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Os sentidos (silenciados)
da palavra ‘preconceito’

RAQUEL DO CARMO SANTOS

A lingüista Carolina de Paula Machado: analisando os dicionários de referência (Foto: Antoninho Perri)A pesar de as discussões sociológicas sobre o preconceito nas suas mais variadas formas terem vindo à tona no século XIX, nos dicionários mais representativos da Língua Portuguesa a questão da exclusão social só viria a ser relacionada à palavra preconceito em 1975, na primeira edição do dicionário Aurélio Buarque de Holanda. Antes disso, a palavra só trazia o sentido de “conceito concebido antecipadamente”, e nem sequer mencionava a abordagem sociológica. A constatação foi feita pela lingüista Carolina de Paula Machado em sua dissertação de mestrado apresentada no Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp (IEL). O trabalho foi orientado pelo professor Eduardo Junqueira Guimarães.

O objetivo de Carolina foi elucidar os diversos sentidos da palavra preconceito, analisando as designações desta palavra nos principais dicionários do século XX e XXI, relacionando-os com as discussões no campo da sociologia. Carolina não abordou o mérito do debate conceitual da palavra. A pesquisadora pretendia buscar quais os sentidos que circularam – e circulam – nos dicionários considerados obras de referência da língua portuguesa normatizada.

“Fiz uma análise semântica, considerando os aspectos sociais, históricos e políticos do sentido do preconceito. Percebi que existia um sentido silenciado ao longo dos anos”, revela.

Carolina acredita que este tipo de investigação ajuda, em parte, no entendimento de alguns discursos presentes na sociedade sobre a inexistência do preconceito. “É sabido que há uma discriminação com relação aos negros, homossexuais e outras classes menos favorecidas, mas ninguém sabe como apareceu o discurso de que não há preconceito no país”, argumenta.

A falta de objetividade na explicação pode ser confirmada na publicação Pequena Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa, nas edições de 1938 a 1967, em que o significado permanece o mesmo ao longo dos anos. Em 1975, tardiamente para as discussões fortes na área, o Aurélio amplia o sentido para a questão social, mas coloca a informação como última acepção.

“Mesmo ampliada, o sentido da exclusão social não é a questão central da definição”, esclarece. O dicionário Michaelis, de 1998, traz a definição mais detalhada e já incorpora aspectos da sociologia. Mais tarde, em 2001, o Houaiss publicaria acepções da lingüística e psicanálise e, ainda, mencionaria a data do registro da palavra na literatura escrita, entre 1817 e 1819.

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