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Unicamp orienta
gestante sobre medicamento



PAULO CÉSAR NASCIMENTO

A professora Ana Maria Sedrez Gonzaga Piovesana, da FCM: droga respondeu por 50% dos oito casos do distúrbio atendidos na Unicamp nos últimos cinco anos

Entre 50% a 70% das mulheres usam pelo menos um medicamento durante a gravidez e muitos deles não são prescritos por médicos, revela a geneticista Denise Cavalcanti, baseada nas estatísticas de atendimento de gestantes no complexo hospitalar da Unicamp.

Por isso, enfatiza, o uso de qualquer medicamento durante o período gestacional só deve ser feito com prescrição médica, pois os medicamentos podem trazer riscos para a mãe e para o bebê.

“A automedicação é condenada. Todo medicamento é teratogênico em potencial e só deve ser usado quando indicado pelo médico”, aconselha. “Mas é importante lembrar que perigoso não é só o remédio; a ingestão de álcool, por exemplo, pode ter conseqüências gravíssimas para o bebê. O fumo e outras drogas sociais também podem acarretar conseqüências graves para o bebê exposto intra-útero.”

Para informar e orientar gestantes e médicos sobre efeitos de medicamentos, radiações e determinadas doenças na gestação foi criado na Unicamp, em 1996, o Sistema de Informação sobre Agentes Teratogênicos (SIAT), um serviço gratuito que atende por telefone ou fax, em horário comercial, pelo número (19) 3289-2888.
Ao ligar, o interessado é atendido por um membro da equipe, que registra o motivo da consulta e faz algumas perguntas. A resposta é fornecida, em geral, no prazo máximo de 72 horas, após uma pesquisa em bancos de dados, livros e revistas especializadas.

“Uma secretária eletrônica registra o recado de quem procura pelo SIAT fora do horário comercial e, tão logo quanto possível, um de nossos atendentes entra em contato com quem telefonou”, explica Denise.
De acordo com ela, mulheres grávidas ou que estão planejando a gravidez, médicos obstetras ou de outras especialidades, pesquisadores interessados em teratogênese humana e mães com dúvidas sobre medicação durante o aleitamento materno podem procurar pelo SIAT.

O serviço recebe em média três ligações por semana, a maioria de gestantes com dúvidas sobre o uso de medicamentos, dos quais os mais consultados são os analgésicos, os anti-inflamatórios e os antibióticos.
Orientação similar é proporcionada pelo Centro de Farmacovigilância do HC da USP, o Ceatox. Funciona 24 horas e oferece atendimento gratuito pelos telefones (11) 3069-8571 e 280-9431 (telefax).

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Brasil é o segundo país com maior freqüência, estima fundação

Lançado no Brasil em 1984 para prevenção e tratamento de úlceras gástricas e duodenais, o Cytotec tem como princípio ativo o misoprostol, que promove contrações uterinas

Com cerca de 300 casos de Síndrome de Moebius, o Brasil é o segundo país no mundo, atrás dos Estados Unidos, com 800, e à frente da Grã-Bretanha, com 180. A estimativa é da Moebius Syndrome Foundation, uma organização não-governamental sediada nos EUA, criada há 9 anos para difundir informações capazes de ajudar familiares e profissionais da área médica no diagnóstico correto e tratamento precoce da síndrome. A instituição tornou-se referência internacional e gerou entidades congêneres em diferentes países, entre as quais a Associação Moebius do Brasil (AMOB).

As causas da síndrome – referência ao neurologista alemão Paul Julius Möbius (1853-1907), o primeiro a descrever os sintomas – ainda não são totalmente claras para a Medicina. Tanto que a fundação tem estimulado estudos que possam esclarecê-las, explica Vicki McCarrell, presidente da instituição. Um deles vem sendo desenvolvido pela geneticista Ethylin Wang Jabs, no Johns Hopkins Medical Center, em Baltimore (EUA), para tentar identificar uma possível origem genética para a disfunção.

Suas anomalias, contudo, seriam decorrentes de um déficit na irrigação sanguínea do tronco cerebral, entre a sexta e a oitava semana de vida embrionária, capaz de comprometer os núcleos de nervos cranianos localizados nessa região, sobretudo o sexto e o sétimo nervos, responsáveis pela motricidade ocular e facial, respectivamente. Outras áreas do sistema nervoso central, incluindo outros nervos cranianos que controlam diferentes sensações e funções, podem ser afetadas.
As malformações, de maneira geral, podem ser decorrentes de fatores genéticos.

Mas se manifestam também por influência de outros agentes durante a gravidez, como os medicamentos (misoprostol, talidomida, ácido retinóico, tranqüilizantes e alguns anticonvulsivantes), o consumo de álcool, tabaco e cocaína, a exposição a radiações, a febre alta, as doenças maternas como diabetes e epilepsia, as vacinas, os traumatismos e até mesmo a poluição ambiental.


Tratamento com pincéis ajuda pacientes

O psicoterapeuta britânico Steve Clarke: reflexos positivos para a fala, mastigação e deglutição, entre outros benefíciosa

UPortadores de defeitos cerebrais e de membros requerem tratamento multidisciplinar de longo prazo, o que inclui atendimento neurológico, genético, fisioterápico, oftalmológico, fonoterápico e ortopédico, além de muito estímulo e dedicação por parte dos familiares. Muitos são submetidos ainda a cirurgias corretivas.

A medicina alternativa também oferece opções, como o tratamento denominado Bodybrushing, ou estimulação neuro-dérmica, que tem proporcionado significativa melhora na movimentação facial de portadores de Síndrome de Moebius, com reflexos positivos para a fala, mastigação e deglutição, entre outros benefícios.

Desenvolvida pelo psicoterapeuta britânico Steve Clarke, a técnica inovadora consiste na habilitação de funções motoras por meio de estimulação realizada com pincéis em regiões corporais específicas (rosto, costas, tórax e mãos), daí o nome Body(corpo)brushing(estímulo com pincel).

A menina Emma Gratton, de Taunton, Somerset, na Inglaterra, sorriu aos 4 anos graças à mobilidade facial obtida com o tratamento e tornou-se, em 1999, o exemplo mais notório dos resultados positivos capazes de serem alcançados com uma técnica que não envolvesse procedimento cirúrgico.

O brasileiro Flavio D’Angieri, 13 anos, é um dos aproximadamente 100 pacientes beneficiados pelo tratamento no mundo. Filho da assistente social Fátima Segri e do médico-veterinário Atílio D’Angieri, de Jundiaí (SP), o menino vem adquirindo movimentação facial com os estímulos realizados diariamente pela mãe, conforme orientações de Clarke.
“A musculatura do rosto aos poucos ganha mais elasticidade e algumas ‘covinhas’ já começam a surgir ao redor dos lábios”, constata a mãe. “Essas mudanças nunca haviam ocorrido antes.”

Guilherme, 11 anos, de São Paulo (SP), já começa a exibir um sorriso parcial no lado direito do rosto com menos de dois anos de tratamento. “Ele também apresentou importante melhora na parte locomotora”, testemunha o pai Márcio Racy, entusiasmado com os progressos proporcionados ao filho pelo Bodybrushing.

 

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