| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 349 - 26 de fevereiro a 4 de março de 2007
Leia nesta edição
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Os tesouros escondidos
(ou
não) na Lagoa do Taquaral

A bióloga Erika Ikemoto: levantamento minucioso da biodiversidade (Foto: Antonio Scarpinetti)Das 157 espécies de plantas identificadas pela bióloga Erika Ikemoto no Parque Portugal (Lagoa do Taquaral), em Campinas, a pesquisadora constatou que 94 são espécies nativas e 62 não ocorrem naturalmente no Brasil sendo, portanto, consideradas exóticas. Em um dos maiores levantamentos já feitos na Lagoa – o catálogo oficial do Parque, por exemplo, lista 32 espécies –, a bióloga encontrou desde plantas medicinais até árvores frutíferas bastante conhecidas da população, mas que muitas vezes passam despercebidas por quem passeia nos arredores do espaço de lazer.

“Por não ser um bosque remanescente, o lugar surpreende por possuir riquezas da flora nativa. Além disso, muitas espécies exóticas foram plantadas ao longo da história do local”, comenta a bióloga.

O trabalho de mestrado realizado por Erika resultou em um catálogo com fotos e textos sobre parte das espécies identificadas, para o qual a analista espera patrocínio para publicação. Em sua opinião, além de facilitar o acesso do conhecimento à população que freqüenta o local, Erika espera que a identificação do potencial das áreas verdes urbanas possa auxiliar o ensino não-formal de Botânica.

O material consta da dissertação de mestrado “Espécies arbóreas, arbustivas e herbáceas do Parque Taquaral (Campinas, SP) – subsídios para atividades de ensino não-formal de Botânica”, que foi apresentada no Instituto de Biologia (IB), sob orientação da professora Luiza Sumiko Kinoshita. A identificação das espécies contou com a colaboração do professor Jorge Tamashiro, também do IB.

Espécies – Entre as espécies exóticas encontradas que mais chamam a atenção no Parque Portugal – um dos pontos turísticos mais freqüentados da cidade –, estão a pata-de-vaca, cujo nome científico é Bauhinia variegata (planta medicinal que faz bem para o diabetes), a Cassia fistula, árvore popularmente conhecida como chuva-de-ouro, e as flores do jasmim-laranja ou Murraya paniculata. Há também árvores nativas mais nobres como o cedro (Cedrela fissilis), o ipê-amarelo, chamado pelos especialistas de Tabebuia chrysotricha, a copaíba (Copaifera langsdorfii) e o jatobá (Hymenaea courbaril). Outras espécies, como espada-de-são-jorge, café, hibisco e pinheiro-de-natal, já são mais comuns e podem ser observadas pelo olhar mais atento.

No total, Erika colheu 169 amostras de cinco subáreas. O critério para a coleta de amostras foi retirá-las de áreas mais acessíveis e com grande circulação de pessoas. O trabalho também avaliou, por meio de fotos áreas e de satélite, quatro épocas diferentes do Parque para constatar quais espécies foram plantadas ao longo da história. As fotos datadas de 1962 mostram o local estudado e o seu entorno praticamente desprovido de vegetação. Em 1984, a apresentação do Parque já era completamente outra.

“Em 1984, a área coberta de vegetação é bem semelhante à atual. Por isso, deduz-se que as principais espécies foram trazidas e plantadas neste espaço de tempo”, analisa. As fotos do ano de 2001 mostram uma vegetação mais densa e percebe-se a evolução das áreas verdes.

Ensino de Botânica – Utilizando dados do levantamento florístico, Erika aplicou uma metodologia de ensino de Botânica para crianças de 6ª série do ensino fundamental de uma escola municipal. Para isso, utilizou a estrutura do Museu Dinâmico, instalado próximo à Lagoa. “Até 2004, o Museu desenvolvia atividades com escolas e gentilmente cedeu o espaço”, explica Erika. Ela acompanhou o trabalho da professora em sala de aula e, depois, levou as crianças até o local para dinamizar o ensino. “A idéia foi tornar o ensino mais prazeroso. A identificação do material e a reunião de informações sobre ele serviram de base para que as crianças pudessem ter contato com as espécies e, com isso, estabelecer uma relação mais próxima”, explica.

Segundo a bióloga, os resultados foram surpreendentes. “Percebi que prestavam muita atenção e que faziam muitas perguntas. Em sala de aula, a professora também procurava tornar a aprendizagem mais prazerosa levando ramos de árvores para exibir”, argumentou.

O levantamento resultou em um catálogo de espécies e, além disso, em uma chave de identificação. O objetivo é que, com o auxílio dela, o leigo que estiver em frente a uma árvore ou com um ramo na mão seja estimulado a observar suas características e consiga identificar facilmente a espécie. (R.C.S.)

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