Retomada das atividades acadêmicas

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JU - Passado quase um ano desde a chegada da pandemia de Covid-19 ao Brasil, o cenário ainda é incerto quanto à retomada das atividades acadêmicas de forma presencial, em seus diversos segmentos. Como enfrentar essa realidade sem colocar em risco a saúde de estudantes, professores e funcionários e, ao mesmo tempo, preservar o andamento das atividades de ensino, pesquisa, assistência e administração?

Tom ZéA condução das atividades acadêmicas na vigência da pandemia de Covid-19 exige que a administração da Universidade esteja continuamente acompanhando a dinâmica epidemiológica local, regional e nacional. Além desta constante análise de cenário, impõe-se uma comunicação efetiva com toda a comunidade, em vista de tomadas de decisões praticamente em tempo real. A imprevisibilidade e as incertezas requerem ação organizada, coordenada e com uma representatividade chancelada pelo espírito de diálogo, sem perder de vista a qualidade das atividades fins da Unicamp.

As atividades de ensino remotas trazem, sem dúvida, prejuízos em relação às presenciais. Mesmo em disciplinas teóricas, em que boa parte do conteúdo pode ser trabalhado remotamente, a vivência do aluno na universidade, sobretudo na graduação, apresenta uma perspectiva formativa e social bem mais ampla.  A experiência presencial permite aos alunos uma inserção mais plena em tudo o que a Universidade oferece em termos de diversidade cultural, de opiniões, de formas de atuação profissional. Os conhecimentos transmitidos nas diversas disciplinas se consolidam pela troca de ideias e de experiências, pela formação de rede de contatos, preparando o aluno de maneira mais integral para sua futura vida profissional e em sociedade.

Entretanto, na situação epidemiológica atual, o uso de atividades de ensino remotas apresenta-se como alternativa possível e com melhor relação de compromisso entre resultados, segurança e custos, apesar dos inerentes prejuízos e limitações. Para garantir que essa estratégia seja minimamente bem-sucedida, é necessário qualificar todos os envolvidos, através do oferecimento de uma ampla estrutura de apoio tecnológico e pedagógico. Os setores responsáveis, como as coordenações e pró-reitorias, devem abrir canais de comunicação de fácil acesso, para detectar e solucionar rapidamente os problemas detectados.

É evidente que nem todas as atividades podem ser remotas. Existem disciplinas e pesquisas eminentemente práticas, ou que usam equipamentos e insumos que não podem ser substituídos por uma demonstração em vídeo ou uma simulação computacional. O desenvolvimento de certas habilidades ou atitudes profissionais requer a atuação em cenários de prática com tutoria. Nestes casos, deve-se adotar um modelo híbrido, que combine as atividades remotas às atividades presenciais de forma segura, garantindo distanciamento e um rodízio entre os alunos, docentes e pesquisadores para evitar aglomerações. Estas soluções devem levar em conta as realidades dos alunos que podem ter dificuldades de deslocamento, por exemplo por meio de arranjos temporários de moradia. Quando possível, pode-se buscar soluções como o uso de grandes anfiteatros ou de atividades ao ar livre. É necessário adequar a infraestrutura da universidade e seus espaços físicos com soluções criativas e perspectiva sustentável, incluindo sinalização sobre as regras de distanciamento e prevenção. Álcool gel, desinfetantes para as superfícies e equipamentos de proteção individual (EPI) devem sempre estar amplamente disponíveis.

As atividades de ensino, pesquisa e serviço na modalidade híbrida exigem planejamento e organização do processo de trabalho, articulação entre os setores de suporte administrativo e de tecnologia da informação e, sobretudo, uma comunicação efetiva entre os diferentes setores da comunidade acadêmica. É necessária uma diretriz institucional que trace linhas mestras estruturantes para conduzir este processo, levando em conta a necessidade de investimento em tecnologia da informação e a realidade dos recursos humanos disponíveis nas diferentes unidades. Finalmente, a capacitação pedagógica de forma sistemática do corpo docente para a utilização das novas tecnologias é requisito fundamental para um ensino remoto qualificado e profissional.

O enfrentamento da pandemia passa por uma comunicação efetiva, que garanta a participação da comunidade universitária nas medidas de prevenção, na compreensão dos riscos, na utilização dos serviços de saúde e dos recursos disponíveis como membros de uma comunidade globalizada. A convivência segura e sustentável, o distanciamento, o uso de máscaras, a higienização das mãos e a desinfecção concorrente devem estar incorporados à consciência de todos. Esta comunicação deve ir muito além dos limites da Unicamp. De fato, como centro de produção e difusão do conhecimento, a Unicamp deve prospectar iniciativas criativas, sustentáveis e participativas de enfrentamento à pandemia e de seus efeitos nos diferentes setores da sociedade brasileira. A Universidade deve ainda atuar como um centro efetivo de combate aos boatos e notícias falsas. Em suma, a Unicamp pode contribuir para articular e integrar diferentes atores na comunidade e fora dela (e.g. Secretarias de Educação e Saúde dos municípios e do Estado), compartilhando também suas experiências com outras Instituições de Ensino Superior do país. 

O detalhamento do plano de retomada das atividades presenciais deve ser dinâmico, adequado à situação epidemiológica concorrente e em consonância com os planos estaduais. Os casos sintomáticos devem ser rapidamente identificados e seus contatos rastreados. Para isto, é necessário assegurar, ampliar e agilizar o diagnóstico laboratorial dos casos. A pandemia vem contrariando muitas previsões, de tal forma que devemos manter a vigilância do cenário epidemiológico local, em estreita integração com as esferas municipal, regional e estadual de vigilância em saúde. A vacinação consiste em prioridade máxima mundial e há necessidade de que o Brasil garanta o acesso aos imunizantes de forma mais ampla, ágil e planejada.

A pandemia trouxe desafios enormes, mas também oportunidades, ao nos obrigar a adotar soluções tecnológicas de interação remota. Em muitos casos, a interação remota é pior que a presencial, e tem sido adotada por falta de outra alternativa segura. Em alguns casos, entretanto, a interação remota pode ser mais efetiva e produtiva que as adotadas antes da pandemia. Em outros casos, ainda, a combinação das diferentes estratégias, remotas e presenciais, permite desfechos bem-sucedidos. Estas oportunidades devem ser cuidadosamente analisadas e as melhorias devem ser incorporadas. As decisões decorrentes devem ser fruto de um amplo diálogo que envolva a comunidade docente, discente e de funcionários da Universidade.

Finalmente, para que a Unicamp possa ter de fato um protagonismo nessa e em outras situações emergentes na sociedade contemporânea, a Universidade deve induzir projetos de pesquisa e extensão em temas correlatos nas diferentes áreas do conhecimento: saúde, modalidades de ensino, economia, novas tecnologias e comportamento social, captando recursos junto aos órgãos de fomentos, entidades da sociedade civil e junto ao setor produtivo.

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Mario SaadEm primeiro lugar, gostaríamos de destacar que a Unicamp tem sido protagonista no enfrentamento da Covid-19, desde a chegada da pandemia no Brasil. No final de 2019, nossas unidades de saúde já monitoravam a escalada da pandemia no restante do mundo e começavam a delinear planos de contingenciamento e risco. Não podemos esquecer que a Unicamp foi a primeira instituição do país a colocar os seus estudantes e servidores em quarentena, antes mesmo de qualquer decisão das esferas governamentais. Através da Força-Tarefa Contra a Covid-19 e dos seus serviços assistenciais de saúde, com destaque para o Hospital de Clínicas e Cecom, a Unicamp tem se destacado no combate ao novo coronavírus.

Nos últimos meses, pesquisas de impacto foram desenvolvidas rapidamente e centenas de pessoas foram atendidas, desde a população em geral, via Sistema Único de Saúde (SUS), como também alunos, docentes e funcionários, membros da nossa comunidade universitária. Ainda, tivemos ações de voluntariado nunca antes desenvolvidas na universidade, nas proporções que temos visto agora. Arrecadação de cestas básicas, empréstimos de equipamentos para facilitar o acesso remoto, atendimento em saúde mental, e assim por diante. Precisamos destacar essa atuação impecável da nossa comunidade no enfrentamento da pandemia, que ainda deverá demorar mais alguns meses para terminar.

A partir da análise desse cenário, considerando que com algum desconforto, alunos, docentes e funcionários precisaram rapidamente encontrar formas para dar prosseguimento às atividades em Home Office, o primeiro passo da nossa gestão será a oferta de maior respaldo institucional à comunidade, para que as atividades continuem sendo desenvolvidas sem prejuízos à qualidade do Ensino, da Pesquisa e da Extensão realizadas em nossos campi, como também à saúde física e mental de todo o nosso público. Precisamos buscar soluções para tornar as atividades à distância mais proveitosas e didaticamente eficazes para os profissionais e alunos envolvidos, tanto nos cursos de graduação e pós-graduação quanto nas atividades de extensão. Precisamos, também, de melhor infraestrutura de equipamentos, de internet, de Tecnologia de Informação, de Saúde Ocupacional e de Recursos Humanos. Além disso, garantiremos que as estratégias de retorno para as atividades presenciais serão as mais seguras e providentes possíveis diante do cenário da pandemia. Pretendemos, também, revisar o calendário de algumas atividades, no sentido de propor maior flexibilidade de cronograma e assim oferecer atenção àquelas pessoas que tiveram a sua atividade prejudicada de forma irreparável nesse período de pandemia. E ainda, precisamos ouvir mais atentamente o que dizem as comunidades locais em suas especificidades. A realidade enfrentada por todos nós é a mesma, mas as demandas muitas vezes são específicas, e precisamos estar atentos a essas questões, para não perpetuarmos injustiças dentro da nossa instituição.

Em resumo, dentro dos princípios que permeiam a nossa gestão, precisaremos de muita Ousadia administrativa para que as atividades continuem a fluir em nosso dia a dia com mais Harmonia e Responsabilidade. É o que acreditamos.

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Sergio Salles-FilhoA possibilidade de retorno às atividades presenciais ainda é muito incerta diante da evolução da pandemia e seus indicadores, associada às perspectivas de ampla vacinação da população. Por isso, continuaremos com atividades predominantemente remotas no 1º semestre de 2021, esperando poder programar o retorno presencial progressivo assim que o acesso à vacina e/ou a mudança do comportamento da doença permitirem.

Vamos trabalhar para que nossa comunidade de docentes, pesquisadores, discentes e servidores e toda a população sejam vacinados. Reconhecemos as dificuldades acadêmicas, o atraso na formação e o efeito para a saúde mental de toda a comunidade que a pandemia vem causando. Isso ocorre em todas as áreas e é particularmente agudo para os profissionais que estão trabalhando presencialmente.

Para enfrentar o retorno aos campi, vamos criar um Comitê de Ações Pós-Pandemia, dando sequência aos trabalhos que tiveram início em 2020 em GT específico. Esse Comitê abrangerá as atividades que foram afetadas: ensino (nos diferentes níveis), pesquisa, extensão, serviços e administração.

Os diagnósticos, soluções e identificação de oportunidades, deverão incluir as consequências sobre as atividades da Universidade e sobre as comunidades de estudantes, funcionários (Unicamp e terceirizados), docentes e pesquisadores e do público externo com o qual a Unicamp interage.

No ensino deverá identificar perdas e planejar a recuperação por meio de propostas de ajustes para a educação infantil e complementar, ensino médio, graduação e pós-graduação. Será necessário diagnosticar e implementar soluções para defasagens de aprendizado, represamento de demandas em disciplinas, avaliar e minimizar o impacto sobre o tempo de integralização e sobre as dificuldades de elaboração e conclusão de dissertações e teses.

Nessas iniciativas, é fundamental considerar as necessidades específicas dos estudantes (mães, pessoas com vulnerabilidade socioeconômica e dificuldades de acesso e permanência, portadores de deficiências, indígenas, estrangeiros etc.), docentes e funcionários. O suporte à recuperação de problemas psicológicos e psiquiátricos também deve ser parte integrante das ações de retomada.

Especial atenção deve ser dada às competências em letramento digital e investimentos nos ambientes virtuais de aprendizagem, oferecendo cursos, equipamentos e estrutura para apoiar a utilização de estratégias de ensino com uso da tecnologia.

É necessário ação especial para fortalecimento de vínculos e identidades com os estudantes ingressantes na graduação, pós-graduação e no ensino médio nos anos de 2020 e 2021 que foram impactados de forma inédita pela ausência forçada e consequente falta de integração ao campus e às pessoas. Nesse sentido, atividades direcionadas à integração e convívio acadêmico, esportes e ações culturais, precisam ser implementados para esse público em particular.

Na pesquisa e na extensão, de forma similar, será necessário avaliar os impactos e propor ações que apoiem projetos e atividades que sofreram com atrasos e que tiveram que ser redirecionadas ou mesmo canceladas.

A Unicamp mostrou sua capacidade de dar respostas rápidas e efetivas à pandemia da Covid-19 graças à dedicação de seus profissionais e ao reconhecimento de que a interação entre ciência e prestação de serviços à comunidade é fundamental.

Ofereceu o atendimento de qualidade a toda a população, com extraordinário empenho dos profissionais que atuam nas áreas da saúde, segurança, manutenção, TI, alimentação, dentre outras, amplificando a importância e reafirmando para a população e para a própria Universidade o seu papel.

A Unicamp precisa agora buscar formas de reconhecer o esforço de todos que contribuíram, atender demandas que ficaram muito evidentes e sensíveis e avançar em oportunidades abertas pela crise epidemiológica. Em particular, temos que providenciar:

  • Fortalecimento de vínculos e identidades com os estudantes ingressantes na graduação, pós-graduação e no ensino médio nos anos de 2020 e 2021.

  • Investimento em programas de saúde emocional, buscando adaptá-los para as demandas específicas dos diferentes grupos da nossa comunidade, aproveitando as bases do projeto Bem-Estar e seu Guia de Boas Práticas.

  • Investimento na ampliação e no alcance do atendimento em saúde que a Universidade oferece aos funcionários e docentes em todos os campi.

  • Investimento no atendimento do SAE e SAPPE, em resposta ao aumento de demanda entre estudantes de ensino médio, graduação e pós-graduação.

  • Retomar e ampliar benefícios aos servidores, em especial àqueles em condições de maior vulnerabilidade e que tiveram que seguir trabalhando presencialmente.

Ao mesmo tempo, vamos aproveitar e avançar nas experiências positivas conquistadas no período, tais como:

  • Realização de reuniões, defesas de tese online ou híbridas.

  • Disseminação de atividades e técnicas de apoio ao ensino que se utilizem de recursos digitais e de novas tecnologias.

  • Ampliação das ações e da interação do EA2 e do GGTE junto às unidades com atividades de ensino e capacitação.

  • Ampliação da oferta e do uso de centrais e equipamentos multiusuários para atividades de pesquisa.

  • Ampliação do alcance das ações de extensão e cultura pelo emprego de tecnologias digitais de acesso e difusão.

  • Aproveitamento das atividades remotas ocorridas recentemente por causa da pandemia, incentivando a participação em Programas de Intercâmbio Virtual conhecidos como Collaborative Online International Learning (COIL), desenvolvidos por várias universidades

  • Ampliação da digitalização e do acesso das bibliotecas, acervos e arquivos da Unicamp para atividades de ensino, pesquisa e extensão.

  • Instituição de programa de transformação digital da Unicamp em direção a uma universidade digitalmente moderna, com processos mais ágeis e fáceis de encaminhar, que impliquem em menos trabalho burocrático e reduzam de forma consistente e permanente o retrabalho e o tempo dispendido por funcionários, docentes e discentes com os processos administrativos.

  • Investimento em letramento digital das comunidades da Unicamp.

  • Regulamentação do teletrabalho na Unicamp.

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