| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 347 - 11 a 17 de dezembro de 2006
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Formação e trabalho dos professores,
músicos e bailarinos, aqui e na França
MANUEL ALVES FILHO

A socióloga francesa Lucie Tanguy e as professoras Aparecida Néri de Souza e Liliana Segnini: apontando singularidades nos dois países para um estudo comparativo (Foto: Antoninho Perri)Acordo de cooperação científica firmado entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e o Centre National de Recherche Scientifique (CNRS) permitirá o desenvolvimento de estudos acerca da relevância do trabalho nas relações sociais, tanto no Brasil quanto na França. Entre os pontos que serão investigados pelos pesquisadores estão as mudanças ocorridas recentemente nas relações de trabalho e na organização dos assalariados, bem como as implicações dessas transformações na vida de brasileiros e franceses. A cooperação vincula-se ao projeto temático intitulado “Trabalho e Formação no Campo da Cultura: professores, músicos e bailarinos” coordenado pela professora Liliana Segnini, do Departamento de Ciências Sociais na Educação (Decise), da Faculdade de Educação (FE) e da pós-graduação em Sociologia do Trabalho do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH).

Cooperação já resultou
em artigos e formação de doutores

Entre as atividades em desenvolvimento no acordo entre a Fapesp e o CNRS, a Unicamp organizou nos dias 5, 6 e 7 de dezembro, no salão nobre da FE, o seminário “Qual o sentido da modernização social do trabalho?”? A Lucie Tanguy, socióloga francesa, ministrou três palestras, debatidas por pesquisadores da Unicamp. Tanguy é diretora de pesquisa do CNRS, vinculada ao Laboratoire Genre, Travail, Mobilites da Universidade de Nanterre. Na oportunidade, ela destacou a importância da cooperação científica entre os dois países, salientando que Brasil e França apresentam diferenças históricas e similitudes sociais. “O mais importante, no caso de uma pesquisa como a que estamos desenvolvendo, é olhar para as singularidades dos países e promover um estudo comparativo que possa enriquecer o conhecimento sobre a realidade daqui e de lá”, afirmou.

Segundo a professora Liliana Segnini, a cooperação científica existente neste acordo entre brasileiros e franceses na área da sociologia do trabalho já se desenvolve há dez anos. No período de 2000 a 2003, esta relação, anteriormente informal em torno de referências teóricas e temas de pesquisa, foi institucionalizada. A conseqüência desse novo estágio deu origem a outro acordo, este celebrado entre a Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Comitê Francês de Avaliação da Cooperação Universitária com o Brasil (Cofecub). Naquele momento, os temas centrais dos estudos relacionavam-se com as mudanças nas relações profissionais e de trabalho e com a problemática da formação. “Ou seja, o acordo atual é conseqüência do trabalho que realizamos no passado o que proporcionou ótimos resultados, como a publicação de diversos artigos e a formação de doutores e pós-doutores”, explicou a docente da FE.

Em relação à cooperação em vigência, a professora Liliana salientou que a sua duração será de quatro anos. O primeiro deles, que está sendo cumprido, já possibilitou publicações acadêmicas e seminários, tanto no Brasil e na França. Um dos eventos possibilitou a vinda da pesquisadora Helena Hirata, em agosto passado. As pesquisadoras na Unicamp estão empenhadas em compreender, juntamente com seus mestrandos e doutorandos, dois campos de trabalho no Brasil. Eles indagam o significado sociológico do processo de formação de professores, no campo do ensino; e de músicos e bailarinos, no campo da arte, no Brasil e na França. “Estamos investigando, entre outros aspectos, o papel do Estado, da escola e da família nesse processo de formação”, destaca Liliana Segnini. Além disso, em vários subprojetos, analisam a inserção desses profissionais no mercado de trabalho e as múltiplas possibilidades de desenvolvimento de carreiras, nos dois países. “Um dado importante em relação a essa pesquisa é que a equipe brasileira também realiza estudo de campo na França, discutindo suas análises com os colegas franceses”, destacou a professora Aparecida Neri de Souza, também da FE da Unicamp.

Entre os diversos fatores associados à formação e ao trabalho nos dois campos pesquisados, emergem questões importantes, que têm merecido um olhar atento por parte dos pesquisadores nestes tempos de globalização. O desemprego e a precarização do trabalho são dois exemplos nesse sentido. “Acreditamos que os estudos comparativos das realidades brasileira e francesa nos fornecerão dados que nos auxiliarão a compreender melhor a importância do trabalho nas relações sociais atuais. O fundamental, nessa pesquisa, é que as duas sociedades sejam consideradas a partir das suas trajetórias históricas. São essas trajetórias que permitem aos países vivenciarem o mesmo fenômeno social com especificidades próprias, mesmo que apontem para sentidos semelhantes”, destacou a professora Neri. É neste sentido que se inscreve a discussão realizada por Lucie Tanguy, ao analisar os primórdios históricos da sociologia do trabalho na França, a institucionalização da formação profissional, inclusive nos Institutos do Trabalho, voltados para a formação política de sindicalistas pelas universidades.

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