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Jornal da Unicamp - 3 a 9 de junho de 2002
Agora semanal

Ensino

FOP atinge 100% de doutores
Faculdade de Odontologia de Piracicaba investe na qualificação de professores e em novos laboratórios 

Antonio Roberto Fava

Por dois anos consecutivos, a Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Unicamp conseguiu conceito "A" no Exame Nacional de Cursos (o Provão). Apesar de ter sido sempre considerada uma das mais importantes escolas de odontologia do País, os primeiros resultados no Provão não foram animadores. Na avaliação de 1998, por exemplo, a faculdade obteve conceito "C". Isso serviu de lição para que professores e alunos da escola tentassem reverter o quadro. As notas obtidas não representavam a verdadeira expressão da FOP, na avaliação do professor Antonio Wilson Sallun, diretor da unidade.

'Até que foi bom que isso acontecesse, para que nós, docentes e alunos, nos esforçássemos com o propósito de melhorar ainda mais a qualidade de ensino da nossa escola", diz. E o empenho de professores e alunos parece ter surtido o efeito desejado quando, nos anos de 2000 e 2001, a FOP alcançava, por duas vezes consecutivas, a nota máxima. O reconhecimento pelo alto padrão de ensino daquela faculdade viria a ser ratificado, este ano, com a performance, no "Provão", do estudante Rodrigo Borges da Fonseca, formado pela FOP. Participando com outros 9.600 estudantes de odontologia de todo o Brasil, Rodrigo, de 23 anos, obteve a média de 87,5. E como prêmio do Ministério da Educação, Rodrigo recebeu bolsas para o mestrado e o doutorado que o credenciam a estudar em qualquer universidade do Brasil.

Isso prova que a FOP tem um processo pedagógico do mais alto nível do País e um corpo docente de qualidade. "É a expressão da excelência da Unicamp no ensino da graduação", destaca Sallun. Excelência traduzida no quadro de docentes da Faculdade. Hoje todos os 86 professores da unidade possuem título de doutor.

Não é coisa recente, uma vez que vem se acentuando nos últimos quatro anos quando a Unidade decidiu investir na formação e desenvolvimento de seus docentes. Resultado disso, por exemplo, é a participação da Faculdade em congressos e seminários que discutem os avanços tecnológicos mais recentes na área, não apenas no Brasil, mas também no Exterior. Um desses eventos é o denominado IADR (International Association of Dental Research), importante encontro para a vida científica do País, realizado este ano na cidade de San Diego, na Califórnia. Para se ter uma idéia, a FOP responde por 27% da produção científica originada das 159 escolas de odontologia de todo o Brasil.

No começo deste ano, a escola participou de um congresso, no Parque Anhembi, em São Paulo, conseguindo reunir cerca de 40 mil dentistas, inclusive de outros países. Vale ressaltar que nesse evento os três primeiros lugares alcançados no Fórum Científico ficaram com profissionais da própria FOP. O primeiro lugar com trabalho sobre Periodontia, segundo lugar sobre Endodontia, e um trabalho sobre Patologia, que ficou em terceiro lugar. "Pela primeira vez uma mesma instituição de ensino e pesquisa brasileira fica com as três primeiras colocações num mesmo congresso científico de caráter mundial, e isso é de extrema importância para a Unicamp, que projeta em nível mundial o trabalho científico que desenvolve em seus laboratórios", comemora o professor Sallun.

Dentro de alguns meses, os 908 alunos da Faculdade (324 de graduação, 175 de pós-graduação, 189 de doutorado e 220 de extensão) poderão usufruir os benefícios oferecidos por um dos mais avançados laboratórios na área: o Laboratório de Pré-Clínica, com 180 metros quadrados de construção. Muito em breve será iniciada a construção do Centro Clínico Multidisciplinar, prédio com 4 mil metros quadrados onde vão funcionar as atividades de pós-graduação e extensão, além de oferecer um importante benefício social no atendimento à população da cidade de Piracicaba e região. Além disso, vários laboratórios e salas de aulas foram reformados. "Tudo isso com o mesmo propósito: melhorar a qualidade do ensino da graduação".

Três clínicas atendem à população
A Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) cobre uma população de 1 milhão de habitantes espalhados por 15 cidades da microrregião de Piracicaba. Isso pode ser calculado pelo volume de procedimentos destinados à comunidade externa. No ano passado, de acordo com Sallun, foram realizados 177.572 procedimentos odontológicos, 60.863 consultas, 2.825 exames laboratoriais, 5.632 cirurgias, além de 5.790 atendimentos na área de serviço social.

No prédio central da Faculdade funcionam as três clínicas de atendimento ao público, que somam um conjunto de 170 equipos. Nessas clínicas – que mantêm convênio FOP/SUS — está incluído o atendimento de pessoas que precisam de cirurgia. A faculdade mantém ainda um convênio com a Prefeitura Municipal da cidade por meio do qual atende crianças de 4 a 10 anos de 37 creches espalhadas pela cidade. No próprio prédio da FOP há um serviço inédito, segundo Sallun: a clínica de tratamento de bebês e de pacientes especiais. O atendimento diário estende-se para cerca de 30 a 40 mães de bebês ou pacientes especiais que procuram por tratamentos preventivos e de orientação sobre a saúde bucal. A primeira impressão que se tem é a de que o bebê, como ainda não tem dentes, não precisa de cuidados. "Engano. Tem que ter cuidados e cuidados especiais, tanto no que se refere a alimentação, higiene e educação, como em relação aos métodos para se obter uma dentição saudável. A mãe também tem que passar por 'tratamento' de conhecimento da odontologia, sobre os princípios básicos de uma boa higiene bucal", diz. Esse serviço é desenvolvido pelo Centro de Pesquisa e Atendimento Odontológico de Pacientes Especiais (Cepae).

"Estamos passando por um problema de atendimento —que pretendemos sanar com a conclusão do Centro Clínico Multidisciplinar. Esse serviço vai ampliar o atendimento das clínicas de graduação, de pós e de extensão, duplicando o número de pacientes do SUS assistidos pela FOP". Está sendo criado o Centro dos Idosos, um serviço voltado para a área de odonto-geriatria, que é uma das grandes preocupações da direção da Faculdade.

Unidade foi incorporada à Unicamp em 1967

A Faculdade de Ontologia de Piracicaba (FOP) acaba de completar 45 anos. Pode ser considerada uma Faculdade ainda jovem se comparada aos padrões europeus ou americanos. Por um decreto do governo estadual, a FOP foi a primeira unidade a ser incorporada à Unicamp, em 1967. Na época, Piracicaba não tinha mais que 60 mil habitantes e ressentia-se da falta de outras escolas de ensino superior. A intenção era criar ou uma Faculdade de Farmácia e Odontologia ou uma Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras.

Mas a idéia de uma faculdade de filosofia acabou não vingando. Na noite de 6 de setembro de 1954, a Câmara Municipal aprovava a Lei nº 444, que autorizava a Prefeitura de Piracicaba a adquirir o prédio nº 627 da Rua D. Pedro II, onde funcionava o Externato São José. Acreditava-se criar ali uma unidade educacional que conjugasse disciplinas de farmácia e de odontologia. Três meses mais tarde, o governo do Estado aprovava a criação da Faculdade de Farmácia e Odontologia de Piracicaba, mas na qualidade de instituto isolado do sistema estadual de ensino superior. Para instalá-la e também dirigi-la foi nomeado o professor Carlos Henrique Roberstson Liberalli, da mesma turma do professor Zeferino Vaz, fundador da Unicamp. Considerado homem de visão e de excelentes conhecimentos pedagógicos, técnicos e científicos, o professor Liberalli era a pessoa certa para isso. Nomeado diretor, não demorou muito para tomar as providências necessárias para a instalação da Faculdade de Odontologia. Em pouco tempo, a idéia da criação da escola estava concretizada.