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....,Campinas, abril de 2001
s
MULHER BRASILEIRA
Páginas 2, 3 e 4.
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Parceiros de peso para um mutirão de fôlego
Projeto apoiado pela Fundação Ford enfatiza o conceito de completo de bem-estar físico, mental e social
 

grande largada para o mutirão de especialistas que resultou no livro Morbimortalidade feminina no Brasil ocorreu no segundo semestre de 1995, quando o Programa de Saúde Reprodutiva e Sexualidade do Nepo começou a contatar, país afora, ex-participantes de seus workshops regulares para a preparação de recursos humanos. A meta, então, era saber qual o interesse deles em integrar um projeto de pesquisa de caráter multicêntrico.

Mas, além da necessidade de um treinamento também em pesquisa – constatada pela própria experiência que o programa, criado em 1992, vinha acumulando –, um evento internacional, realizado há cerca de um ano antes dessa convocação dos parceiros do Nepo, jogou a lenha definitiva na fogueira: a Conferência Internacional de População e Desenvolvimento. Ou simplesmente Cairo 94.

Foi quando se reafirmou mais enfaticamente o conceito, já estabelecido pela Organização Mundial de Saúde, de saúde reprodutiva: “(...) um estado completo de bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doenças ou incapacidade, em todas as questões relacionadas ao sistema reprodutivo e suas funções e processos”.

Para as pesquisadoras do Nepo que organizaram a pesquisa, “o desenvolvimento desse conceito amplia as perspectivas de diagnósticos e investigações sobre a morbimortalidade reprodutiva feminina, à medida que incorpora eventos relacionados às doenças sexualmente transmissíveis, à contracepção, ao aborto, à esterilidade, ao câncer de mama, ao câncer de colo e do corpo do útero, entre outros”.

Iniciado em junho de 1996, o projeto de pesquisa multicêntrico contou com o apoio da Fundação Ford e envolveu as seguintes instituições: Musa (da Universidade Federal da Bahia), Grupo Transas do Corpo (GO); Departamento de Metodologia da Universidade Federal do Pará, Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas (RS) e Instituto de Saúde da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo.

Esses organismos ficaram responsáveis por seus respectivos estados e, no livro, subscrevem os capítulos referentes a eles. Coube ao Nepo a análise das 22 unidades da Federação restantes, das grandes regiões e do País como um todo.
“O grande charme do trabalho residiu no fato de todas as decisões terem sido tomadas em conjunto”, frisa a socióloga Estela Cunha. “O Nepo coordenou, mas apenas horizontalmente. Daí, obteve-se uma unificação metodológica. Afinal, em nenhum momento o Nepo queria desenvolver um projeto pronto”.

O processo de filtragem que definiu as cinco instituições foi bastante criterioso. O formulário com a indagação sobre o interesse em firmar a parceria foi inicialmente enviado a todos os 80 participantes dos quatro workshops que o Programa de Saúde Reprodutiva e Sexualidade do Nepo havia realizado até então.

A segunda etapa consistiu em avaliar as respostas, para situar quem já estava envolvido com pesquisas correlatas ou pelo menos se posicionou claramente a favor de desenvolvê-las. Essas foram as bases para o convite à participação do seminário do Nepo O Panorama da Morbimortalidade Feminina no Brasil: Informações, Dados, Análise Crítica, Necessidades e Perspectivas de Pesquisa.

O evento, que transcorreu de 18 a 20 de dezembro de 1995, reuniu 30 estudiosos, todos tendo em comum o fato de estarem respaldados em alguma base institucional. Eles tiveram acesso a todos os bancos de informações disponíveis nas áreas de morbidade e mortalidade e amadureceram suas experiências mediante o contato com os principais especialistas no setor.

De volta a seus estados, os candidatos ao trabalho multicêntrico elaboraram e enviaram ao Nepo as suas propostas. Elas vieram de 11 unidades da Federação. “Numa avaliação final, foram selecionados São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul, Goiás e Pará. O Nepo assumiu os estudos referentes às demais 22 unidades, assim como nas grandes regiões metropolitanas e do país como um todo”, conta a socióloga Estela Cunha.

quadro gráfico

 

Trindade maligna e dura na queda


Nessa prospecção de 16 anos nas causas da mortalidade feminina no Brasil, a que se propuseram as pesquisadoras do Nepo, foi possível detectar que os três primeiros lugares no ranking continuaram a ser determinados pelas doenças do aparelho circulatório, os neoplasmas malignos e as enfermidades do aparelho respiratório. Entretanto, tal realidade não escapou a uma “dança estatística”, que pode indicar tendências para o futuro. As doenças circulatórias foram perdendo o seu peso relativo em 12%, enquanto os neoplasmas aumentaram em 7%. Por fim, de forma bem mais acentuada, as doenças respiratórias apresentaram um salto de quase 35%.

Segundo o estudo, as cinco grandes regiões compartilham com o País a participação relativa das doenças do aparelho circulatório e dos neoplasmas como as duas causas mais importantes de morte feminina em maiores de dez anos, durante todo o período analisado.
Os neoplasmas de natureza maligna assumiram importância relativa quanto mais a pesquisa se aproximou da década de 90 e, mais acentuadamente, nas mulheres com idades avançadas. O que não implica, porém, que deixaram de se destacar como uma das principais causas de morte do total de mulheres de dez anos e mais.

Com relação aos tipos de câncer, o que mais matou – e ainda mata – mulheres brasileiras de dez anos e mais, é o de mama. Ele se manteve como a primeira neoplasia maligna, em ordem de importância, nos três períodos temporais estudados.

Os males do aparelho digestivo, que começam a adquirir importância nas mulheres de 35 anos e mais, vêm aumentando o seu peso relativo em todas as regiões brasileiras, à medida que as estatísticas se aproximam de 1994.
Num país onde a violência urbana cresce vertiginosamente, o trabalho coordenado pelo Nepo comprovou o óbvio: ao avaliar as causas de morte segundo a idade das mulheres brasileiras, ressaltou-se o aumento da importância relativa das chamadas causas externas. A participação dos homicídios no total das causas externas se apresentou ascendente no Brasil, com aumento de 34%. E com o agravante de constituir um comportamento homogêneo para todas as regiões.

 

 

Aids, uma vilã que chegou para arrasar


Pelo fato de estar compreendido no período pesquisado, o recrudescimento da Aids também desempenhou um forte papel na mortalidade feminina. Em 1994, por exemplo, houve um acréscimo de 37% nas causas das doenças das glândulas endócrinas, da nutrição, metabolismo e transtornos imunitários em geral. Além de responder pelo maior aumento percentual, tais causas ocuparam o quarto lugar.

Ao passo que, em 1980, não figuravam entre as cinco primeiras causas de morte no Brasil. Naquele ano, eram enfermidades que costumavam acometer mais freqüentemente as mulheres com 55 anos e mais, por constituírem o principal grupo de risco da prevalência da diabetes tipo 2.
Na investigação por faixas etárias, as mortes de mulheres em decorrência da Aids evidenciaram uma concentração no grupo de 25 a 44 anos no Brasil e grandes regiões, no período intermediário. Entretanto, chamou a atenção o fato de a que síndrome foi ganhando um peso relativo importante também na população feminina menor de dez anos, especialmente na região sul, onde representa quase 14% dos casos.

Nas garotas até nove anos de idade, residentes nas regiões norte e nordeste, começou a se evidenciar, também no emblemático ano de 1994, o aumento da importância relativa da Aids. A hipótese levantada pelo estudo é de que o fenômeno pode ser explicado pelo aumento da incidência de casos por transmissão vertical do vírus HIV.

 

 

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