Lean Healthcare arrebanha mais
seguidores para gestão em saúde

12/11/2015 - 11:28

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Maria Isabel Freitas, diretora da FEnf

Maria Isabel Freitas, diretora da FEnf

A enfermeira Isilda Sueli Assunção

A enfermeira Isilda Sueli Assunção

Primeira mesa-redonda do dia

Primeira mesa-redonda do dia

Público durante o Fórum

Público durante o Fórum

No Brasil, para 2050, as estimativas são de uma população brasileira de 259,8 milhões com expectativa de vida ao nascer de 81,3 anos. É neste contexto que os conceitos de Lean Healthcare, uma abordagem de gestão inovadora criada há mais de uma década, e mais recentemente na área de saúde, devem contribuir para melhorias na assistência ao paciente e aos serviços, além de redução do desperdício com saúde no país. A origem desse conceito migrou do Sistema Toyota de Produção, que tem em seu cerne a questão da qualidade, devendo reduzir gastos e agregar mais valor ao cliente.

Foi sobre esse assunto que tratou a primeira mesa-redonda do Fórum Permanente Vida e Saúde, realizada na manhã desta quinta-feira (12) no Centro de Convenções da Unicamp, organizado pela Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e pela Faculdade de Enfermagem (FEnf), e promovido pela Coordenadoria Geral da Universidade (CGU). Lean Healthcare é uma linha de pesquisa na Unicamp dirigida pelo neurologista da FCM Li Li Min.

Flávio Battaglia, representante do Lean Institute Brasil (entidade brasileira sem fins lucrativos), introduziu o conhecimento acerca de Lean Healthcare como uma abordagem de gestão inovadora na enfermagem e na saúde no Brasil. Em sua opinião, essa introdução poderá somar inúmeros benefícios às instituições públicas e privadas. A possibilidade de economizar recursos e liberar capacidade operacional é imensa. “Já temos diversas iniciativas de aplicação do Sistema Lean na gestão da saúde. Foi um sistema que revolucionou a indústria automotiva mundial e vem sendo copiado por empresas de todos os tamanhos e segmentos."

Ele comentou que o Lean Healthcare traz a capacidade de identificar e de resolver problemas de maneira inteligente. “A Europa, os Estados Unidos e a Austrália são os países em que o tema é mais avançado. O Brasil tem que sair do patamar do conhecimento e partir para patamares mais desafiadores. Devemos pensar nesse conhecimento como um sistema de gestão com diversas técnicas e conceitos, mas também como um componente social. Lean não pode ser encarado como algo a mais. Deve ser uma maneira diferente de perceber, pensar e agir na realidade”, salientou. "No ambiente hospitalar, o intuito da ferramenta é ainda reduzir esperas, eliminar filas, diminuir custos e retrabalho."

Hospital São Camilo
Um dos hospitais brasileiros que adotou os conceitos de Lean Healthcare foi o Hospital São Camilo-Pompéia, em São Paulo, que o implantou primeiramente em seu pronto socorro. Esse trabalho começou em abril deste ano e agora, em novembro, chega à sua segunda fase. “Buscamos resultados dramaticamente melhores: sermos o melhor PS de São Paulo e do Brasil”, informou Alex Sandro Araujo da Silva. “Sabíamos que esse era um desafio ousado, mas que teria um importante impacto na assistência”, disse.

O PS do Hospital São Camilo-Pompéia recebe cerca de 20 mil pacientes por mês. “Depois de mapearmos as atividades do PS, tivemos que entender a sua problemática”, afirmou Alex Sandro. Ele relatou que, naquele momento de implantação, o hospital passava por reformas, mudanças físicas, adaptação de áreas provisórias, pela implantação de um novo sistema de informática, entre outros fatores. Isso tudo era agravado por um surto de dengue que houve na Capital no mês de março e por um número elevado de reclamações de pacientes ao Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC). Para passar pela triagem, demorava-se até uma hora.

O hospital optou pela ferramenta Lean. "Fizemos então um mapeamento da triagem segundo classificação de risco do paciente, mapeamos documentos, passamos a adequar o quadro de pessoal de enfermagem e médicos no PS, introduzimos um protocolo de atendimento segundo classificação por cores, redefinimos os papéis dos profissionais da triagem, estabelecemos metas para atendimento na triagem até dez minutos, separamos o fluxo de atendimento, criamos um plano de contingência para atender na triagem a partir de 30 minutos de espera, fizemos adequação e estruturação da equipe de TI e melhorias no índice de satisfação dos pacientes. Também criamos novas especialidades para o PS, entre elas Geriatria e Infectologia”, expôs o representante do Hospital São Camilo.

Os primeiros resultados apareceram e, com as ações de melhoria, o hospital passou a monitorar os seus novos indicadores. Enquanto no mês de março, por exemplo, apenas 32% dos pacientes eram atendidos em até dez minutos, no mês de outubro mais de 90% dos pacientes conseguiram ser atendidos nesse mesmo tempo. A Rede São Camilo é uma das pioneiras na adoção do Sistema Lean no segmento hospitalar brasileiro e já alcançou uma economia em processos em torno de 2 milhões de reais e um aumento de até 30% em produtividade.

A Rede está implantando a metodologia nas suas três Unidades: Pompéia, Santana e Ipiranga, com o apoio de cerca de 250 funcionários que foram treinados na metodologia Lean Six Sigma. No projeto-piloto, implantado no centro cirúrgico da Unidade Pompéia, a adoção do sistema gerou a eliminação de etapas desnecessárias no processo da cirurgia, o que fez com que o intervalo de tempo entre as cirurgias caísse de 1h30 min para 30 min, liberando para o hospital o equivalente a cinco salas cirúrgicas no horário nobre (7h às 19h).

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Metodologia eficaz, integra colaboradores, melhora o fluxo de valor agregado para os pacientes, reduz desperdícios e melhora qualidade dos serviços.

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