Lima Duarte recebe
homenagem no Simtec

07/11/2012 - 18:25

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Lima Duarte

Lima Duarte

Edison Lins, Lima Duarte e Vera Toledo

Edison Lins, Lima Duarte e Vera Toledo

Recepção ao ator Lima Duarte

Recepção ao ator Lima Duarte

Um concerto de arrepiar para um homem com uma história de arrepiar. Foi assim que o Coral da Unicamp Zíper na Boca saudou o ator Lima Duarte, com uma performance irretocável para as peças Brasil Pandeiro, de Assis Valente, Isso Aqui o que é?,  de Ary Barroso, e Baião, de Luiz Gonzaga. Antes da apresentação do coro, no Centro de Convenções da Unicamp, o ator recebeu das mãos do coordenador-geral da Unicamp, Edgar Salvadori De Decca, o primeiro troféu Simtec, por sua trajetória de vida. As homenagens, precedidas de um bate-papo entre Lima Duarte e a comunidade acadêmica, encerraram as atividades do 4º Simpósio de Profissionais da Unicamp.

“Deixa eu contar só mais um causinho”, disse Lima, ao ser convidado para ocupar um lugar na plateia para assistir ao concerto do Zíper na Boca após sua apresentação. A simplicidade do bom mineiro, que voou alto em terras paulistas sem abrir mão de todas as experiências vividas na cidade de Nossa Senhora da Purificação do Desemboque e do Sagrado Sacramento, foi a grande surpresa do evento. Foi como se Lima abrisse para seus espectadores do cinema e da teledramaturgia, sem reservas, parte de um diário, no qual se registram fatos da vida pessoal e profissional e, além disso, desvelasse resumidamente aspectos curiosos da teledramaturgia brasileira.

O homem que participou da primeira transmissão televisiva da América Latina, em 18 de setembro de 1950, orgulha-se por ter marcado presença na primeira gravação em cores e em todas as inovações tecnológicas que envolvem a evolução da mídia. “A tecnologia promove alteração no drama, na forma de se aproximar. Cada inovação transforma quase tudo num outro suporte. A primeira gravação de videoteipe foi uma surpresa, assim como a primeira gravação em cores, no Bem Amado.” Lembra espontaneamente da primeira gravação na nova república. Orgulha-se por ter feito o primeiro Shakespeare na TV brasileira.

Com tanta mudança, os atores são condicionados a pesquisar e entender a possibilidade de cada novo veículo, de acordo com Lima. Até porque a maneira de interpretar não muda, o que muda é a sensibilidade. “Hoje eu sou capaz de dizer eu te amo em determinada cena para uma pessoa dentro da sala, e essa uma pessoa são milhões de pessoas. E todas recebem. Isso é sensibilidade.”

A mãe, artista de circo, foi inspiração não somente na arte, mas em tudo o que diz respeito a sua vida, segundo Lima. Ele a descreve como uma mulher excepcional que enfrentou todo tipo de preconceito. “Minha mãe me inspirou não somente como ator, mas pela coragem, pela força que precisou ter ao longo da vida”, reforça. Aliás, foi ela que emprestou a Ariclenes Venâncio o nome de seu guia de luz, Lima Duarte. “Eles não quiseram me lançar como Ariclenes, tampouco como Luiz Alberto, nome que eu escolhi”, diverte-se.

Durante a palestra, Lima relembrou o tempo em que trabalhava no mercadão, carregando fruta para ganhar um trocado, sem qualquer pretensão de ser ator, apesar da convivência com a mãe. “Pensava em admirá-la e adorá-la. Ela era meu espelho.” Foi levado por uma companheira que conheceu em São Paulo, Madame Paulette, aos 15 anos de idade, para um teste na Rádio Tupi, onde obteve seu primeiro emprego na área de comunicação. No início, fazia de tudo, menos atuar, talvez pelo “mineirez”, que lhe rendeu o apelido “Voz de Sovaco”, dado pelo diretor da rádio, quando Lima pediu uma oportunidade. A mesma “voz de sovaco” ficou imortalizada na fala de um de seus mais famosos personagens, o Zeca Diabo, da novela O bem-amado. “Tinha minha coleção de vozes formada por Walter Foster, César Madeira, entre outros, mas comecei a atuar fazendo sons de galinha, batalhas, cavalos”, brinca.

Mas Lima tinha uma coleção vocal própria também, que deu sonoridade a muitos personagens de animação. Mostrou em quase uma hora de bate-papo no Simtec que colecionou personagens em 57 novelas e 32 filmes, colecionou milhares de fãs e, ao se aproximar e se dispor a contar sua história para um público desconhecido, certamente colecionou mais um bocado de admiradores, pois aqueles olhos admirados em cena brilham espontaneamente tanto na tela quanto em alguns minutos de conversa fora do drama.  

Sobre a arte na academia, o homem que chegou a São Paulo de carona num caminhão de manga lembra que a arte não brota na Universidade, mas sim nas ruas, nos olhares, nas pessoas, nas contradições sociais. “Cabe à Universidade codificá-la, compreendendo-a e estudando-a.”

 

Comentários

Lima Duarte, na minha opinião, foi o ápice do IV SIMTEC. A forma especial como atendeu a todos, sua fala cativante, seus causos e história de vida permearam o ambiente com seu toque de maestria, simplicidade e afetividade.

Email: 
furlan@eco.unicamp.br

O SIMTEC COMO UM TODO JÁ É ALGO "PATRIMONIAL" PARA OS SERVIDORES DA UNICAMP E O DESFECHO COM A VINDA DE LIMA DUARTE PARA AQUELE "BATE-PAPO" TÃO DELICIOSO SERÁ INESQUECÍVEL...! O CORAL "ZÍPER NA BOCA" , EM SUA HOMENAGEM AO ATOR, EXPÔS SEU TRABALHO ARTÍSTICO COM EXTREMO BRILHO E LANÇOU MAIS LUZ NAQUELA ATMOSFERA DE ENCANTAMENTO.
EDSON XAVIER DA SILVEIRA LUCCI

Email: 
edsonluc@unicamp.br

Excelente a matéria. Muito bem escrita. Não pude comparecer ao evento, mas pareceu-me estar presente, tão rico em detalhes está o texto. Parabenizo a Alice pela matéria e a equipe do SIMTEC que trouxeram à Unicamp tão ilustre figura.

Email: 
eleaga@unicamp.br

Parabens aos organizadores deste maravilhoso evento.
Lima Duarte que linnduuuuuuu, tudo de bom, não poderia ser melhor.
Há... O mais Xique de bunito.. Lurdinha ai na foto, amiga companheira, trabalhadeira que não tem tempo ruim e o mais xique é mineirinha tambem.
Um grande abraço.
Soninha

Email: 
soniab@reitoria.unicamp.br