Workshop discute as diferentes faces da pobreza

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De 9 a 14 de janeiro, pesquisadores de universidades do Brasil, Reino Unido, México e Argentina participam do Workshop Multidisciplinar "Pobreza Multifuncional na América Latina", realizado na Faculdade de Educação (FE). O encontro é uma atividade que integra o acordo de cooperação entre a Unicamp e a Universidade de Cardiff, no País de Gales, firmado em dezembro de 2018, e é uma oportunidade para que sejam apresentados estudos, realizados nos diferentes países, com foco na identificação das diferentes causas da pobreza e das desigualdades sociais ao redor do mundo e quais políticas públicas podem ser aplicadas para a redução desses problemas. 

Foto de uma sala em que homens e mulheres estão sentados em carteiras, formando um círculo. Eles prestam atenção ao que o pró-reitor de pesquisa fala. Sobre as mesas estão cadernos, canetas e computadores
Pesquisadores de quatro países estão reunidos na Unicamp para o workshop

O evento conta com a organização dos professores Ana Elisa Assis, da FE, e Luis Renato Vedovato, da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) do câmpus de Limeira. Na recepção dos pesquisadores, o pró-reitor de Pesquisa da Unicamp, Munir Skaf, ressaltou a importância de parcerias como essa. "A universidade fica feliz com essas interações e essas parcerias estratégicas. Com a Universidade de Cardiff, nós tivemos duas chamadas de intercâmbios e visitas de curta duração, neste ano de 2020 teremos mais duas chamadas por nossa parte e outras duas pela Universidade de Cardiff, então é uma forma diferente de parceria, não apenas assinar um termo de cooperação. Queremos fazer algo a mais, investir recursos para organizar workshops, realizar visitas, engajar alunos e pesquisadores e talvez originar novos projetos ainda maiores", comentou o pró-reitor.

Durante o workshop, serão apresentados também os resultados de um amplo estudo, realizado no Brasil, em que foram avaliadas as ideias que diferentes grupos sociais do Brasil têm de quais são os direitos básicos necessários para que as crianças do país tenham uma vida digna. A pesquisa foi realizada no primeiro semestre de 2019 e deve auxiliar na formação de novas agendas de pesquisa para o país e na formulação de políticas públicas. 

Diferentes olhares para a pobreza

Além de realizarem estudos relacionados à temática da pobreza, os pesquisadores que participam do workshop contribuem com visões de diferentes áreas do conhecimento, como a Economia, Antropologia, Sociologia, Direito, e também com a experiência de vivenciarem a realidade de diversos países. "Temos problemas hoje em dia no Reino Unido, com a desigualdade crescente e o Brexit em potencial, na Cidade do México uma desigualdade profunda, porque a América Latina continua sendo uma das áreas de maior desigualdade do mundo, então as áreas em que focamos nossos estudos, como economistas, antropólogos, historiadores, são centradas em causas da justiça social e como atacamos esses problemas, além de pensarmos quais políticas podem ser adotadas para melhorar a vida das pessoas nesses diferentes países", explica Shailen Nandy, professor da Universidade de Cardiff. 

Foto mostra o professor Shailen Nandy, da Universidade de Cardiff, enquadrado da cintura para cima. Ele tem pele clara, cabelos pretos e usa barba e óculos. Veste uma camisa azul e um relógio de pulso
"Conforme o Brexit avançar, vamos precisar dessas parcerias", comenta Shailen Nandy

Shailen também comenta a importância de os pesquisadores conhecerem a realidade social de outros países e o que foi realizado neles na tentativa de reduzir a desigualdade. Para ele, isso evita que se crie a falsa ideia de que a pobreza tem as mesmas causas em todo o mundo. "É comum pensarmos que um tipo de política que funciona em um país vai funcionar em todos, mas sabemos que não é o caso. Existem pessoas pobres em todos os lugares, mas as causas podem ser muito diferentes. Estruturas sociais, o racismo, diferenças entre áreas rurais e urbanas, entre o norte e o sul, a distância das capitais. Muitos países estão entrando em dívidas e emprestando dinheiro do FMI, dos bancos mundiais, mas as políticas adotadas não beneficiam os mais pobres, elas tendem a beneficiar as classes médias. Então baseados nas experiências do México, de países da África, do Sul da Ásia, podemos aprender o que fazer, mas também o que não fazer", analisa o professor. 

Em busca de consensos

O estudo realizado no Brasil e que faz parte da cooperação entre os dois países teve o apoio do UK Global Challenges Research Fund, instituição de fomento à pesquisa do Reino Unido. Foram realizados vários grupos de discussão reunindo pessoas de diferentes categorias sociais, como mulheres, pessoas de renda mais elevada, crianças, entre outros. Neles, os pesquisadores pediam para que os participantes apontassem quais eles acreditam ser os direitos básicos para que crianças se desenvolvam com dignidade no país. O objetivo era verificar qual a ideia que diferentes grupos podem ter sobre direitos humanos. 

De acordo com Ana Elisa Assis, o resultado foi de que existem mais consensos do que diferenças entre as pessoas. "A gente percebe que a ideia dos itens que seriam necessários para crianças, independentemente que seja um grupo só de mulheres, só de crianças, só de pessoas com um salário inicial maior do que sete mil reais, é muito parecida. Isso para nós é uma coisa muito interessante, parece que é uma questão subjetiva, quando na verdade ela tem um peso muito mais objetivo do que aquelas pesquisas que a gente acha que são objetivas, porque falam de valor financeiro, de salário mínimo imediato, quando na verdade você consegue identificar pelas pessoas o que elas entendem o que todo mundo deve ter para estar em um padrão adequado de vida hoje no século XXI". 

Foto mostra Ana Elisa Assis, professora da Unicamp, enquadrada da cintura para cima. Ela tem a pele clara e cabelos pretos e lisos na altura dos ombros. Veste uma blusa preta e os óculos estão acima da cabeça
"O objetivo final é pensar em um projeto coletivo", explica Ana Elisa Assis, uma das organizadoras

Ela explica que uma próxima etapa da pesquisa será a de identificar em que esses grupos se diferenciam. "Depois que a gente percebeu essa situação comum entre eles, a gente quer entender melhor o que cada grupo traz de muito particular, questões bastante específicas, para agregar a essas compreensões que são comuns a esses grupos tão diferentes", argumenta a professora. Ana Elisa acredita que conhecer essas diferenças pode contribuir para o aprimoramento das políticas públicas que já existem e para a criação de novas ações mais inclusivas. 

Os resultados da pesquisa serão divulgados ao longo deste ano em periódicos científicos e também em ações da universidade. Eles também serão encaminhados a membros do poder público e instituições que trabalham com a redução da pobreza. 
 

Foto mostra, da esquerda para a direita, o professor Luis Renato Vedovato e a professora Ana Elisa Assis, organizadores do workshop, o professor Munir Skaf, pró-reitor de pesquisa da Unicamp, e o professor Shailen Nandy, da Universidade de Cardiff. Eles estão enquadrados do joelho para cima
Foto mostra o pró-reitor de Pesquisa da Unicamp, Munir Skaf. Ele está sentado em uma mesa falando com o público. Ele tem pele clara, cabelos castanhos e usa óculos. Veste camisa azul, paletó cinza e relógio de pulso
Foto mostra homens e mulheres sentados em círculo acompanhando os slides da apresentação de um dos pesquisadores, que está em pé, na frente da sala, apontando para os slides
Imagem de capa
Audiodescrição. Fotografia colorida. Foto de uma sala em que homens e mulheres estão sentados em carteiras, formando um círculo. Eles prestam atenção ao que o pró-reitor de pesquisa fala. Sobre as mesas estão cadernos, canetas e computadores. Clique enter para acessar.

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