| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 332 - 7 a 13 de agosto de 2006
Leia nesta edição
Capa
Artigo: Diagnóstico das patentes
Cartas
40 anos em Parati
Talento
Almeida Prado
Mandarim 35
Faltam tomadas
Fraturas por estresse
Pão de forma
Vinagre brasileiro
Chuvas e relevo
Painel da semana
Teses
Livro
Destaques do portal
Kyatera
Biodisel no IQ
Musicalização do corpo
 

9b


Estudo relaciona volume
de chuvas com o relevo

O geógrafo Daniel Candido e a professora Luci Hidalgo Nunes: área avaliada é densamente povoada e forte na indústria, turismo, agricultura e serviços. (Foto: Antoninho Perri)O volume de chuvas em uma determinada localidade pode ser intensificado ou reduzido conforme as características do seu relevo. A constatação é de um estudo desenvolvido pelo geógrafo Daniel Henrique Candido, aluno de pós-graduação do Instituto de Geociência (IG) da Unicamp. O pesquisador tomou para análise uma porção do Estado de São Paulo, que abriga a Região Metropolitana de Campinas, Piracicaba, Tietê, Rio Claro e Circuito das Águas. De acordo com as investigações, quanto menor é a altitude da área, menor é o seu índice pluviométrico. “O contrário também é verdadeiro: nas áreas onde o relevo é mais elevado, a quantidade de chuvas é maior”, afirma.

Ferramenta é útil para o planejamento urbano e econômico

Os dados revelados pela pesquisa do geógrafo podem vir a se constituir em valiosa ferramenta de planejamento urbano e econômico para a região analisada, conforme a orientadora do trabalho, a professora Luci Hidalgo Nunes. Ela lembra que a área mede 21 mil quilômetros quadrados e abriga municípios densamente povoados e de grande vigor econômico nos segmentos da indústria, turismo, agricultura e serviços. “Ao tomarem conhecimento da dinâmica climática em suas cidades, os gestores públicos podem se valer positivamente dessas informações. Ou seja, eles podem orientar o crescimento urbano em direção a uma área onde chove menos, evitando assim alagamentos e inundações; ou podem incentivar o plantio de determinadas culturas que precisam de muita água em pontos onde a pluviometria é mais intensa”, exemplifica.

De acordo com Daniel Candido, a orografia demonstrou ser um elemento importante na constituição do clima da região analisada, visto que exerce destacada influência sobre as precipitações. “Existe uma coincidência entre as menores altitudes e as menores pluviometrias. No Vale do Rio Tietê, cuja altitude é inferior a 450 metros, a quantidade de chuvas é significativamente menor do que na Serra da Mantiqueira, onde a altitude é superior a 1.500 metros”, observa. O geógrafo explica que três mecanismos contribuem para a ocorrência desse fenômeno.

Antes de numerá-los, porém, ele faz questão de ressaltar que o relevo não gera chuva. “Ele apenas a atenua ou intensifica”, adverte. O primeiro fator a colaborar para a ocorrência das chamadas precipitações orográficas é um mecanismo denominado “autoconversão”. Este ocorre quando parcela do ar encontra um obstáculo, que pode ser uma montanha, e sofre ascensão. Ao subir, o ar esfria-se, condensa-se e forma uma nuvem. Como a umidade torna-se muito elevada, ocorre a precipitação, normalmente do lado onde houve o “ataque” da massa de ar. “Do outro lado da vertente, a pluviometria normalmente é inferior”, acrescenta Daniel Candido.

O segundo mecanismo é conhecido como “nuvem semeadora”. Trata-se de uma nuvem pré-existente, que derrama uma leve precipitação sobre a nuvem orográfica, localizada logo abaixo. Esta, ao ser alimentada pelas gotículas em suspensão, torna-se mais intensa. O terceiro e último fator é classificado de “convecção disparada”, que ocorre quando parcela do ar entra em contato com o lado mais iluminado pelo sol de uma montanha. Como esta face está aquecida, o ar também se aquece, torna-se menos denso e se eleva. Ao atingir maiores altitudes, ele se resfria e condensa a umidade que carregou durante o processo. Em seguida, forma nuvens do tipo cumulus nimbus, que dão origem à chuva. Conforme o autor da pesquisa, esses mecanismos podem atuar em conjunto ou de forma independente.

Postos – Para desenvolver o estudo, Daniel Candido valeu-se de dados pluviométricos fornecidos por 89 postos de monitoramento mantidos pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) do Estado de São Paulo, em uma série histórica de 30 anos. Inicialmente, ele usou as informações para fazer uma análise sazonal da dinâmica climática, ou seja, acompanhou o comportamento das chuvas por estação do ano. Depois, promoveu um exame geral. De acordo com o pesquisador, ao observar os mapas gerados pela investigação é possível constatar que o padrão de distribuição das chuvas permanece praticamente o mesmo ao longo do ano, sendo que o que muda são os montantes precipitados.

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