Ópera sem drama

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Preparativos para a estreia de O Morcego no Teatro de Paulínia
Molduras e transparências na montagem do cenário da ópera no Theatro Municipal de Paulínia | Foto: Antonio Scarpinetti

Um quiproquó. Ou seja, uma confusão danada. Daquelas que acabam na delegacia de polícia. Mas um quiproquó suave, dançante, alegre, engraçado. É assim que a gente pode descrever um pouco da montagem de “O Morcego”, a nova produção operística da Unicamp, que estreia nesta quinta-feira (5), no Theatro Municipal de Paulínia. A montagem foi patrocinada pelo Grupo Gestor de Benefícios Sociais (GGBS) da Unicamp e tem o apoio da Prefeitura Municipal de Paulínia e da Sanasa Campinas.

Tudo começou com a ideia de encontrar uma peça festiva e com bastante presença de canto coral para a comemoração dos dez anos do Coro Contemporâneo de Campinas, parceiro na realização do espetáculo da Orquestra Sinfônica da Unicamp (Osu), do Ópera Estúdio Unicamp e do Coral Unicamp “Zíper na Boca”.

“O Morcego”, do compositor austríaco Johann Strauss Filho caiu como uma luva. “É a opereta que costuma ser feita na virada do ano em muitas casas de ópera pelo mundo”, acrescenta o professor da Unicamp e diretor geral do espetáculo Angelo Fernandes. Opereta porque se trata de uma ópera leve, sem drama (ou melodrama). Feita nos finais de ano porque há uma festa acontecendo na encenação e, muitas vezes, é uma festa de réveillon.

Quando estreou em Viena, ano 1874, o tipo de música que aparecia ao longo do espetáculo era o mesmo tocado em bailes em que as pessoas dançavam. “A opereta é como se fosse um musical, quase uma música popular da época. O público vai reconhecer as valsas que, na época, as pessoas dançavam nos bailes de Viena”, conta a regente e diretora musical Cinthia Alireti.

Cinthia Aliretti
A diretora musical da ópera Cinthia Alireti: valsas vienenses | Foto: Antonio Scarpinetti

Aqueles que já foram nas outras montagens de ópera da Unicamp também irão reconhecer alguns dos artistas em cena. O intérprete do personagem Dr. Falke (o morcego), por exemplo, será Willian Donizetti que também atuou como Gianni Schicchi na montagem com o mesmo nome, em maio deste ano.

São cantores-atores que já passaram pelo curso de Música da Unicamp ou que ainda estão na graduação, e que compõem o Coro Contemporâneo.Esses artistas têm o privilégio de ter uma orquestra perto deles e nós (orquestra) temos o privilégio de tê-los para podermos juntos realizar operas contemporâneas”, afirmou Cinthia.

A cenografia de “O Morcego” foi pensada em contraste com a atuação dos personagens. Enquanto em cena são todos “mascarados”, exagerados ou “opacos”, tentando parecer o que não são; o cenário é estrutural, tem apenas molduras no lugar de quadros, há transparências por toda parte.

O diretor cênico Felipe Venâncio destaca que o todo grupo envolvido está muito mais experiente e seguro. “Conseguimos fazer um trabalho de interpretação muito complexo. Em alguns casos personagens interpretam outros papéis, além do próprio. É o personagem interpretando outro personagem. Quem vier assistir vai identificar essas máscaras corporais, vai ver que eles ‘mudam de corpo’ de uma cena para outra, de um ato para outro”.

Talvez já se possa anunciar que a região constitui um polo operístico, já que esta é a 12ª ópera montada em sete anos, oito delas em parceria com a OSU. O professor Angelo afirma que esta sempre foi a meta. “Eu achava que nós produzíamos poucos espetáculos com encenação e também faltava uma integração maior de quem pudesse trabalhar junto. Paulínia nos acolheu e o público também foi ficando cada vez maior. Além disso tivemos o apoio da Reitoria e agora do GGBS com o patrocínio total do espetáculo”.

O casal protagonista do espetáculo em coreografia no ensaio
Cantores-atores do Ópera Estúdio: o barítono Willian Donizetti interpreta o papel-título da opereta | Foto: Divulgação

Tradicionalmente o grupo estreia uma grande ópera na primeira semana de setembro. É o caso de “O Morcego”. Outras peças são montadas em outros períodos do ano. Ainda em 2019, em parceria com a Orquestra Sinfônica de Indaiatuba será lançada a ópera “La Serva Padrona”. “O regente de Indaiatuba é o Paulo de Paula que faz doutorado aqui na Unicamp. Ele integra esse grupo de pessoas que a Unicamp foi formando e que tem exercido funções importantes na música em toda a região”, complementou Angelo.

O professor observou que aumentou até mesmo a procura para os cursos de canto da Unicamp e também para a pós-graduação. “São pessoas que querem realizar pesquisas sobre a relação da música com teatro, ou seja, a ópera”.

O GGBS disponibilizou uma cota de ingressos para os funcionários da Unicamp. Os vouchers podem ser retirados na sede da unidade, na Reitoria III, das 9 às 17 horas. Cada funcionário tem direito a quatro ingressos, porém já estão esgotados os dias sexta, sábado e domingo.

Angelo Fernandes
Angelo Fernandes, diretor geral do espetáculo e professor da Unicamp | Foto: Antonio Scarpinetti

 

Felipe venâncio fala em entrevista
Felipe Venâncio fala sobre as máscaras sociais e o contraponto do cenário | Foto: Antonio Scarpinetti

 

"O Morcego", opereta cômica em 3 atos de Johann Strauss

05 de setembro, quinta-feira, 20h

06 de setembro, sexta-feira, 20h

07 de setembro, sábado, 20h

08 de setembro, domingo, 18h

Theatro Municipal de Paulínia

Ingressos: R$30,00 (inteira) R$15,00 (meia)

Vendas: www.alphatickets.com.br

Os organizadores convidam a todos que doem um quilo de alimento não perecível, nos dias do espetáculo.

Classificação indicativa: 12 anos

 

Imagem de capa
Venancio em montagem do cenário

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