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Tese revela impactos
da erosão em nutrientes do solo

Microorganismos que desempenham papel relevante nas propriedades do solo são fortemente afetados pela erosão, fenômeno que constitui um dos principais problemas da agricultura brasileira. A conclusão faz parte da dissertação de mestrado defendida pelo biólogo Gustavo Rodrigo Thomazine junto ao Instituto de Biologia (IB) da Unicamp. De acordo com a pesquisa, que também considerou o impacto de diferentes técnicas de manejo sobre a comunidade microbiana, os fungos e as cianobactérias, elementos que participam da ciclagem de nutrientes e exercem funções fotossintetizantes, respectivamente, mostraram-se mais sensíveis ao processo erosivo.

De acordo com o autor da dissertação, os efeitos causados pela erosão têm merecido várias abordagens científicas, sobretudo em relação às partes física e química. Já o aspecto biológico ainda é pouco estudado tanto no Brasil quanto no mundo. Para desenvolver sua pesquisa, Thomazine contou com a colaboração do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), que cedeu técnicos e laboratório. O trabalho foi realizado na Estação Experimental de Mococa, pertencente ao IAC. Lá, houve a simulação de uma erosão, ou seja, uma parte do solo foi “decapitada”.
Ao mesmo tempo, uma outra área foi preservada, definida tecnicamente como “solo testemunha”. Em seguida, Thomazine promoveu, junto às duas áreas, a medição da atividade microbiana e a contagem de alguns grupos de microorganismos (bactérias heterotróficas, fungos, cianobactérias e elementos celulolíticos) que contribuem para a agregação de partículas, aeração, umidade, temperatura e definição do pH do solo.

A análise, conforme o biólogo, foi feita em amostras retiradas durante dois anos consecutivos de três camadas: 0 a 10 centímetros, 10 a 20 centímetros e 20 a 30 centímetros de profundidade.
Também foram consideradas na pesquisa quatro formas diferentes de manejo: adubação química, adubação verde associada à adubação química, adubação orgânica junto com a adubação química e calagem acompanhada de adubação química. A quantidade de fungos e bactérias foi estimada pela contagem em placas. Já a estimativa dos microorganismos celulolíticos e das cianobactérias foi feita pelo número mais provável de indivíduos. A atividade microbiana foi medida pela respiração basal, que compreende a quantidade de CO2 liberada pelos microorganismos.

“A análise estatística mostrou que os fungos e cianobactérias foram os atributos biológicos mais sensíveis à erosão, enquanto as bactérias, fungos e microorganismos celulolíticos foram mais sensíveis ao manejo”, afirma Thomazine. Só para se ter uma idéia da redução dessa comunidade microbiana, a medição realizada no primeiro ano do experimento indicou que o número de cianobactérias caiu de 1.500 para 50. A despeito de ter concluído a dissertação de mestrado, o biólogo pretende dar seqüência ao trabalho. Ele quer saber, agora, como a alteração da comunidade biológica interfere na produtividade. Isso será possível porque foi cultivado milho nos solos tomados para a pesquisa.

Perdas – A erosão pode ser explicada pela perda da camada superior do solo, justamente a que concentra a maior quantidade de nutrientes. O fenômeno, causado pela chuva, pelo vento e pelo manejo inadequado, traz problemas de ordem econômica e ecológica. Uma área erodida normalmente é menos produtiva, o que exige a aplicação de grandes quantidades de fertilizantes. Estes, por sua vez, são potencialmente poluidores.

A agricultura dos países em desenvolvimento tem enfrentando sérias dificuldades por causa da erosão. No Brasil, o fenômeno tem sido registrado em praticamente todos os estados. Anualmente, o País perde aproximadamente 500 milhões de toneladas de solo em virtude da erosão. Isso corresponde à retirada de uma camada de 15 centímetros de solo das regiões Sudeste e Centro-Oeste e mais o Estado do Paraná”, compara Thomazine. Mas como impedir que essa tragédia anunciada se concretize, já que o processo tem se mostrado progressivo? Para o biólogo, a saída está no desenvolvimento sustentado, o que inclui a recuperação e a manutenção do solo. (M.A.F.)

 

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