Obra de arte viva coloca as pessoas para conversar com cogumelos pelo WhatsApp

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Em exposição na Bienal do Mercosul, em Porto Alegre, a obra “Insurreição Micorriza” é a primeira do gênero em que as pessoas podem usar um aplicativo de mensagens – o WhatsApp – para se comunicar com uma colônia de cogumelos. A dupla Cesar & Lois, composta pelo professor do Instituto de Artes (IA) da Unicamp Cesar Baio e pela artista norte-americana Lucy HG Solomon, cria uma obra de arte viva que usa uma interface biodigital e algoritmos de Inteligência Artificial (IA) para colocar as pessoas diante de uma forma de vida radicalmente diferente da nossa, propondo assim uma discussão sobre as dinâmicas de poder entre a humanidade e a natureza e suas consequências para o ecossistema planetário.    

A obra de arte é composta por um habitat biológico-digital circular que contém umidade, um galho de árvore colonizado por micélio, telas e circuitos computacionais. Essa estrutura é sustentada por pernas semelhantes às raízes de árvores e atinge 2 metros de altura. Sensores altamente sensíveis captam a pulsação elétrica da colônia de cogumelos. Esses sinais, que os artistas chamam de “eletromiceliogramas”, são visíveis em uma tela posta na parede do casulo. A tela principal da obra, posicionada na frente do casulo, mostra a rede criada pela obra e convida as pessoas a participarem da “Insurreição Micorrízica”.   

Ao se conectar com a obra de arte, pelo WhatsApp, o visitante da exposição é convidado a enviar textos sobre mudanças climáticas à rede micelial. Quando os usuários enviam mensagens para os microrganismos vivos, o sistema biodigital recompensa a interação com um jato de umidade dentro do casulo e mudanças na pulsação da iluminação da obra. Como resposta à transformação do ambiente, os sinais elétricos internos dos cogumelos são alterados e lidos pelo sistema de IA. O sistema processa o artigo ou texto enviado ao micélio usando os sinais miceliais e retorna um texto alterado para o visitante da exposição por meio do aplicativo de mensagens. Os sinais da colônia de cogumelos são impressos no texto do artigo de modo que as frases não façam mais sentido para o leitor. Os textos que os espectadores recebem são como uma poesia visual, criada a partir de um código simbólico humano-não-humano, como resposta às ações de degradação da natureza que levam às mudanças climáticas.    

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A dupla Cesar Baio, do IA, e a artista norte-americana Lucy HG Solomon (foto acima): obra de arte é composta por um habitat biológico-digital circular que contém umidade, um galho de árvore colonizado por micélio, telas e circuitos computacionais 

As micorrizas são resultado de uma relação simbiótica entre o micélio e as raízes das árvores, permitindo que os fungos conectem as árvores espalhadas nas florestas, algo que ficou conhecido como a “Internet da Natureza”. Ao inserir o ser humano nessa rede de comunicação interespécies, Cesar & Lois levantam questões surgidas quando nos confrontamos com formas de existência radicalmente diferentes das nossas. De que maneira a comunicação com uma alteridade radical poderia mudar nossa compreensão de nós mesmos e do modo como a humanidade se relaciona com os outros seres vivos do planeta? Podemos superar a ideia de que a inteligência é uma capacidade exclusivamente humana? O reconhecimento da inteligência não-humana poderia levar a relações menos destrutivas com o ecossistema?  

“As pessoas podem enviar artigos sobre mudanças climáticas para a colônia de cogumelos. A ideia não é que os humanos possam ensinar aos cogumelos alguma coisa sobre as mudanças climáticas. Esperamos que os espectadores saiam pensando em como os cogumelos podem se comunicar, como as mudanças climáticas afetam vidas humanas e não-humanas e sobre as redes entre espécies.”, explicam os artistas. 

“Este projeto é tanto sobre a inteligência artificial quanto sobre a inteligência dos sistemas complexos que compõem a natureza e tornam a vida possível no planeta. O viés na maneira como construímos nossas tecnologias e nossas sociedades inclui consequências não só para grupos específicos de pessoas, mas também para o ecossistema planetário. E se, em vez de humanos programando máquinas, plantas e fungos fossem os modelos para a lógica das máquinas? Uma IA micelial tomaria melhores decisões para o planeta?”, destacam. 

Sobre os artistas 

Cesar & Lois é um coletivo que investiga as dinâmicas de poder entre a humanidade e o ecossistema, avançando nas interseções entre sistemas tecnológicos, biológicos e sociais. Cesar & Lois é formado pelo artista brasileiro Cesar Baio e pela artista de californiana Lucy HG Solomon. Cesar Baio é professor do Instituto de Artes da Unicamp e Lucy HG Solomon é professora na California State University San Marcos.

Serviço:

13ª Bienal do Mercosul: Trauma, Sonho e Fuga, Instituto Caldeira, Porto Alegre

Em exibição de 15 de setembro a 20 de novembro de 2022

O projeto tem a curadoria de Marcello Dantas e curadores adjuntos Laura Cattani e Munir Klamt, com coordenação de produção de Taís Cardoso e Daniele Barbosa para a 13ª Bienal do Mercosul.

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Em exibição de 15 de setembro a 20 de novembro de 2022  13ª Bienal do Mercosul: Trauma, Sonho e Fuga, Instituto Caldeira, Porto Alegre

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