Untitled Document
PORTAL UNICAMP
4
AGENDA UNICAMP
3
VERSÃO PDF
2
EDIÇÕES ANTERIORES
1
 
Untitled Document
 

Floreio legitima capoeira,
defende educadora física

Para autora de dissertação de mestrado,
movimentos são fundamentais para a identidade do jogo


Mais do que movimentos bonitos e de execução trabalhosa, o floreio na roda de capoeira constitui um elemento fundamental de identidade do jogo, conforme define a capoeirista e educadora física Lívia de Paula Machado Pasqua. Para ela, se não tem o floreio, não tem capoeira, tamanha a importância destes gestos e movimentos para o capoeirista. “O floreio é o brilho, é a flor da capoeira”, argumenta. Existem, no entanto, opiniões divergentes sobre o assunto, visto que muitos grupos utilizam o floreio de forma exacerbada e a capoeira, com suas características e forma próprias, se torna uma sucessão de acrobacias, com o objetivo de ganhar visibilidade nas apresentações.

Mesmo com uma trajetória de 12 anos como capoeirista, Lívia tinha uma visão diferente sobre o floreio, mudada completamente após desenvolver pesquisa de mestrado na Faculdade de Educação Física (FEF), com a orientação do professor Marco Antonio Coelho Bortoleto. Ela foi a campo e entrevistou oito especialistas entre mestres e capoeiristas de maior representatividade no Estado de São Paulo. Cruzou informações contidas nos livros e analisou o material colhido para entender os sentidos e significados desses gestos tão marcantes, presentes desde o início da capoeira e utilizados pelos escravos para esconder que estavam lutando.

Se, antes do estudo, pedissem para que Lívia definisse o floreio, ela diria simplesmente se tratar de um conjunto de belos movimentos que todo capoeirista faz. Alguns para mais, outros para menos. “Mas, ao longo da pesquisa, percebi uma perspectiva maior do floreio. É muito mais do que dar um salto. São movimentos ousados que permitem ao capoeirista criar e produzir com liberdade. Não é algo padronizado, como no caso dos golpes que possuem uma forma definida”, exemplifica.

Nos depoimentos colhidos para análise, Lívia observou que cada capoeirista tem sua forma de florear e possui movimentos bem pessoais. Muitos gestos consistem em pequenas variações uns dos outros, mas todos com características próprias. Em todos os casos, os entrevistados manifestaram a importância do floreio, mas muitos não conseguiram encontrar palavras para descrever o sentimento durante a performance. “Teve mestre que se emocionou apenas de falar da prática”, lembra.

Para além dos gestos, Lívia acredita ainda que o floreio esteja presente nos instrumentos pertinentes da capoeira, no canto dos músicos e, até mesmo, no andar do capoeirista, que também constituem elementos fundamentais de caracterização da capoeira. Esta perspectiva ampla, na opinião da educadora física, seria justamente o que confere à capoeira sua faceta artística. “Não é algo que possa ser ensinado, mas sim criado. É a expressão da sua vida que a pessoa coloca na roda”, analisa.

Lívia destaca ainda que esta marca na gestualidade só foi possível porque a roda de capoeira passou por profundas transformações ao longo dos anos. “Ela se mantém viva e acredito ser um jogo em constante transformação, pois ainda há espaço para mudanças”, avalia. O estudo traz ainda uma pesquisa bibliográfica sobre o papel do floreio em outras manifestações artísticas como o frevo e coreografias de escolas de samba. (R.C.S.)


..............................................................
Publicação
Dissertação: “O floreio na capoeira”
Autor: Lívia de Paula Machado Pasqua
Orientador: Marco Antonio Coelho Bortoleto
Unidade: Faculdade de Educação Física (FEF)
Financiamento: Capes
..............................................................

 



 
Untitled Document
 
Untitled Document
Jornal da Unicamp - Universidade Estadual de Campinas / ASCOM - Assessoria de Comunicação e Imprensa
e-mail: imprensa@unicamp.br - Cidade Universitária "Zeferino Vaz" Barão Geraldo - Campinas - SP