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Bióloga caracteriza espécies de lactobacilos vaginais


RAQUEL DO CARMO SANTOS

A bióloga Eliane Melo Brolazo, autora da dissertação: ausência de lactobacilos gera problema ginecológico (Foto: Antoninho Perri)A bióloga Eliane Melo Brolazo investigou a prevalência e caracterizou as espécies de lactobacilos vaginais em mulheres campineiras, em idade reprodutiva. Foi a primeira vez que se mostraram resultados sobre o assunto no Brasil, pois os trabalhos na literatura científica apontam apenas a abordagem com a população feminina de outros países. Além disso, foram utilizadas técnicas de identificação por biologia molecular, que são mais seguras para identificação dos lactobacilos e, portanto, bastante complexas. Os estudos iniciais foram propostos pelo ginecologista José Antonio Simões – falecido em dezembro de 2008 –, que participou do desenvolvimento da tese por quatro anos. Na sequência, a tese, defendida na Faculdade de Ciências Médicas (FCM), foi orientada pelo professor Luiz Guilherme Bahamondes.

A perspectiva é que, a partir das informações colhidas, chegue-se à manipulação de um produto probiótico de uso local que atue contra uma das doenças mais comuns em mulheres em idade reprodutiva: a vaginose bacteriana. Ela é caracterizada pela ausência dos lactobacilos e proliferação de bactérias anaeróbias. A preocupação da área médica reside, justamente, no número significativo de reincidências do problema em curto espaço de tempo. “Passados os sete dias de tratamento com antibióticos, em um período médio de três a quatro semanas, a vaginose pode aparecer novamente. A questão é que não se consegue restituir a população de lactobacilos da flora vaginal a tempo de impedir um quadro de reinfecção”, esclarece.

Várias espécies de lactobacilos – microrganismos vivos que não podem ser vistos a olho nu – compõem a flora genital feminina. Muita coisa não se conhece deles – existem dezenas de espécies e muitas ainda a serem descobertas. Na verdade, no organismo humano, são inúmeras bactérias presentes que não constituem, necessariamente, um sinal de doença. Pelo contrário, a ausência desses lactobacilos vaginais abre as portas para a proliferação de outras bactérias, só que maléficas. Nas mulheres, em idade reprodutiva, um problema bem conhecido é a vaginose bacteriana.

A incidência é alta, acomete de 5% a 36% da população feminina em idade reprodutiva. Os sintomas, além do incômodo, são o corrimento e mau cheiro. Em mulheres grávidas, a vaginose pode até predispor ao parto prematuro. “Não se sabe ainda o porquê dos lactobacilos desaparecerem. A única informação é que eles protegem o trato genital feminino com a produção de substâncias que inibem o aparecimento de outras bactérias”, explica a bióloga.

Segundo Eliane, repetidos tratamentos com antibióticos para vaginose bacteriana, muitas vezes, podem inclusive dificultar a recomposição da flora vaginal. Por isso, ela colheu amostras de 135 voluntárias em idades de 18 a 45 anos, sem infecção para o isolamento dos lactobacilos e, assim, identificar e avaliar a capacidade das linhagens específicas. A espécie de maior prevalência nas mulheres estudadas foi de Lactobacillus crispatus. O estudo ainda carece de outras etapas, mas abre o campo para o desenvolvimento de tratamentos mais eficientes contra a doença.

 

 
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