Professor da UFMG dá
aula inaugural na Feec

27/03/2014 - 11:42

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O professor Ronaldo Tadéu Pena, da UFMG

O professor Ronaldo Tadéu Pena, da UFMG

Plateia formada com predomínio de estudantes

Plateia formada com predomínio de estudantes

"A universidade deve ser comprometida com o desenvolvimento econômico do país", disse o engenheiro eletricista Ronaldo Tadéu Pena, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e atual diretor-presidente do Parque Tecnológico de Belo Horizonte, durante aula inaugural aos graduandos ingressantes na Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (Feec) da Unicamp. O evento foi realizado nesta quinta-feira (27), na sala FE-02. O engenheiro veio para falar sobre a instituição universitária, partindo de Bolonha ao Brasil de hoje. Pena contou um pouco sobre a história do surgimento da instituição 'universidade' no mundo, falou sobre a importância das agências de fomento à pesquisa e dos cursos de pós-graduação, além dos avanços.

Segundo o engenheiro, a universidade aparece na Europa Medieval. Teve início com os Studia generalia, cujo o ensino era aberto. Até então, o conhecimento pertencia, em exclusividade, à Igreja Católica, mas as cidades precisavam que ele fosse expandido para auxiliar questões que não eram resolvidas facilmente pelo senso prático. O mais antigo Studium generale foi a Universidade de Bolonha, que começou a se desenhar em 1088, oferecendo bacharelado, mestrado e doutorado. Lá estudava-se retórica, gramática, geometria e lógica, entre outras disciplinas.

Em 1096, foi criada a Universidade de Oxford, na Inglaterra, e, com o assassinato de dois estudantes, houve uma dissensão. Surgiu outra renomada instituição – a Universidade de Cambridge. Eram sociedades privadas, mas muito prestigiosas. Exemplo disso é que já há 800 anos havia leis de proteção contra prisão injusta de jovens universitários.

“No século 13, essas corporações passaram a ter funções administrativas e no fim do século 14 já se vislumbrava a universidade como é concebida hoje”, descreve o palestrante. Nos primeiros anos [e praticamente até o momento], eram dois modelos de ensino universitário: o francês, que não incluía muitos ofícios, e o inglês, que aglutinava num mesmo espaço vários cursos.

A Universidade de Paris foi o modelo por excelência para a Europa e as universidades inglesas foram a inspiração para as instituições americanas. “Nos Estados Unidos, o que ocorreu foi uma evolução dos colleges”, conta ele. A Universidade de Stanford (1891) foi criada por Stanford em homenagem ao filho falecido aos 15 anos. Trata-se do maior campus em área do mundo.


Brasil
No Brasil, a universidade foi criada em 1920 na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A universidade brasileira já estava prevista na Inconfidência Mineira (1789), mas teve formação tardia, através do agrupamento de escolas profissionais existentes nas primeiras décadas do século 20.

Na década seguinte, o grande passo veio com a ideia de que as universidades deviam produzir conhecimento. A USP, por exemplo, trouxe ao país muitas missões estrangeiras para auxiliar na tarefa da formação de professores e instituição dos cursos. A seguir, na década de 1950, surgiram agências de fomentos como a Capes, CNPq, ITA e BNDE.

Na década de 1960, foram criadas a Coppe e a Finep (Agência Brasileira de Inovação). Vieram as FAPs (Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa) e, com elas, a Fapesp, a Faperj e a Fapemig. Hoje são 26 FAPs. Roraima é a única exceção.

A pós-graduação no Brasil é de 1960. Em 1987, o Brasil formou 22% dos doutores que os Estados Unidos formavam. "Mas devemos levar em conta que o Brasil tem 12% do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos. “Então está havendo crescimento”, comenta o professor. Em 2012, eram 5.082 cursos (mestrado, doutorado e mestrado profissional).

Para onde vamos? Pena acredita que a universidade deve ser comprometida com o desenvolvimento econômico do país, deve ter a inovação tecnológica como a base desse desenvolvimento econômico e que o próximo passo do sistema universitário brasileiro deve ser o de manter os avanços já alcançados e criar ambientes favoráveis à inovação. “Os físicos e os biólogos estão fazendo a inovação do país. É a hora da inovação para outras áreas também”, convida o palestrante.