Programa vai oferecer bolsas de estudo para mulheres nas ciências exatas e tecnológicas

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A Unicamp lançou nesta quarta-feira (3), em cerimônia realizada na sala do Conselho Universitário, o programa de bolsas de estudos Women in Stem (sigla em inglês para ciências, tecnologia, engenharia e matemática), voltado para estudantes de graduação do gênero feminino matriculadas em cursos de ciências exatas e tecnológicas da Universidade. Na sua primeira etapa de implementação, o programa vai pagar bolsas de permanência estudantil no valor de R$ 700, por um ano, a 30 alunas selecionadas, por meio de avaliação socioeconômica, pelo Serviço de Apoio ao Estudante (SAE). Os recursos são advindos de uma doação realizada pela empresa Qualcomm ao Fundo Patrimonial Lumina no valor total de US$ 750 mil (cerca de R$ 3,8 milhões).

O presidente da Qualcomm América Latina, Luiz Tonisi: fortalecer as estruturas que geram os talentos científicos
O presidente da Qualcomm América Latina, Luiz Tonisi: fortalecer as estruturas que geram os talentos científicos

O lançamento do programa contou com a presença das garotas selecionadas. Além delas, participaram do evento Antonio José de Almeida Meirelles, reitor da Unicamp, Maria Luiza Moretti, coordenadora-geral da Universidade, Luiz Tonisi, presidente da Qualcomm América Latina, Paulo César Montagner, chefe de gabinete da reitoria, Cristiano Torezzan, assessor docente de gabinete, Mariana Nery, coordenadora do SAE, e Laura Rifo, assessora docente da Pró-Reitoria de Graduação (PRG).

Luiz Tonisi pontuou que a iniciativa contribui com o desejo de grandes corporações em promover a equidade de gênero em suas equipes. “As empresas se deparam com o compromisso de promover a ascensão de mulheres em seus quadros de liderança, mas há também um problema na base, no acesso de mulheres às carreiras científicas”, explica. Segundo ele, o investimento realizado pela empresa nas bolsas de estudo é uma forma também de promover o desenvolvimento do país, fortalecendo as estruturas que geram os talentos científicos. “Podemos ter um protagonismo internacional para o qual ainda não começamos a trabalhar. Esse é um primeiro passo. Espero que a Qualcomm possa dar novos passos junto com a Unicamp.”

“A grande virtude desse programa é contarmos com uma empresa que tem a sensibilidade para nos auxiliar naquilo que é o grande desafio das universidades e da sociedade brasileira: superarmos as desigualdades seculares que existem no país”, destacou Meirelles. O reitor lembrou que a Unicamp e a Qualcomm possuem um histórico que reflete a importância da Universidade na formação de talentos. Atual CEO da empresa, o brasileiro Cristiano Amon foi aluno da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (Feec). Em 2019, ele recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade. “O programa Women in Stem, patrocinado por uma empresa que tem como líder um egresso da Unicamp, é uma prova de nosso potencial.”

Da esquerda para direita, o chefe de Gabinete, Paulo César Montagner; o reitor Antonio Meirelles e a coordenadora-geral da Universidade, Maria Luiza Moretti: programa vai pagar bolsas de permanência estudantil
Da esquerda para direita, o chefe de Gabinete, Paulo César Montagner; o reitor Antonio Meirelles e a coordenadora-geral da Universidade, Maria Luiza Moretti: programa vai pagar bolsas de permanência estudantil

Gerações de mulheres na ciência

Apesar de estarem no início da carreira científica, as jovens contempladas pelo novo programa de bolsas já percebem a desigualdade existente em áreas que ainda apresentam um predomínio masculino. “Minha turma tem muitos homens, muitos mesmo! [risos]”, reflete Rebeca Santos (19), estudante do terceiro ano de Engenharia de Telecomunicações. Ela acredita que a bolsa é um bom incentivo para que as alunas possam dedicar-se com afinco aos estudos e se destacar na carreira. “Conforme as disciplinas avançam e a dificuldade aumenta, vemos vários alunos homens se destacando e pensamos: ‘Será que essa é uma área para eles, não para mim?’”, questiona.

Para Raíssa Santos (18), caloura de Engenharia Ambiental, as mulheres precisam enfrentar barreiras desde cedo em sua trajetória. “Estamos longe de casa, chegando a um novo ambiente. É muita coisa de que precisamos dar conta. A bolsa é uma ajuda importante nessa fase inicial.”

As estudantes se inspiram nas experiências relatadas por outras mulheres da Universidade. Formada em medicina na Unicamp, Maria Luiza Moretti conta que, ao longo de sua carreira, também se questionou sobre como poderia se destacar no espaço acadêmico. No evento, deu um recado importante às alunas: “Às vezes eu olhava para o horizonte e pensava que aquilo não era para mim, porque nele só existiam homens. Não olhem para esse horizonte. O novo horizonte tem mulheres, elas existem e são vocês”, aconselhou Maria Luiza Moretti.

Da esquerda para direita, as contempladas pelo novo programa Letícia Marques (Engenharia de Produção), Raissa Santos (Engenharia Ambiental) e Rebeca Santos (Engenharia de Telecomunicações)
Da esquerda para direita, as contempladas pelo novo programa Letícia Marques (Engenharia de Produção), Raissa Santos (Engenharia Ambiental) e Rebeca Santos (Engenharia de Telecomunicações)

Para Mariana Nery, coordenadora do SAE, o programa Women in Stem surge como mais uma das políticas adotadas pela Unicamp na direção de mitigar as desigualdades sociais. “Sozinho, o tempo não consegue fazer a balança se equilibrar. Embora tenhamos visto muitos avanços na participação feminina na graduação e pós-graduação, sabemos que há barreiras em estágios mais avançados da carreira científica que fazem com que a participação feminina diminua muito”, analisa. “É muito bom participar do processo de construção de um futuro em que as mulheres não são espectadoras, mas protagonistas.”

A esperança de Mariana se reflete nas expectativas de Letícia Marques (19), aluna do terceiro ano de Engenharia de Produção. Para ela, as mudanças já começaram: “Meu curso já tem um bom equilíbrio entre homens e mulheres. Isso me deixa muito feliz e com bastante esperanças para o futuro”.

A coordenadora do Serviço de Apoio ao Estudante, Mariana Nery
A coordenadora do Serviço de Apoio ao Estudante, Mariana Nery: mitigar as desigualdades sociais

Fundo patrimonial

Criado em 2019, o Fundo Patrimonial Lumina tem o objetivo de atrair recursos perenes para a Universidade e financiar projetos e iniciativas de ensino, pesquisa, extensão e inovação. Os fundos patrimoniais, também conhecidos como endowments, são constituídos por recursos doados por pessoas físicas ou jurídicas que são investidos no mercado financeiro. Os rendimentos são direcionados a projetos da Universidade, sem que o montante original seja consumido, garantindo a sustentabilidade de longo prazo.

Até o momento, a doação de US$ 750 mil feita pela Qualcomm foi a maior realizada por uma empresa ao fundo. “Foi a [doação] mais importante recebida não apenas pelo volume de recursos, mas também por ter vindo de um egresso de nossa Universidade e, principalmente, pelo direcionamento desse investimento”, comentou Cristiano Torezzan. Graças ao valor, o programa de bolsas deve contar com mais dois estágios de implementação nos próximos dois anos. “Acreditamos que o Women in Stem será um programa perene e esperamos que novas empresas também venham a aderir a ele”, observou.

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O lançamento do programa contou com a presença das garotas selecionadas

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