| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 383 - 10 a 16 de dezembro de 2007
Leia nesta edição
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Homenagem: Raul do Valle
Cartas
Empreendedorismo
Desenvolvimento na infância
Doença endêmica
Lançamento: Roberto Goto
Lançamento: Eliézer Rizzo
Lançamento: Armando Boito
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Teses
Livro da semana
Destaques do Portal
Sementes de canola
Álvaro de Bautista
 


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Livro de pediatra aborda com profundidade temas
relativos ao desenvolvimento na infância

Martins aponta descaminhos
da criança ‘terceirizada’

MANUEL ALVES FILHO

José Martins Filho, médico pediatra e ex-reitor da Unicamp: cuidados dos pais devem ser redobrados no primeiro ano de vida da criança (Fotos:Antônio Scarpinetti/Reprodução)Ao longo da história e em diversas culturas, as crianças foram colocadas em posições extremamente desfavoráveis na escala social. Na Grécia Antiga, os pais tinham o direito de assassinar os filhos que nasciam com deficiência física. Aos sete anos, os meninos eram treinados e enviados para defender o exército espartano nos campos de batalha. Na França, os ideais da Revolução serviam apenas aos adultos. Os pequenos desvalidos eram colocados em carroças e transportados em condições desumanas para o interior do país. Os que sobreviviam à viagem eram abandonados. Atualmente, as crianças seguem sendo vítimas de uma série de violências e descuidos. Por conta da necessidade de subsistência das famílias, por exemplo, pais e mães dispõem cada vez menos de tempo para conviver com seus filhos. A alternativa mais comum, nesse caso, tem sido entregá-los à guarda de parentes, vizinhos ou conhecidos, que nem sempre estão preparados para cumprir tal tarefa. Em outros termos, há uma tendência em curso de “terceirizar” as crianças.

Médico prega ampliação de licença-maternidade

Esses e outros temas relativos ao desenvolvimento na infância são tratados em profundidade no livro A Criança Terceirizada – Os descaminhos das relações familiares no mundo contemporâneo, a ser lançado no dia 14 de dezembro pelo médico pediatra e ex-reitor da Unicamp, José Martins Filho. A obra, dirigida ao público em geral, mas especialmente aos pais, faz uma reflexão sobre a realidade atual das crianças. Faz, ainda, uma provocação aos casais que têm ou pretendem ter filhos. “A pergunta que eu deixo para os leitores é: será que eles se prepararam ou estão se preparando adequadamente para essa missão? Em outras palavras, será que antes da gravidez o homem e a mulher costumam se perguntar se querem mesmo ser pai e mãe e o quanto essa decisão vai interferir em suas vidas?”, indaga o autor. De acordo com o pediatra, os casais precisam ter claro que um filho é uma dádiva, mas que também dá muito trabalho. A maternidade e a paternidade requerem, entre outros quesitos, dedicação, noites em claro e o estabelecimento de uma estrutura mínima emocional, afetiva e material.

Martins Filho explica que o primeiro ano de vida da criança é extremamente importante no que se refere ao seu desenvolvimento físico e psíquico. “Tudo o que acontece nesse período tende a ter reflexo no restante da vida de uma pessoa”, afirma. Dessa forma, prossegue o ex-reitor da Unicamp, os cuidados por parte dos pais devem ser redobrados nessa etapa. A amamentação e o contato físico com a mãe, por exemplo, são fundamentais. Justamente por isso o pediatra se diz favorável à ampliação da licença-maternidade de quatro para seis meses, cujo projeto de lei está em discussão no Congresso Nacional. “Em alguns países nórdicos, esse tipo de licença é de dois anos. Nesse caso, os custos são arcados pelo governo e não pelas empresas. O interessante é que se a mulher precisar ou quiser voltar ao trabalho ao final do primeiro ano, o pai pode gozar o restante da licença no lugar dela, de modo a continuar prestando assistência integral ao filho”.

Embora reconheça que o modelo ainda está distante da realidade brasileira, Martins Filho considera que esse tipo de iniciativa deve ao menos ser discutida. Assim como deve ser debatida, em sua opinião, a conveniência de a mãe trabalhar apenas meio período nos primeiros anos de vida dos filhos. “É óbvio que isso traria impacto na renda familiar, mas os pais devem considerar essa hipótese. O que não pode continuar acontecendo é a entrega dos filhos para parentes, vizinhos ou babás que não estão preparados para cuidar adequadamente das crianças”, afirma. Além de tratar desses assuntos, o autor também faz um resgate da situação das crianças ao longo da história, como os episódios registrados no início deste texto. A mensagem final do livro talvez pudesse ser resumida na seguinte frase: mais do que falar sobre os direitos das crianças, o momento é de assegurá-los na prática, sob pena de nos arrependermos no futuro.

O livro A Criança Terceirizada – Os descaminhos das relações familiares no mundo contemporâneo será lançado no dia 14 de dezembro, em noite de autógrafos na Livraria Saraiva, no Shopping Iguatemi, em Campinas, a partir das 19h30. Também está previsto um bate-papo com o autor. O preço de capa sugerido é R$ 26,50. Outras informações podem ser obtidas no site da Editora Papirus, no endereço www.papirus.com.br.

SERVIÇO:

Título: A Criança Terceirizada – Os descaminhos das relações familiares no mundo contemporâneo
Autor: José Martins Filho
Editora: Papirus
Páginas: 112
Preço: R$ 26,50

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