Livro aborda
propriedade
intelectual e
inovação na
agricultura

10/06/2016 - 10:23

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Mesa de abertura do seminário no IE

Mesa de abertura do seminário no IE

Antônio Buainain, um dos organizadores do livro

Antônio Buainain, um dos organizadores do livro

Maurício Lopes concede palestra de abertura

Maurício Lopes concede palestra de abertura

O livro Propriedade Intelectual e Inovações na Agricultura (Ideia), reunindo uma série de estudos e contribuições do ponto de vista estratégico sobre o papel da agricultura para o país, foi lançado durante um seminário aberto na tarde de quinta-feira e que prossegue nesta sexta-feira no Instituto de Economia (IE). A publicação é organizada pelos professores Antônio Márcio Buainain (IE) e Maria Beatriz Machado Bonacelli (Instituto de Geociências), e pela ex-pesquisadora da Unicamp Cássia Isabel Costa Mendes, analista da Embrapa Informática Agropecuária. 

Segundo Antônio Buainain, o seminário foi idealizado por conta do livro para debater a importância da propriedade intelectual para a pesquisa pública e privada e para a inovação; as relações entre as instituições de pesquisa e o setor privado e o papel destas instituições na inovação; e a capacitação de recursos humanos, geração de conhecimento e pesquisa científica, entre outros temas. “O debate contará com a participação de stakeholders relevantes na área, como resultado de pesquisas desenvolvidas no âmbito do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento (INCT/PPED), do qual o IE e o IG são integrantes.” 

O agrônomo e pesquisador Maurício Lopes, presidente da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), foi convidado para conceder a palestra de abertura do evento, sobre “O futuro da agricultura e a inovação”. “Vou começar falando sobre o passado recente da agricultura brasileira, pois o que o país fez nos últimos 40 anos não é nada menos que extraordinário”, adiantou. “Saímos da situação de um país que ainda não tinha alcançado a sua segurança alimentar (importador de alimentos), ao tomarmos a decisão de construir um modelo de agricultura baseado na ciência.” 

Maurício Lopes lembra que, no início dos anos 1970, o Brasil não possuía um modelo consolidado no chamado “cinturão tropical” do globo e, portanto, não contava com instrumentos, conhecimentos e tecnologias para superar os grandes problemas de um país continental. “Temos uma base de recursos fabulosa, mas problemas muito próprios: solos tropicais ácidos e pobres, de baixa fertilidade, e a necessidade de tropicalizar sistemas de produção vegetal e animal. O Brasil fez uma revolução muito importante. Acredito que nenhum outro país fez, em espaço de tempo tão curto, um progresso tão significativo.” 

Segundo Lopes, o início desta revolução na agricultura coincide com o surgimento da Embrapa em 1973 e com uma decisão de governo por fortalecer as universidades, enviando para várias instituições ao redor do mundo profissionais para mestrado e doutorado. Uma grande vantagem foi de já termos naquela época excelentes universidades agrárias, capazes de prover profissionais com uma formação muito sólida e que, indo para especializações no exterior, voltaram para ajudar o Brasil a construir esta grande revolução.” 

O presidente da Embrapa ressalta que o Brasil hoje é um país seguro do ponto de vista alimentar e grande provedor de alimentos para mais de 200 mercados do planeta, graças ao forte investimento em um conceito próprio de agricultura baseada em ciência. “E daqui para o futuro? Tenho certeza de que os desafios serão igualmente substanciais. Estamos vivendo um momento de mudanças expressivas: o multilateralismo perdeu espaço no mundo, havendo uma profusão de forças em jogo; a mudança tecnológica acontece de maneira quase alucinante em algumas frentes; desafios de natureza transnacional, como as mudanças climáticas; e aqueles relacionados a segurança biológica, bem como a pragas, doenças e contaminantes.” 

A palestra da Maurício Lopes foi seguida de mesa-redonda sobre “Propriedade intelectual e inovação: debate e evidências inconclusivas”, com a participação dos professores da Unicamp Carlos Américo Pacheco, Gonçalo Pereira e José Maria da Silveira, e de Cláudia Chamas, da Fiocruz. Na sexta, mais três mesas: “Indústria de sementes, inovação e propriedade intelectual”, “Indicação geográfica, marcas e desenvolvimento da agricultura” e “Propriedade intelectual e inovação na agricultura”.