'Iniciativa é necessária', diz historiador sobre o projeto de memorial do atentado contra a democracia  

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Ainda em clima de tensão institucional, o Brasil segue acompanhando os desdobramentos dos atentados golpistas nas sedes dos três poderes em Brasília no último domingo (8). Além da depredação generalizada dos edifícios invadidos, ações deliberadas de vandalização de obras de arte e patrimônio histórico foram destacadas na repercussão dos atentados. A ministra da Cultura, Margareth Menezes, declarou que o governo avalia construir um memorial para que o episódio não seja esquecido. Para o coordenador do Centro de Memória da Unicamp (CMU), André Paulilo, a iniciativa é acertada e necessária.

"É preciso assumir uma política da memória a partir do Ministério da Cultura, especialmente nesse momento, em que notícias falsas, meias verdades e um revisionismo histórico criminoso catalisaram a destruição do patrimônio em Brasília. A criação de um memorial para lembrar esse assalto contra a vontade política da maioria da população será fundamental para dar o alcance adequado ao repúdio que merecem as ações de depredação da cultura, da história e da política", diz o historiador e docente da Faculdade de Educação.

Na última quinta-feira (12), o Ministério da Cultura divulgou relatório preliminar com um panorama dos danos causados ao patrimônio público, elaborado por técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O relatório aponta que, de maneira geral, os danos verificados são, em sua maioria, reparáveis.

André Paulilo analisa que os ataques foram direcionados ao que as obras representam culturalmente: uma ligação com a história e a identidade nacional na forma como foram elaboradas pelas políticas de Estado. “A depredação manifestou desprezo e ódio político frente a uma tradição cultural que aquelas pessoas pareciam querer condenar à danação escatológica, traço que, além de intolerância e fanatismo, revela também ignorância. São ações que atestam o alcance que atualmente tem no Brasil a guerra de narrativas sobre o passado e a memória nacional. Deste ponto de vista, é a democracia o alvo principal”, discorre.

Futuro Deslocalizado

Ao avaliar a proposta da criação de um memorial do atentado contra a democracia, Paulilo menciona algumas reflexões recentes do acadêmico alemão Andreas Huyssen, referência em estudos sobre as relações das cidades e das artes com a memória, para quem "a cultura da memória preenche uma função importante na atual transformação da experiência temporal que teve lugar na sequência do impacto dos novos media na percepção e sensibilidade humanas".

"Como construção social, a memória fornece quadros de orientação para a leitura do mundo, e isso, me parece, faz dela um elemento central de qualquer política cultural plural e democrática. Sublinho a percepção de Huyssen do papel da memória nesse atual contexto de uma presentificação redutora da experiência social", diz. Paulilo ainda acrescenta que, segundo o autor alemão, nossas preocupações com a memória atualmente resultam do "pavor de um futuro deslocalizado", ou seja, sem referências de identidade.

Matéria originalmente publicada no site da Coordenadoria dos Centros e Núcleos Interdisciplinares de Pesquisa.

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O historiador André Paulilo: "É preciso assumir uma política da memória a partir do Ministério da Cultura, especialmente nesse momento, em que notícias falsas, meias verdades e um revisionismo histórico criminoso catalisaram a destruição do patrimônio em Brasília"

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