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Multidisciplinaridade –
pesquisa e pós-graduação

Os assuntos que a sociedade contemporânea tem apresentado para a agenda dos cientistas desafiam cada vez mais a capacidade da ciência em produzir conhecimentos diversos e ao mesmo tempo relacioná-los. Isto toma contornos até espetaculares quando se trata de inovação tecnológica.
Por outro lado, a prática científica atualmente tem apresentado, cada vez mais, a necessidade de desenvolvimento de projetos por equipes articuladas em redes e cujos pesquisadores dedicam-se a diferentes disciplinas. Estas novas articulações reúnem pesquisadores qualificados em torno de temas historicamente relevantes para o desenvolvimento da ciência e da tecnologia. E sabemos o quanto isso é decisivo para o futuro do Brasil e das condições sociais do povo brasileiro.
Para a prática científica hoje é decisivo, então, que as instituições ampliem a operacionalidade das relações multidisciplinares.

O desenvolvimento adequado da prática científica interdisciplinar exige pessoas qualificadas na prática científica, bem formadas e que não confundam as relações interdisciplinares com misturas teóricas e metodológicas. É preciso garantir sempre as condições de excelência nas diversas áreas disciplinares envolvidas. A Universidade precisa de um lado manter a especificidade dos domínios de conhecimento em que atua e de outro desenvolver estruturas institucionais que propiciem condições para que os pesquisadores de áreas limítrofes possam ter relações efetivas, criativas e duradouras, que sejam capazes de criar novos projetos.
A Universidade brasileira se caracteriza por ser uma instituição de ensino e pesquisa. E esta relação tem na pós-graduação um lugar particular de articulação. Deste modo, o estabelecimento de condições institucionais para o desenvolvimento qualificado de programas multidisciplinares de pós-graduação é uma importante condição para o aprofundamento conseqüente deste caminho já iniciado pela Unicamp, para que ela, mais uma vez, seja modelar para outras instituições brasileiras e estrangeiras.
Por esta via é possível estabelecer procedimentos que permitam o aprofundamento da articulação de experiências de pesquisas interdisciplinares que já se fazem na Unicamp com seu sistema de pós-graduação.

Deste modo a Universidade disporá, ao mesmo tempo, de estruturas que mantenham a especificidade dos domínios de saber, e de procedimentos que os coloquem em contato. Este caminho será capaz de propiciar uma solução nova, no mundo da ciência e da tecnologia, para a convivência entre as diversas áreas das Ciências. E neste espaço, e isto é para mim decisivo, o desdobramento do conhecimento científico em tecnologia não se dará como um lugar de oposição entre o domínio do humano e da natureza.

A Unicamp já vem desenvolvendo, neste espaço de relações, pesquisas inovadoras sobre genoma; linguagem, mídia e cidade; neurociências, estudos sobre petróleo, energia, população e ambiente, lógica e história da ciência, arte e ciência, dentre tantas outras. Estas experiências vêm se desenvolvendo na Universidade através de diversos grupos que, com freqüência, envolvem o sistema dos Centros e Núcleos Interdisciplinares da Unicamp.

A prática Multidisciplinar que se faça de acordo com a flexibilidade de relações próprias a ela, permite que se desenvolvam relações não só entre diversas unidades da Unicamp, mas ainda, e não menos importante, entre a Unicamp e outras instituições nacionais e estrangeiras. Isto abrirá, por outro lado, novas formas de relação do trabalho desenvolvido na Unicamp com os agentes de fomento brasileiros e internacionais (como sabemos, a Capes já estabeleceu um comitê multidisciplinar). Além disso, tal organização permite, inclusive, que a atual e futura produção de pesquisa dos Centros e Núcleos contribua para a configuração de novos formatos institucionais e de prática de pesquisa.

Uma organização com estas características permite projetar para a política científica brasileira mudanças significativas que aprofundem compromissos teóricos que saibam que a produção de conhecimento não pode desconhecer, como nos diz Hobsbawn, suas conseqüências.

É com esta perspectiva que, por exemplo, a Cocen tem procurado estimular a articulação, no conjunto dos Centros e Núcleos da Unicamp, projetos de pesquisa que envolvam necessariamente diversos campos disciplinares do conhecimento científico e tecnológico, de modo a favorecer o objetivo fundamental destes órgãos da Unicamp: desenvolver projetos de pesquisa interdisciplinares.

O desenvolvimento adequado, na instituição, da multidisciplinaridade, articulando as pesquisas existentes ao sistema de pós-graduação, possibilita criar e facilitar procedimentos de aproximação entre as atividades: dos pesquisadores das diversas unidades de ensino e de pesquisa; dos pesquisadores dos núcleos e centros interdisciplinares; dos pesquisadores das unidades e dos centros e núcleos; dos pesquisadores da Unicamp com os de outras instituições brasileiras e estrangeiras.
O aprofundamento destas relações multidisciplinares entre pesquisa e pós-graduação na Unicamp abre novos espaços de experiência para pós-doutorandos e para, pela iniciação científica, a formação de um novo cientista, com perguntas e desafios contemporâneos.

O desenvolvimento de condições para a criação adequada de programas de pós-graduação multidisciplinares permite estabelecer uma forma acadêmica capaz de produzir articulações novas entre os domínios de saber aos quais as diversas unidades de ensino e pesquisa e os centros e núcleos interdisciplinares se dedicam, proporcionando, inclusive, novas formulações a propósito da realidade brasileira e internacional. Isto estimula a produção de conhecimentos e tecnologias capazes de projetar novas soluções para o enfrentamento de problemas e condições próprias da vida brasileira.

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Eduardo Guimarães é professor do
Instituto de Estudos da Linguagem (IEL)
e coordenador da Cocen (Coordenadoria de
Centros e Núcleos Interdisciplinares de Pesquisa)

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