Dirigentes, docentes, estudantes e funcionários da Unicamp uniram-se aos familiares e amigos do filósofo Fausto Castilho para prestar a última homenagem ao professor emérito da Universidade, falecido na manhã desta terça-feira (3) em Campinas. O corpo do intelectual, um dos fundadores do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), foi velado durante a tarde no saguão da Biblioteca Octavio Ianni do IFCH. De lá, foi transladado para o Cemitério do Araçá, em São Paulo, onde será sepultado às 11 horas desta quarta-feira, dia 4.

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Durante o velório, o padre Norberto Tortorelo Bonfim, capelão do complexo hospitalar da Unicamp, deu a benção e destacou a importância do professor Fausto Castilho tanto como intelectual quanto como ser humano. O reitor em exercício da Universidade, Alvaro Crósta, manifestou à viúva, Carmen, o sentimento de pesar de toda a instituição. Crósta também falou sobre a contribuição fundamental que o intelectual deu para a construção da Unicamp em geral e do IFCH em particular.

“Sentimos profundamente a perda do professor Fausto Castilho, cuja dimensão e importância para a Unicamp transcendem o notável intelectual e educador admirável. O professor Fausto teve também papel fundamental na construção das Ciências Humanas da Unicamp, o que aumenta significativamente a dimensão desta perda”, afirmou o reitor em exercício.

 

Também presente ao velório, o ex-reitor da Unicamp, Carlos Vogt, amigo de Fausto Castilho, deu um depoimento pessoal sobre o filósofo. “Fausto foi o meu primeiro contato com a Unicamp, em 1969, quando ele preparava o segundo grupo de professores para integrar o projeto de formação, no IFCH, do núcleo de ciências humanas estruturado, intelectual e academicamente, em torno da linguística, então considerada, na modernidade da época, a ciência piloto da aproximação das humanidades, da lógica e da matemática. Foi um contato definidor e definitivo. Fausto se vai e, além do legado da Universidade que ele muito contribuiu para construir, deixa para ela a preciosidade da sua biblioteca e para nós todos a saudade imensa de seu jeito voluntarioso, inteligente e afetivo de estar no mundo para fazê-lo melhor”.

Carmen Pontvianne de Castilho, que permaneceu casada por 54 anos com Fausto Castilho, falou emocionada sobre a dedicação do marido à educação e à Unicamp. “Ele se manteve ativo até os últimos momentos. Mesmo dopado pelos remédios, ele sonhava com as atividades que ainda queria desenvolver na Universidade”, contou. Amigo e ex-orientado de Fausto Castilho, Alexandre Soares, docente da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), mencionou a importância da reflexão que o filósofo fez sobre a universidade brasileira, em especial a universidade pública.





 

Conforme Soares, Fausto Castilho deixa um legado intelectual muito importante, visto que foi o inspirador de várias gerações. “Ele era um excelente professor. Sabia como encantar os alunos e instigá-los a pensar”, disse. Soares, junto com Carmen, são responsáveis pela gestão de um fundo criado por Fausto Castilho, cujo objetivo é fomentar o estudo da filosofia por meio da publicação de livros relacionados a essa área do conhecimento.

Diretor do IFCH, o professor Jorge Coli enfatizou igualmente o papel histórico cumprido por Fausto Castilho para a construção da Unicamp. “Ele esteve nos primórdios de nossa Universidade e foi um dos criadores do IFCH. Vinculou-se de modo orgânico ao Instituto, ao qual permaneceu fortemente ligado mesmo depois de sua aposentadoria. O último grande ato de generosidade para conosco foi a doação de sua notável biblioteca [com cerca de 10 mil volumes], que estará disponível em breve. Além disso, foi um intelectual do mais alto nível, de projeção nacional e internacional. Sua tradução de Heidegger, seus trabalhos sobre Sartre e Descartes são referências definitivas. Dessa grande perda temos apenas um consolo: o de saber que Fausto Castilho teve uma bela vida, consagrada à reflexão, à crítica, à inteligência”, pontuou.

Licenciado em filosofia pela Universidade de Sorbonne (Paris, França), Fausto Castilho foi um dos fundadores do IFCH-Unicamp. Ele dirigiu as coleções multilíngues de filosofia e estudos de filosofia moderna e contemporânea da editora da Unicamp. Foi tradutor, entre outros, de Ser e Tempo (Heidegger), do Manual dos cursos de Lógica Geral (Kant), além de ter escrito obras como O conceito de universidade no projeto da Unicamp; Considerações em torno do contencioso; e As determinantes da Longa Duração e sua conversação: o impasse.

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