Desafios para a saúde global são discutidos nos Fóruns Permanentes

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Nos dias 26 e 27 de maio, a Unicamp realizou mais uma edição dos Fóruns Permanentes, com o tema “Desafios em Saúde Global e Soluções Inovadoras”. No encontro, foi debatida a aplicação de conhecimentos e práticas interdisciplinares e a importância de parcerias para garantir a saúde da população mundial, respeitando as particularidades e solucionando os desequilíbrios das diferentes regiões do globo. O evento foi uma iniciativa da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp. Os Fóruns Permanentes são realizados pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec). 

Na sessão de abertura estiverem presentes Maria Luiza Moretti (coordenadora-geral da Unicamp), Mariangela Resende (docente da FCM e integrante da organização), João Marcos Romano (pró-reitor de Pesquisa), Fernando Coelho (pró-reitor de Extensão e Cultura), Marcelo Mori (docente do IB e coordenador do Hub de Saúde Global da Unicamp), Lair Zambon (Secretário de Saúde de Campinas), Luiz Eugênio Mello (diretor científico da Fapesp) e Sérgio Estani (diretor executivo regional da iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas - DNDi). 

Os convidados debateram a necessidade de os diferentes profissionais, especialidades e instituições reunirem esforços para promover a saúde global. O Hub de Saúde Global da Unicamp, lançado na abertura do Fórum, foi criado com esta finalidade. "Nossa meta é integrar saberes na Universidade e usar nossa expertise e estrutura para pensarmos em soluções para a sociedade", explica Marcelo Mori, coordenador do Hub.  

fotos mostram, à esquerda, marcelo mori e à direita, maria luiza moretti
Marcelo Mori, coordenador do Hub de Saúde Global, e Maria Luiza Moretti, coordenadora-geral da Unicamp 

O grupo parte das experiências vividas durante a pandemia, período em que a Universidade estabeleceu uma Força-Tarefa contra a Covid-19 para enfrentar tanto os problemas de saúde quanto os outros desafios resultantes da emergência sanitária. "Naquele momento, tínhamos que dar uma resposta imediata à comunidade. E a universidade se uniu para enfrentar o desafio. O Hub de Saúde Global pretende verificar os problemas da comunidade e responder a eles unindo diferentes saberes", comenta Maria Luiza Moretti. 

Essa proposta depende de uma visão ampla da saúde, levando em conta fatores que vão além das questões estritamente médicas. “Com a pandemia, ficou clara a fragilidade da saúde global, não só frente à ameaça da doença, mas também em relação à dificuldade de se fornecer insumos para enfrentá-la e ao agravamento das desigualdades do planeta”, analisa Fernando Coelho. 

Mudanças climáticas, iniquidades e diplomacia

O tema da mesa de abertura foi “Desafios da Saúde Global”, com reflexões sobre a importância da diplomacia em saúde, a partir de articulações entre governos e organizações internacionais; os impactos das mudanças climáticas na saúde e o potencial dos dados climatológicos para auxiliar no planejamento sanitário; e os benefícios da visão sistêmica na saúde coletiva. 

Mestre e doutor em Clínica Médica pela Unicamp, Alexandre de Macedo Oliveira, epidemiologista-sênior do Centro de Controle de Doenças (CDC) em Atlanta (EUA), defendeu que a inovação em saúde deve ir além do pensamento tecnológico. Ela deve cobrir também as relações entre profissionais e instituições. Daí a necessidade da diplomacia em saúde. 

O epidemiologista deu exemplos de projetos do CDC em parceria com governos e instituições globais, como os estudos de eficácia no tratamento contra a malária desenvolvidos na América Latina, África Subsaariana e Sudeste Asiático. Em cada região, as ações atendiam às demandas emergentes. “"Enquanto nas Américas o foco era a criação, transferência de tecnologia e coleta de informações para a tomada de decisões, na África e na Ásia, metade dos fundos se destinou à compra e distribuição de insumos", detalha. 

esquema mostra ciclo do conceito de one health
Conceito de Saúde Única (One Health) baseia-se na harmonia entre a saúde humana (human health), animal (animal health) e do meio ambiente (environmental health) (imagem: reprodução)

A diplomacia em saúde exige a colaboração entre governos e organizações de forma a fortalecer sua capacidade institucional e ampliar as oportunidades de financiamento a longo prazo. Uma parceria futura entre o CDC e o Hub de Saúde Global atenderia a essas demandas. “A saúde global não é feita por um governo. Programas efetivos para responder a epidemias, como do Ebola e da Zika, exigem a coordenação de diferentes parceiros”. 

O conceito de Saúde Única (One Health) foi abordado por Anna Stewart Ibarra, diretora científica do Instituto Interamericano de Pesquisas para Mudanças Globais. Ele diz respeito à harmonia entre a saúde de seres humanos, animais e do meio ambiente, em benefício de todos. A perspectiva ajuda a identificar a influência de  fatores ambientais na saúde coletiva, como no caso da transmissão de dengue na América do Sul. Nesse caso, informações climáticas podem ser úteis no planejamento de programas de saúde. 

"O setor da saúde utiliza pouco os serviços climáticos. Barreiras institucionais reduzem sua implementação", argumenta. Ela também aponta a necessidade de conhecimentos humanísticos, a fim de investigar os problemas de ordem social. "Se não incluirmos as populações mais vulneráveis, é pouco provável que possamos tomar medidas efetivas para reduzir os riscos à saúde". 

foto mostra silvia santiago gesticulando
Silvia Santiago: "As iniquidades poderiam ser reduzidas com políticas governamentais combinadas"

Por fim, Silvia Santiago discutiu os fatores humanos e sociais, como as relações de trabalho, condições de moradia e distribuição de renda, que produzem iniquidades em saúde. Diretora-executiva de Direitos Humanos da Unicamp, ela pontua que esses fatores não são naturais, como diferenças de idade e gênero, e sim fruto de injustiças. "As iniquidades poderiam ser reduzidas com políticas governamentais combinadas", afirma.

Ela defendeu a aplicação dos Determinantes Sociais em Saúde (DSS) na formulação de políticas públicas eficazes. Eles exigem esforços em várias frentes, como no caso das ações da Força-Tarefa Unicamp nas periferias durante a pandemia. Por exemplo, na Vila Soma, em Sumaré, a distribuição de alimentos a famílias em situação de vulnerabilidade, combinada com a testagem da população, contribuiu para que as pessoas tivessem condições econômicas de manter o distanciamento social, reduzindo os impactos da Covid-19. "A pandemia não só revelou desigualdades, como as produziu e continua produzindo de forma gritante, nos resultados de saúde entre grupos populacionais". 

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foto mostra membros da força tarefa unicamp paramentados em um bairro de periferia

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