| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 365 - 16 a 29 de julho de 2007
Leia nesta edição
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Técnica detecta fraudes
Física de ponta
Reciclagem de plásticos
Colhedora de cana
Inovação
O que está no cardápio
Embalagem prolonga figo roxo
Para melhorar o hálito
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Embalagem prolonga vida útil do figo roxo

RAQUEL DO CARMO SANTOS

A engenheira Franciane Colares Souza, autora do estudo: simulações, em laboratório, de quatro variações de temperatura (Foto: Antoninho Perri) O acondicionamento das embalagens de figo roxo em filme plástico e a injeção de determinados gases prolongam a vida útil da fruta para sete dias, sem afetar a qualidade do produto. É o que demonstra a dissertação de mestrado da engenheira Franciane Colares Souza, apresentada na Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Unicamp. A pesquisa foi orientada pelo professor Antonio Carlos de Oliveira Ferraz. Trata-se de uma técnica relativamente simples, que consegue aumentar a validade do figo roxo, além de otimizar os processos decorrentes do transporte do produto nos procedimentos adotados na sua exportação.

Pesquisadora usou filme plástico e injeção de gases

Franciane explica que os produtores da região de Campinas e Valinhos são responsáveis por 90% da produção nacional de figos de mesa, ocupando um bom espaço no mercado europeu. A fruta, no entanto, possui uma vida curta – de um a três dias. Por isso, deve ser comercializada rapidamente. Para a exportação, inclusive, os figos são colhidos em estágio meio maduro, mais próximo do rami – cuja coloração é 50% arroxeada –, para que, ao chegar em seu destino, não esteja em condições inaceitáveis de consumo. Esse procedimento difere do adotado no mercado interno, quando a fruta é colhida já madura, pronta para o consumo. “Na ausência de tecnologia, os produtores encontraram um mecanismo para não perder espaço no mercado internacional”, explica o professor Ferraz.

No percurso para o mercado europeu, a fruta sofre diversas oscilações de temperatura – são vários ciclos, desde a colheita, passando pelo transporte em caminhões até o tempo para o embarque em aeroportos. Esses procedimentos, explica a pesquisadora, podem ocasionar danos ao fruto, levando-o a perder as suas características, afetando inclusive o sabor e a aparência. Neste sentido, Franciane simulou, em laboratório, quatro variações de temperatura, semelhantes às registradas no transporte do produto, para solucionar o problema.

Os testes resultaram em uma perda de massa do fruto menor que 2% ao final de sete dias de conservação da fruta envolvida em filme plástico, mas sem adição de gases. Em outra situação, em que o figo não foi envolvido em filme e nem foram feitas simulações de oscilações na temperatura, a perda de massa foi de 8%. Observou-se também o desenvolvimento de fungos, o que não ocorreu nos frutos acondicionados em filmes plásticos.

Em todos os testes, o figo foi colhido no estágio maduro, sem necessidade da colheita prematura da fruta. Franciane esclarece, no entanto, que a técnica deve ser utilizada adequadamente. “Não é qualquer filme plástico que pode ser utilizado. É preciso saber o grau de especificação para melhor recomendação”, explica. Já o processo de modificação da atmosfera ainda tem um custo considerado alto. Por isso, a técnica poderia ser aplicada nos transportes de longa distância.

Cestas – O professor Antonio Carlos de Oliveira Ferraz, da Feagri, dedica-se há dez anos ao estudo de técnicas que otimizam a cadeia de produção do figo roxo. Além do trabalho conduzido por Franciane, o professor assina a patente de cestas plásticas com compartimentos individuais para a colheita do figo. Segundo o docente, o novo produto foi desenvolvido em conjunto com o professor Sylvio Honório, também da Feagri, e com a Embrapa. A transferência da tecnologia deve ocorrer nos próximos meses.

“Foi uma resposta a uma necessidade dos produtores. As cestas de bambu, tradicionalmente usadas, possuem arestas que podem danificar o produto. Ademais, o utensílio possui uma profundidade que obriga o coletor a empilhar o figo, o que pode danificá-lo”, explica Ferraz. A cesta plástica, segundo o docente, é muito mais higiênica e consegue conservar o produto em bom estado.

A produção de figo roxo manteve-se estável nos últimos quatro anos. Foram produzidas entre 850 e 900 toneladas, e a exportação registra crescimento a cada ano. O maior volume de vendas no mercado europeu ocorre entre dezembro e janeiro, período de entressafra do figo turco, concorrente do Brasil. Segundo Ferraz, o figo brasileiro está bem-cotado, pois segue rígidas normas de produção.

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