Unicamp recebe radar
do sistema SOS-CHUVA

02/09/2016 - 15:12

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 Luiz Machado, coordenador do projeto

Luiz Machado, coordenador do projeto

A meteorologista Ana Avila, do Cepagri

A meteorologista Ana Avila, do Cepagri

Teresa Atvars:mais qualidade à informação

Teresa Atvars:mais qualidade à informação

Um sistema de informações sobre eventos meteorológicos extremos, que vai do radar à população, começa a operar em outubro em Campinas, abrangendo a região metropolitana da cidade até um raio de sessenta quilômetros de distância. O sistema denominado SOS-CHUVA (Sistema de Observação e Previsão de Tempo Severo) inclui um radar alemão de dupla polarização que chegou na Unicamp nesta quinta-feira (1). O equipamento de três toneladas foi levantado por um guindaste, e colocado na base construída em frente ao Museu Exploratório de Ciências, região mais alta da Universidade. Em funcionamento, o sistema será capaz de prever tempestades severas num período de até seis horas.

O sistema ainda prevê a instalação de outros instrumentos como sensores de superfície e detectores de granizo, além do lançamento de um aplicativo para celulares e tablets que será uma espécie de “GPS meteorológico” disponibilizando e recebendo informações de usuários sobre as condições do clima, em tempo real. Se já estivesse em operação, o SOS-CHUVA teria previsto o fenômeno de microexplosão que atingiu Campinas em junho (veja aqui a página do sistema).

O radar ficará instalado na Unicamp por um período de dois anos, que é o prazo estipulado para a “prova de conceito” do projeto temático conhecido como CHUVA (Previsão Imediata de Tempestades Intensas e Entendimento dos Processos Físicos no Interior das Nuvens), da Fapesp, cujo aporte é de R$ 3,5 milhões.

O projeto é do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), ligado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), envolvendo o Cepagri Unicamp e a Universidade de São Paulo (USP). O sistema de informações também integra os dados medidos em superfície, dados de satélites, além de previsões de tempo em curto prazo.

“Já existem radares de dupla polarização operando no país, mas o que estamos propondo é o sistema todo, que inclui os algoritmos para ler, interpretar e gerar informações e produtos. É um sistema completo, em tempo real. O conceito de serviço que pode ser disponibilizado à população é o que queremos validar”, afirmou Luiz Augusto Toledo Machado, do INPE, que é coordenador do projeto.

Luiz Machado conta que o desenvolvimento do sistema já vem sendo feito há mais de dez anos. “Fizemos experimentos anteriores em todo o Brasil e Campinas foi o local escolhido para provar o conceito de que nós estamos preparados para prestar o serviço agregando valor à agricultura, à hidrologia e à questão de preservação de vidas e redução da vulnerabilidade da população, produzindo ferramentas à defesa civil."

A pesquisadora e meteorologista do Cepagri – Unicamp, Ana Ávila, pontua que no Brasil não existem modelos desse tipo para previsão de curto prazo. “Hoje os modelos matemáticos complexos que descrevem a física da atmosfera não têm uma boa qualidade quando se fala em eventos severos, extremos. Por exemplo, um modelo pode prever a chuva mas não especifica mais detalhadamente uma área, com mais resolução espacial e temporal, isso a gente não tem."

Segundo ela, o radar instalado na Unicamp é de última geração e tem a característica de “enxergar” o interior das nuvens, os movimentos, o que está se formando. Além do benefício direto à população, Ana ressalta a importância do radar na área de hidrologia urbana, por exemplo, com a possibilidade de estimar riscos de alagamento em algumas horas, dando possibilidade de alerta de regiões específicas de Campinas.

A pró-reitora de Desenvolvimento Universitário da Unicamp, Teresa Atvars, esteve no local para acompanhar a chegada do radar e salientou a importância da colaboração do Cepagri com outros institutos de pesquisa da área. “Um sistema como este vai dar mais qualidade à informação que nós prestamos para a sociedade, além de melhorar o trabalho de nosso pessoal técnico, científico, e pesquisadores que farão estudos de alto nível que é o que a Unicamp precisa."

O marco do início da operação do sistema está previsto para o dia 6 de outubro quando será realizado um evento que terá inclusive oficinas sobre o funcionamento do aplicativo.