O som
em si
mesmo
por Makis
Solomos

15/08/2013 - 17:27

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Makis Solomos - da musica ao som

Makis Solomos - da musica ao som

Stéphan Schaub, Makis Solomos e Manzoll

Stéphan Schaub, Makis Solomos e Manzoll

O professor Makis Solomos, da Universidade Vincennes-Saint-Denis, a Paris 8, ministrou na Unicamp o curso Da musica ao som – a emergência do som na música dos séculos XX e XXI, com duração de uma semana. A atividade, que contou com a participação de pesquisadores da área, foi encerrada na última sexta-feira (16). 

A viabilização do evento se deu graças a uma parceria entre o Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora (NICS), coordenado pelo professor Jônatas Manzolli, e a pós-graduação em música do Instituto de Artes (IA), coordenado pelo professor Silvio Ferraz. O curso contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). 

Especialista no compositor grego naturalizado francês Iannis Xenákis, o professor Solomos afirmou ter escolhido um tema que atraísse para o curso também os não especialistas. Ao trazer o som como foco central, Solomos inverte o entendimento comum do som como uma espécie de matéria prima para a música.  O docente da Paris 8 acrescenta que a evolução histórica tende, normalmente, a compreender a música como uma elaboração do som. 

Ele explica, no entanto, que existe uma vertente importante da evolução histórica que está orientada no caminho oposto – da música ao som. O que não significa, segundo ele, um afastamento da arte. “Na música nos dias de hoje, não apenas em música contemporânea, mas também no jazz, na música popular, no rock, vemos a qualidade da gravação, do instrumento, como preocupação central, então o som em si mesmo é o ponto principal”, sustenta.

Ainda segundo Makis Solomos, ao contrário da musica atonal, em que a vanguarda do século 20 criara uma categoria pela negação, a música contemporânea busca se definir pela afirmação, pois ela é baseada no som. O pesquisador explica que, apesar de a música contemporânea não estar ligada apenas aos avanços tecnológicos, estes permitem que se trabalhe o som com uma profundidade antes não imaginada. No campo da eletroacústica, por exemplo, é possível trabalhar com frequências divididas em microssegundos, impossíveis de apreender no nível da percepção. “Com a tecnologia nós podemos ir abaixo desse nível, que não é ouvido como tal, mas que determina o som”, específica o professor.

O docente Stéphan Schaub, que desenvolve pesquisa com temas semelhantes em seu pós-doutorado na Unicamp, acompanhou Solomos em uma conversa com um grupo de estudantes de pós-graduação sobre conceitos específicos e seus trabalhos de mestrado e doutorado, dos quais alguns são baseados no trabalho de Iannis Xenakis.