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Terceira versão do anteprojeto vai ser entregue
ao presidente; reitor da Unicamp defende mudanças

Reforma universitária: texto definitivo deve sair até dia 28





CLAYTON LEVY


Tarso Genro, ministro da Educação: reuniões internas para definir o que deverá ser aperfeiçoado (Foto: Antoninho Perri])O Ministério da Educação pretende apresentar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 28 de julho, o texto definitivo da sua proposta de reforma universitária. Segundo o ministro Tarso Genro, o MEC prepara uma nova versão para o anteprojeto. Será a terceira desde dezembro do ano passado, quando foi apresentado o primeiro texto. A segunda versão foi divulgada em maio após críticas e sugestões das universidades públicas e privadas. Para o reitor da Unicamp, José Tadeu Jorge, o documento ainda precisa ser melhorado.

“Certamente a terceira versão fará algumas correções ao texto anterior”, disse o ministro durante seminário promovido no dia 30 de junho pela Agência Dinheiro Vivo, em São Paulo. Ele não quis adiantar, porém, as possíveis mudanças a serem feitas. “Teremos uma série de reuniões internas para verificar o que deverá ser aperfeiçoado”, explicou. O novo texto ainda será submetido a uma nova rodada de debates públicos antes de ser enviado ao presidente Lula.

Versões não agradam ao meio acadêmico

Até agora, nenhuma das duas versões apresentadas agradou inteiramente ao meio acadêmico, seja público ou privado. “Concordamos com alguns pontos e continuamos discordando de outros”, disse o reitor da Unicamp, que também participou do seminário como um dos expositores. Um dos pontos a ser corrigido, segundo ele, diz respeito à autonomia universitária.

“O MEC continua com a idéia de definir o que seja autonomia; insistimos que esse é um dispositivo constitucional que não precisa de regulamentação”, argumenta Tadeu Jorge. O reitor também considera que a proposta do governo dá pouca ênfase à questão da pesquisa. “Ainda achamos que o número de mestres e doutores formados anualmente é muito baixo”.

Tadeu Jorge criticou também outros dois pontos da proposta, um relacionado àJosé Tadeu Jorge, reitor da Unicamp: "A autonomia é um dispositivo constitucional que não precisa de regulamentação" (Foto: Antoninho Perri]) assistência estudantil e outro às ações afirmativas para inclusão social previstas no anteprojeto. O reitor classifica como “muito tímida” a idéia de reservar 5% do orçamento de custeio das universidades federais para a assistência estudantil. “Esse percentual deveria ser maior, já que é um elemento importante para diminuir a evasão”, observa. “A Unicamp, por exemplo, gasta 13% e achamos que ainda não é o ideal”.

No que diz respeito às ações afirmativas, Tadeu Jorge disse que a proposta do MEC evoluiu mas ainda precisa melhorar. “O governo continua partindo do princípio da reserva de vagas, que na visão da Unicamp está equivocado”, pondera. “Insistir no sistema de cotas não é uma boa alternativa”, destaca. Para o reitor, a proposta da Unicamp oferece uma contribuição mais qualificada.

Aprovado pelo Conselho Universitário no ano passado, o Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social (PAAIS) entrou em vigor no vestibular desse ano. Segundo Tadeu Jorge, trata-se de uma alternativa ao sistema de cotas em que a qualificação acadêmica continua sendo determinante na seleção dos candidatos, não havendo, portanto, reserva de vagas.

O programa prevê 30 pontos a mais na nota final a alunos que cursaram o ensino médio integralmente em escolas da rede pública e 40 pontos para aqueles que além de ter estudado em escolas da rede pública se declararam negros ou indígenas. O sistema adotado levou em conta um estudo feito sobre quatro gerações de estudantes da Unicamp que ingressaram em meados dos anos 90. O estudo revelou que, entre estudantes com notas semelhantes no exame vestibular, aqueles que cursaram o ensino médio na escola pública apresentaram desempenho acadêmico superior ao longo do curso.

Já no vestibular deste ano a Comissão Permanente para os Vestibulares (Comvest) convocou um número recorde de estudantes oriundos de escolas da rede pública na primeira chamada para matrícula: 962 candidatos. O número representa 32,8% dos 2.934 convocados em primeira chamada e é o maior da história do vestibular da Unicamp. No ano passado, 24,2% dos convocados em primeira chamada haviam cursado o ensino médio em escolas públicas. O número de candidatos que se declararam negros ou indígenas convocados em primeira chamada também é recorde: 443, ou seja, 15,1% do total de convocados, contra 10,5% no ano passado.

A reboque da crise política

Apesar do MEC ter pressa em aprovar a proposta, Genro disse que caberá ao presidente da República decidir se a redação final seguirá direto para o Congresso ou se será submetida a novos debates. De acordo com o ministro, o ideal é que o projeto chegue ao Legislativo com um “razoável grau de consenso”, a fim de ser votado rapidamente. A intenção do governo é aprovar a reforma ainda no segundo semestre.

O ministro admite, porém, que a crise política deflagrada pelo escândalo do “mensalão” pode atrasar o processo. “Se o Congresso permanecer bloqueado nas votações, não só a reforma do ensino superior será prejudicada mas também outras propostas do MEC que também estão tramitando”, ponderou. “Mas acredito que isso não deverá ocorrer, já que o Congresso sempre respondeu bem em momentos difíceis”, completou.

Cuidadoso nas palavras, Genro procurou minimizar o terremoto de denúncias de corrupção envolvendo partidos aliados do governo Lula. “Acho que não há nenhuma crise institucional, nem uma crise de governo”, disse. “O que há é uma crise política do governo com a sua base e conseqüentemente do governo com o Congresso”, acrescentou.

O ministro tem esperanças de que a crise política seja contornada à medida que as denúncias sejam apuradas e os responsáveis, punidos. “Todas as instituições têm pessoas mais qualificadas e outras menos qualificadas”, disse. “Isso serve para o governo, para o Executivo e para o Legislativo”.




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