Seminário Paulo Freire é aberto
com reflexões sobre diversidade

07/08/2014 - 12:51

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Genézio Mesquita, organizador do evento

Genézio Mesquita, organizador do evento

João Frederico Meyer, pró-reitor de Extensão

João Frederico Meyer, pró-reitor de Extensão

Angela Maria de Souza, pró-reitora de Extensão da Unila

Angela Maria de Souza, pró-reitora de Extensão da Unila

Embora tenha sido promulgada em 2003, a lei que estabelece a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura afro-brasileira nos estabelecimentos públicos e privados de ensino fundamental e médio do Brasil ainda não é cumprida na prática. “Infelizmente, ainda há muita resistência nesse sentido. Para piorar, não existe cobrança por parte das autoridades do cumprimento da legislação”, afirmou Genézio Lima de Mesquita, funcionário da Unicamp e organizador do XII Seminário Internacional Paulo Freire, aberto na manhã desta quinta-feira (7) no Centro de Convenções da Universidade. Nesta edição, o evento tem como tema central “Educação e Reflexão Freireana: A africanidade no contexto da diversidade social brasileira”.

Segundo Mesquita, muitos professores das redes pública e privada também não se sentem preparados para trabalhar com o tema em sala de aula. “Isso é muito grave, pois a discriminação racial ainda está muito presente no país. Um exemplo disso é o pequeno número de afro-descendentes que exercem mandatos como vereadores, deputados, prefeitos e senadores”, disse. Assim como ele, outros participantes do seminário destacaram a importância de se abordar conteúdos relacionados à história e a cultura africana na escola.

O vereador por Campinas Carlos Roberto de Oliveira lembrou que nenhuma criança nasce racista. “O racismo é resultado principalmente da falta de informação. Por isso é importante que a história e a cultura africana estejam presentes na escola. Somente com a informação é que conseguiremos transformar o conjunto da sociedade brasileira”, defendeu. Para a pró-reitora de Extensão da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), Angela Maria de Souza, a universidade tem um importante papel a cumprir no debate contra a discriminação racial e em favor da integração.

Ela destacou que o pensamento freireano pode contribuir para enfrentar esse desafio, visto que é ele fortemente marcado pela defesa da diversidade. Antes de participar do seminário, a representante da Unila esteve reunida com o pró-reitor de Extensão da Unicamp, João Frederico da Costa Azevedo Meyer, o Joni.  No evento, Joni lembrou que a Universidade tem tradição nessa área. Em 2004, destacou, a instituição criou o Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social (Paais), o primeiro programa de ação afirmativa sem cotas implantado em uma universidade brasileira.

“O Paais objetiva estimular o ingresso de estudantes da rede pública na Unicamp, ao mesmo tempo em que promove a diversidade étnica e cultural”. O aspecto mais importante do programa é a adição de pontos à nota final dos candidatos no vestibular. Os estudantes que participam do PAAIS recebem automaticamente 60 pontos a mais na nota final. Candidatos autodeclarados pretos, pardos ou indígenas que tenham cursado o ensino médio em escolas públicas têm além dos 60 pontos adicionais, mais 20 pontos acrescidos à nota final.

Ao falar sobre Paulo Freire, Joni revelou ao público, formado em sua maioria por estudantes, que teve a oportunidade de conviver intimamente com o educador. “Foi meu pai quem ajudou Paulo Freire a deixar o Chile depois do golpe militar e se transferir para a Suíça. Naquele país, quando eu e minha esposa precisávamos sair, deixávamos nossos dois filhos aos cuidados de dona Elza, mulher de Paulo Freire”, revelou.

O XII Seminário Internacional Paulo Freire terá continuidade nesta sexta-feira, também no Centro de Convenções da Unicamp. No período da manhã, estão programadas uma mesa de debates e uma apresentação cultural.