Paul Zaloom, o Beakman, dá
show na Semana de Química

24/08/2012 - 17:30

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No show, fazendo voar papel higiênico

No show, fazendo voar papel higiênico

Na plateia, câmeras de todos os lados

Na plateia, câmeras de todos os lados

No palco, abraço inesperado de uma fã

No palco, abraço inesperado de uma fã

Na organização, Aline e Natália

Na organização, Aline e Natália

Na entrevista, sem jeito, com o vai-e-vem

Na entrevista, sem jeito, com o vai-e-vem

Como não poderia deixar de ser, o ator americano Paul Zaloom, que ficou conhecido mundialmente entre crianças e adolescentes no papel de Beakman, foi também a estrela maior da 11ª Semana de Química da Unicamp. Coube ao ator encerrar o evento na tarde desta sexta-feira (24), primeiro com um show no auditório da Faculdade de Ciências Médicas, seguido de um bate-papo com os estudantes no Museu Exploratório de Ciências, quando falou de sua trajetória. Antes, na parte da manhã, ele concedeu entrevista coletiva em local que a organização cuidou para que não vazasse, a fim de evitar o enorme assédio de estudantes visto no dia anterior.

No programa “Beakman’s World”, que no auge chegou a 90 países, Zaloom exibia experiências e abordagens científicas através do seu personagem e, ocasionalmente, interpretava cientistas já falecidos, como Einstein, Newton, Bernoulli, Graham Bell, Darwin e Benjamin Franklin. A série foi transmitida no Brasil pela TV Cultura entre 1994 e 2002, com uma breve passagem pela Rede Record em 1997. Também foi exibido pelo canal Cl@se de 2000 a 2005 e em 2006 pelo canal a cabo Boomerang. A Cultura voltou a exibir o programa dentro do bloco “Sessão da Hora” no primeiro semestre de 2011, fato que o ator desconhecia.

Na entrevista, Paul Zaloom revelou que nos Estados Unidos “O Mundo de Beakman”, curiosamente, tinha 52% da audiência formada por adultos, embora também houvesse crianças interessadas por ciência. “As crianças se sentiam atraídas pelo show: não só por causa do conteúdo, mas também do humor e do visual. Eu acho que o humor bastante idiossincrático, o design e a sensibilidade incomuns do programa foram os responsáveis por sua popularidade. Já o motivo para o programa ser tão popular no Brasil, é uma questão que ainda estou tentando entender. A tradutora me disse que ele é transmitido no horário nobre, cinco dias por semana. O tom, a sensibilidade e o visual devem ser algo forte para os brasileiros e também para outros latino-americanos.”

Zaloom, que já criou e atuou em vários espetáculos como performer, disse que não é reconhecido nos EUA pelo personagem Beakman. “Eu usava peruca e o programa só era exibido em algumas regiões. Não ligo. É diferente no Brasil, onde as pessoas parecem mais interessadas. Fiquei muito surpreso, chocado mesmo, com esta audiência. Mas é muito agradável. Quanto a abandonar o personagem e não usá-lo mais, ele é uma forma de me comunicar com as crianças. Sempre trabalhei como artista, não sou professor como são muitos artistas, eu trabalho com performances ao vivo. Além disso, adoro entreter crianças e continuo fazendo isso porque me divirto muito. Posso ser um velho agora, mas continuarei fazendo enquanto não for ridículo.”

Paul Zaloom falou ainda sobre seu sentimento diante do fato recorrente entre universitários, inclusive do Instituto de Química, de que “Beakman’s World” teve influência importante para que escolhessem a ciência como carreira. “Sinto-me feliz. Sabíamos que estávamos fazendo um show educativo e provavelmente melhor do que muito do que havia na TV, mas nunca imaginei algum tipo de efeito mais profundo. Eu ia para o trabalho e voltava para casa, era um anônimo. Mas ouço de pessoas: ‘sou um cientista por causa de você’. E ouço muito, mesmo. Não gosto de dizer que me orgulho disso, porque parece cafona, mas é muito bom.”

Como foi a Semana

Segundo Aline Vettori, coordenadora da 11ª edição da Semana de Química da Unicamp, a organização vinha mantendo contatos com Paul Zaloom desde novembro do ano passado, o que resultou na criação de vínculo que viabilizou o que considera um sonho. “Ninguém acreditou na sua vinda, mas quando ele respondeu o primeiro e-mail, vimos que era possível. Como na edição passada trouxemos o professor Peter Atkins, que provocou um grande crescimento na estrutura do evento, quisemos manter o nível. Acredito que a geração dos anos 90, que está agora na graduação, foi fortemente influenciada pelo Beakman. Foi um sonho que se tornou realidade.”

A Semana de Química contou com uma programação bem abrangente de minicursos, visitas a empresas e palestras, inclusive internacionais. Os temas focaram o cotidiano, ou seja, o conhecimento que não é passado em sala de aula, como por exemplo, a química da cozinha. “É importante dizer que o evento foi organizado somente por alunos, apesar dos vários apoios recebidos. Este é um diferencial da Semana de Química da Unicamp. Foram quase 40 estudantes envolvidos. Recebemos 400 inscritos de todo o país para as atividades da semana e em torno de 600 para os espetáculos do Beakman.”

 

Comentários

Creio que essa iniciativa do Museu Exploratório deva ser ampliada para a periferia de Campinas.

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