Edição nº 660

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Jornal da Unicamp

Baixar versão em PDF Campinas, 17 de junho de 2016 a 26 de junho de 2016 – ANO 2016 – Nº 660

Livro aborda papel da agricultura no país

Obra lançada em seminário no IE reúne estudos
sobre inovação e propriedade intelectual

O livro Propriedade Intelectual e Inovações na Agricultura (Ideia), reunindo uma série de estudos e contribuições do ponto de vista estratégico sobre o papel da agricultura para o país, foi lançado durante um seminário aberto no último dia 9 no Instituto de Economia (IE). A publicação é organizada pelos professores Antônio Márcio Buainain (IE) e Maria Beatriz Machado Bonacelli (Instituto de Geociências), e pela ex-pesquisadora da Unicamp Cássia Isabel Costa Mendes, analista da Embrapa Informática Agropecuária.

Segundo Antônio Buainain, o seminário foi idealizado por conta do livro para debater a importância da propriedade intelectual para a pesquisa pública e privada e para a inovação; as relações entre as instituições de pesquisa e o setor privado e o papel destas instituições na inovação; e a capacitação de recursos humanos, geração de conhecimento e pesquisa científica, entre outros temas. “O debate contará com a participação de stakeholders relevantes na área, como resultado de pesquisas desenvolvidas no âmbito do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento (INCT/PPED), do qual o IE e o IG são integrantes.”

O agrônomo e pesquisador Maurício Lopes, presidente da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), foi convidado para conceder a palestra de abertura do evento, sobre “O futuro da agricultura e a inovação”. “Vou começar falando sobre o passado recente da agricultura brasileira, pois o que o país fez nos últimos 40 anos não é nada menos que extraordinário”, adiantou. “Saímos da situação de um país que ainda não tinha alcançado a sua segurança alimentar (importador de alimentos), ao tomarmos a decisão de construir um modelo de agricultura baseado na ciência.”

Maurício Lopes lembra que, no início dos anos 1970, o Brasil não possuía um modelo consolidado no chamado “cinturão tropical” do globo e, portanto, não contava com instrumentos, conhecimentos e tecnologias para superar os grandes problemas de um país continental. “Temos uma base de recursos fabulosa, mas problemas muito próprios: solos tropicais ácidos e pobres, de baixa fertilidade, e a necessidade de tropicalizar sistemas de produção vegetal e animal. O Brasil fez uma revolução muito importante. Acredito que nenhum outro país fez, em espaço de tempo tão curto, um progresso tão significativo.”

Segundo Lopes, o início desta revolução na agricultura coincide com o surgimento da Embrapa em 1973 e com uma decisão de governo por fortalecer as universidades, enviando para várias instituições ao redor do mundo profissionais para mestrado e doutorado. “Uma grande vantagem foi de já termos naquela época excelentes universidades agrárias, capazes de prover profissionais com uma formação muito sólida e que, indo para especializações no exterior, voltaram para ajudar o Brasil a construir esta grande revolução.”

O presidente da Embrapa ressalta que o Brasil hoje é um país seguro do ponto de vista alimentar e grande provedor de alimentos para mais de 200 mercados do planeta, graças ao forte investimento em um conceito próprio de agricultura baseada em ciência. “E daqui para o futuro? Tenho certeza de que os desafios serão igualmente substanciais. Estamos vivendo um momento de mudanças expressivas: o multilateralismo perdeu espaço no mundo, havendo uma profusão de forças em jogo; a mudança tecnológica acontece de maneira quase alucinante em algumas frentes; desafios de natureza transnacional, como as mudanças climáticas; e aqueles relacionados a segurança biológica, bem como a pragas, doenças e contaminantes.”

A palestra da Maurício Lopes foi seguida de mesa-redonda sobre “Propriedade intelectual e inovação: debate e evidências inconclusivas”, com a participação dos professores da Unicamp Carlos Américo Pacheco, Gonçalo Pereira e José Maria da Silveira, e de Cláudia Chamas, da Fiocruz. No dia 10, ocorreram mais três mesas: “Indústria de sementes, inovação e propriedade intelectual”, “Indicação geográfica, marcas e desenvolvimento da agricultura” e “Propriedade intelectual e inovação na agricultura”.