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Estudo investiga alimentação de idosas
Pesquisa feita por nutricionista revela que hábitos alimentares são inadequados

A aposentada Dirce Moraes Tavares tem 75 anos e não esconde seu entusiasmo quando indagada sobre seu prato predileto. A resposta é imediata: sanduíche. Não despreza também um bom prato de massa e abusa das tortas, bolos e pães. Dirce é uma das muitas mulheres idosas que possuem hábitos alimentares inadequados para sua idade. Para entender melhor a questão que envolve o consumo alimentar de mulheres da terceira idade, a nutricionista Gláucia M. Navarro de Abreu Ruga realizou uma pesquisa entre as idosas que freqüentam a Faculdade da Terceira Idade da Fundação de Ensino Octávio Bastos (FEOB), em São João da Boa Vista. Para sua surpresa, constatou que 66,5% das entrevistadas não se alimentam adequadamente. A surpresa foi ainda maior quando identificou que só 6% consumem carne diariamente, índice considerado extremamente baixo para um universo de pessoas de classe média e com bom nível de escolaridade.
O estudo realizado por Gláucia foi objeto de sua dissertação de mestrado “Percepção gustativa, consumo e preferências alimentares de mulheres da 3a idade”, apresentada, em junho, na Faculdade de Engenharia de Alimentos, e orientada pela professora Maria Aparecida Azevedo P. da Silva. Segundo a pesquisadora, são poucos no Brasil os estudos nutricionais com idosos. Por isso, o trabalho pode servir de referência nacional na área de nutrição adequada na terceira idade.

Amostragem – Em sua pesquisa, Gláucia selecionou 94 mulheres na faixa etária entre 55 e 83 anos. Adotou o método de entrevista individual e aplicou um questionário em que indagava sobre os hábitos alimentares das idosas. “Foram quatro meses de visitas até conseguir entrevistar todas as selecionadas”. A nutricionista conta que seu interesse teve início com o trabalho desenvolvido na FEOB desde 1994. Ela começou dando aulas de nutrição e hoje é uma das diretoras da Faculdade da Terceira Idade. A instituição tem cerca de 200 matriculadas que passam, pelo menos, três tardes por semana tendo aulas de administração, nutrição, psicologia e outras disciplinas.

Energéticos – Uma das observações de Gláucia foi quanto ao baixo consumo de energéticos. “Elas consomem uma média de 900 calorias, sendo que o recomendado para esta faixa etária é de 1.500”. Entre os nutrientes importantes para o equilíbrio nutricional das mulheres e que foram encontrados abaixo do recomendado estão o magnésio, o zinco, a vitamina B6 e principalmente o cálcio. A nutricionista lembra que o cálcio para mulheres na terceira idade é fundamental para o fortalecimento dos ossos e, assim, prevenir o aparecimento de osteoporose.
O consumo de feijão, outro alimento importante para a terceira idade, também deixa a desejar. Pelo estudo, somente 22% das entrevistadas consomem duas vezes por dia o alimento. Já o leite, apenas 33% ingerem diariamente duas ou três vezes. Quando o assunto é legumes e verduras, a porcentagem cai ainda mais: somente 4%.

Fator social – Uma das explicações para o baixo índice de consumo de alimentos essenciais para a terceira idade, Gláucia acredita ser o fator social. “Muitos não têm motivação para preparar a alimentação”. Em sua pesquisa, ela identificou que 36% das mulheres moram sozinhas e 73%, acompanhadas, mas somente 26% convivem com pessoas de outra faixa etária, ou seja, familiares que podem estar preparando a alimentação. Outro fator que pode explicar a desmotivação das idosas em relação ao aspecto nutricional, é o psicológico. “Muitas sofrem com isolamento, depressão e perdas”.

Percepção sensorial – As perdas sensoriais de alimentos também foram observadas por Gláucia. Ela explica que a partir dos 60 anos existe uma tendência de se perder a percepção sensorial de determinados alimentos em razão de doenças, medicamentos e intervenções cirúrgicas. Segundo a nutricionista, este tipo de trabalho pode auxiliar no desenvolvimento de produtos alimentícios especificamente destinados à população de idosos.
Para esta análise, ela selecionou mulheres nas faixas etárias entre 18 e 35 anos e de 55 a 85 anos, matriculadas nos cursos da FEOB. Os alimentos doces não apresentaram diferenças entre as mulheres jovens e às da terceira idade quando ingeridos acima do nível ideal. Já com o salgado houve uma sensível diferença na percepção. Nos testes em que se colocaram produtos com dosagens de açúcar e sal abaixo do normal, não houve diferenças.

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