Fórum Permanente discute
assistência obstétrica

31/03/2016 - 16:11

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João Paulo Souza, da USP

João Paulo Souza, da USP

Eliana Amaral, da FCM

Eliana Amaral, da FCM

O professor José Marcos, da CGU

O professor José Marcos, da CGU

Evento no Centro de Convenções

Evento no Centro de Convenções

O Brasil passa por um momento de transição no que se refere à assistência obstétrica. Para o médico João Paulo Souza, professor da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto (SP) e assessor da Organização Mundial da Saúde (OMS), apesar da existência do que ele denominou de uma "epidemia de cesáreas", o sistema de saúde, sobretudo o complementar, está sendo levado a repensar o seu atendimento às mulheres. 

Para o especialista, que participou de Fórum Permanente de Vida e Saúde na Unicamp, tal mudança é positiva. “Vivemos um momento de transição no Brasil, em que a assistência obstétrica focada em si mesmo, busca e precisa, agora, ser focada cada vez mais na mulher, nas suas necessidades e preferências. A expectativa de que estamos vivendo uma transição vem muito sendo puxada pelo movimento social das mulheres, que cada vez mais se tornam agentes desse processo, pedindo e demandando ações mais apropriadas e focadas na mulher”, explicou.

Para o médico, que fez mestrado, doutorado e pós-doutorado na Unicamp, “a epidemia de cesáreas decorre, em grande parte, do fato de que boa parte do sistema de saúde, principalmente o sistema complementar, foca a decisão para o parto na necessidade do próprio sistema.” “Portanto, o que está em jogo, muitas vezes, é a conveniência do sistema e do profissional de saúde, o que acaba favorecendo a realização de tantas cesáreas”, constata. 

João Paulo Souza falou durante a abertura do Fórum Permanente que discutiu o tema na Unicamp nesta quinta-feira (31) no Centro de Convenções da Universidade. O evento, intitulado “Qualificando a saúde materna e perinatal”, foi organizado pelos professores Eliana Amaral, Renato Passini Júnior e Belmiro Gonçalves Pereira, que atuam no Departamento de Tocoginecologia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e no Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti (Caism-Unicamp). 

“O objetivo do evento é proporcionar uma reflexão e um debate sobre o que se sabe, particularmente na literatura internacional, a respeito do que é qualificação obstétrica, trazendo algumas experiências nacionais para uma discussão sistêmica da organização dos serviços de saúde. Para nós, qualidade obstétrica significa qualidade técnica, mas humanística também”, ressaltou a organizadora Eliana Amaral. 

O Fórum Permanente reuniu diversos especialistas de universidades, hospitais brasileiros, instituições e redes de assistência e pesquisa. A abertura do evento contou com a participação do professor José Marcos Pinto da Cunha, que representou o coordenador geral da Unicamp, Alvaro Penteado Crósta; e de Luís Otávio Zanatta Sarian, superintendente do Caism.  Os Fóruns Permanentes são sistematizados pela Coordenadoria Geral da Universidade (CGU).