O bom balanço da campanha
contra o câncer de intestino

08/11/2012 - 08:49

Teixeira Mendes e Lila Cruvinel: campanha volta em fevereiro

A Unicamp está fechando o balanço do primeiro ano de uma iniciativa inédita no país: a campanha de prevenção do câncer de intestino grosso (cólon e reto) com a oferta do Teste de Pesquisa de Sangue Oculto nas Fezes para todas as pessoas da comunidade com 50 anos ou mais de idade – um universo de 4 mil funcionários docentes e não docentes, de 79 órgãos e unidades. “Todos receberam kits para coleta de amostra de fezes e o retorno foi de 50%, adesão muito boa para uma primeira campanha”, informa o professor Roberto Teixeira Mendes, coordenador do Centro de Saúde da Comunidade (Cecom).

O câncer de intestino tem a característica de se desenvolver a partir de lesões benignas, os pólipos, cuja remoção, por meio da colonoscopia, implica em efetiva prevenção contra o aparecimento da doença. “Foram realizadas 2.037 leituras de exames, com 409 resultados positivos para sangue oculto (20%). Essas pessoas foram encaminhadas para a colonoscopia, registrando-se 70% de casos positivos, a grande maioria de pólipos e quatro de câncer. Portanto, tivemos perto de 280 funcionários apresentando pólipos que poderiam evoluir para o câncer e que foram beneficiados por este diagnóstico preventivo. Isso comprova a relevância desta campanha”, observa Teixeira Mendes.

Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) de 2012, o câncer de intestino grosso passou de 3º para 2º em incidência na região de Campinas, tanto em homens como em mulheres, sendo o 5º que mais leva a óbito. O professor Cláudio Coy, idealizador da campanha e coordenador do Gastrocentro da Unicamp (unidade que disponibiliza as colonoscopias), explica que o tempo médio para o pólipo tornar-se câncer varia de cinco a dez anos. “Como o crescimento é lento os sintomas são percebidos tardiamente, pegando de surpresa as pessoas que não estão informadas.”

O objetivo é tornar esta campanha da Unicamp perene e ela será repetida a partir de fevereiro de 2013, com o apelo de que mesmo quem apresentou resultado negativo faça o exame anualmente, assegurando a eficácia da estratégia de prevenção. “Cumprimos a meta de atingir entre 40% e 50% da população alvo e agora estamos fazendo um balanço tanto dos dados como da estratégia para ampliar ainda mais a adesão. O quadro da Unicamp está envelhecendo e no ano que vem teremos mais pessoas entrando nesta faixa etária – mas um número menor delas com problemas, já que identificamos muitos casos este ano. Os recursos para o kits estão garantidos e agora vamos procurar aprimorar a operacionalização”, adianta o coordenador do Cecom.

Lila Cruvinel, assessora responsável pelos programas do Cecom junto às unidades, admite que em locais com maior concentração de funcionários, como o Caism e o Hospital de Clínicas, surgiram gargalos que obrigaram ao aumento das horas dedicadas pelos médicos à colonoscopia. “Solucionado o gargalo, voltava-se para a agenda rotineira.”

Fato é que a campanha da Unicamp já mereceu prêmio no último Congresso Nacional de Coloproctologia, o que aumenta sua visibilidade e a possibilidade de servir de modelo para serviços públicos de saúde. “Não há projeto igual no país, nem em municípios, nem em empresas, embora não estejamos criando nada de novo: o exame já existe, é simples, barato (o kit custa cinco reais) e poderia entrar facilmente na linha de um laboratório municipal, mas as pessoas não o fazem porque falta uma ação integrada para mobilizá-las. O exemplo da Unicamp tem o mérito de ajudar a criar a cultura dos exames de rotina. Para o próximo ano estamos pensando em uma estratégia também para o câncer de próstata, que é o mais prevalente em homens”, revela o coordenador.

Cecom nas Unidades

Na opinião de Roberto Teixeira Mendes, esta campanha de diagnóstico precoce de câncer colo-retal é simbólica da mudança no modo de atuação do Cecom. “Nosso serviço de saúde sempre atendeu a demandas individuais da comunidade. Mas acreditamos que a função mais nobre do Cecom é a de promover a saúde e viabilizar diagnósticos precoces e tratamento de doenças crônicas. Uma das estratégias é o Programa de Saúde do Cecom nas Unidades. Contando  com a parceria das unidades para identificar os problemas prevalentes em cada uma delas  e com a colaboração da DSSO [Divisão de Segurança e Saúde Ocupacional] traçando um perfil de problemas identificados no periódico, levamos atividades  customizadas, por exemplo, a hipertensão, diabetes, hipercolesterolemia, orientação alimentar, atividade física, tabagismo e alcoolismo. ”

Mais sobre o tema
Unicamp inicia campanha inédita de prevenção do câncer de intestino grosso 

 

 

Comentários

Gostaria de parabenizar toda equipe pela grande iniciativa. Concordo com o que disse o professor Roberto Mendes, que promover a saúde e viabilizar diagnósticos precoces e tratamento de doenças crônicas, seja uma função nobre para o Cecom.
Sei exatamente o que é ser diagnosticado com câncer e precisar de cirurgia urgente. Fui operada pela equipe do Dr. Nelson Andreollo (Gastrocentro), e graças ao diagnóstico precoce, estou curada.

Kimie

Email: 
kimieali@fea.unicamp.br

Considero que campanha preventiva como essa que tive oportunidade de participar, além de evitar doenças e/ou poder fazer um tratamento, na obtenção de um diagnóstico positivo, é muito valioso e com certeza deveria haver outras campanhas. Sugiro que se promova campanhas nutricionais, inserindo mais verduras, legumes e frutas no cardápio diário de professores, alunos e funcionários, incluindo os restaurantes próximos.

Email: 
marcia@unicamp.br

Também gostaria de parabenizar a equipe liderada pelos professores pela iniciativa em oferecer esse exame preventivo. Há alguns anos meu pai foi diagnosticado com câncer de intestino e desde então vem sendo (MUITO BEM) tratado pelos profissionais do HC Unicamp. Se tivesse havido a possibilidade dele ter realizado este exame preventivo anteriormente, todo o transtorno e sofrimento ocasionado por esta doença provavelmente teria sido evitado.

Abraços e obrigada.