Pesquisadores da Unicamp avaliam os desafios para o avanço da comunicação óptica no Brasil

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A ciência no Brasil tem grande potencial para crescer, apesar dos desafios financeiros e incertezas políticas. Essa é a avaliação dos pesquisadores do projeto temático Dispositivos Fotônicos Integrados (iPhD) da Unicamp, em parceria com a Universidade Mackenzie. A infraestrutura e a atração de talentos de outros países foram apontadas como os principais desafios para a pesquisa e o desenvolvimento em comunicações ópticas. O intercâmbio de profissionais fortaleceria o ambiente científico nos centros de pesquisa do Brasil.

Para o coordenador do iPhD, professor Newton Frateschi, embora o Brasil forme cientistas com alto nível de qualificação, um dos fatores que impactam o crescimento é a atração de pessoal. Frateschi é favorável ao investimento em infraestrutura científica de ampla rede, como parques tecnológicos internacionais, que alocam grupos diversificados em uma mesma área de pesquisa. O resultado é um ambiente completo e altamente especializado. “Essas redes podem estabelecer a atmosfera de que precisamos para impulsionar a pesquisa no Brasil”. Além de mais atrativa a profissionais estrangeiros, uma estrutura como a que propõe também favoreceria o processo de manutenção dos laboratórios. “No Brasil, quando um equipamento apresenta problemas, pode levar meses para seu conserto”, relata o professor.

A Unicamp dispõe de um espaço privilegiado em seu Parque Científico e Tecnológico, no campus de Campinas. Ali atuam dezenas de empresas e startups em parceria com a Universidade e com outros institutos de pesquisa de ponta da região, como o CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais), o Instituto Eldorado e o CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações). Tais pesquisas mobilizam centenas de profissionais de diferentes áreas. Entretanto, de acordo com Frateschi, apesar de ser referência nacional, ainda não há densidade suficiente para atrair fornecedores internacionais de equipamentos e serviços tecnológicos.

Tendo atuado como pesquisador nos Estados Unidos, Frateschi recorda: “Na Califórnia, há uma atmosfera dinâmica em torno do apoio profissional à pesquisa. Uma rede de fornecedores e profissionais garante a infraestrutura e a manutenção de espaços, e assim os meios necessários à pesquisa são muito mais eficientes. Entrega de insumos, reparos e suporte técnico, tudo é disponibilizado com rapidez. Isto ocorre devido à forte demanda dos parques de pesquisa e desenvolvimento, tanto da academia como da indústria. É um ecossistema assim que devemos tentar estabelecer em várias áreas, em particular em Fotônica, com nosso iPhD”.

Força em recursos humanos e tradição

O Brasil tem qualificações que facilitam a imersão na atmosfera científica. O professor Thiago Alegre pontua o histórico da Unicamp, que é destaque na pesquisa em dispositivos ópticos. “A Unicamp é uma das pioneiras nos estudos deste campo”, diz. O iPhD, dentre outros projetos, dá sequência a uma tradição de pesquisa em Fotônica que proporciona um ambiente favorável, atraindo estudantes estrangeiros. “Graças a essa tradição, também conquistamos uma infraestrutura bastante sólida para os laboratórios. Ela nos permite desenvolver uma série de procedimentos importantes – desde o projeto e o design até a testagem de novos dispositivos”, avalia o professor.

Outro ponto positivo é a qualificação dos estudantes e profissionais da Unicamp, com perfil para a formação integral, interesse pela pesquisa e dedicação ao trabalho acadêmico. Para o professor Gustavo Wiederhecker, a tradição da Unicamp atraiu um grupo de pessoas com experiência em Fotônica capaz de conduzir estudos com padrão internacional. “Em ciência, não se trata apenas de disponibilizar infraestrutura. É imprescindível fortalecer a política de formação e atração de profissionais qualificados, que estejam em nossos laboratórios avaliando os resultados”.

Paradoxos políticos

Apesar do evidente aumento da demanda tecnológica, a ciência brasileira encara um cenário de redução de investimentos, em um quadro financeiro considerado crítico. O projeto orçamentário do Governo Federal para 2022 é insuficiente para compensar as perdas dos últimos anos. O orçamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) permanece estagnado na casa de R$ 1,3 bilhão, com menos de R$ 40 milhões para fomento e menos de R$ 1 bilhão para bolsas, uma redução de 18% em relação a 2019.

“Esta situação faz com que muitos de nossos talentos busquem oportunidades profissionais em outros países”, sinaliza Frateschi. “Os postos de trabalho nas Universidades estão saturados. Felizmente, há iniciativas como o Parque Científico e Tecnológico da Unicamp, uma importante referência para o país na geração de empregos para esses novos profissionais”.

Os orçamentos do Governo Federal já sofreram um corte de cerca de 70% em relação ao valor investido há uma década no setor de pesquisa no Brasil. A conjuntura atinge agências de financiamento basilares para a comunidade acadêmica, como o CNPq e a Capes. Essa já perdeu 1,2 bilhões de reais do total de 4,2 bilhões que dispunha no primeiro ano da atual gestão federal.

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