como seria importante promover uma mudança estrutural no atual modelo de ensino das universidades. “Na faculdade de medicina, eu tive oito aulas sobre contração muscular, uma informação que quase não é utilizada na prática. Em compensação, nunca tive uma aula sobre como comunicar a um paciente que ele é portador de uma doença incurável”, conta. O modelo de sistema educacional, lembra o professor da FCM, prende muito o estudante em sala de aula. “Temos que dar mais tempo para que o aluno vá à biblioteca e aprenda a aprender”, explica. A conseqüência natural dessa alteração, acrescenta o professor, seria a sobra de tempo para que os docentes se dediquem a um número maior de alunos sem comprometer seu trabalho em pesquisa.

Ainda segundo o membro do Fórum de Reflexão Universitária da Unicamp, as turmas dos cursos de graduação são muito pequenas. Para dar um exemplo dessa realidade, Vercesi cita novamente uma experiência própria: “Às vezes, eu passo a tarde ensinando quatro ou cinco alunos. O custo de um estudante, nesse caso, é extremamente elevado”, sustenta. A alternativa, defende o docente, é trabalhar com turmas maiores, em anfiteatros que comportem 200 estudantes ou mais, como ocorre em universidades da Argentina e França. Outra medida sugerida pelo professor compreende o aproveitamento de alunos de pós-graduação como assistentes de ensino. Eles auxiliariam nas atividades laboratoriais e na solução de problemas e dúvidas dos estudantes. Outra opção seria a adoção de Ciclos Básicos de dois anos em grandes áreas (Exatas, Biológicas e Tecnológicas), com o fornecimento de diploma para os alunos que completassem um mínimo de créditos.

 



 
 

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