Unicamp ultrapassa os 70 mil testes diagnósticos para Covid-19

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O esforço pioneiro da Força-Tarefa da Unicamp, que de forma ágil, no início da pandemia, montou uma estrutura robusta para a produção de testes diagnósticos RT-PCR, ultrapassou e muito os muros da universidade em Barão Geraldo. Até o fim de agosto, mais de 70 mil testes haviam sido feitos com os kits desenvolvidos em Campinas. Um total de 62 cidades foram atendidas. 

“Em junho, no pico da demanda por testes, nós chegamos a fazer 3 mil por dia, enquanto o Estado todo estava fazendo 10 mil. Ou seja, chegamos a responder por 30% da demanda diária”, afirma Alessandro dos Santos Farias, imunologista do Instituto de Biologia da Unicamp e um dos responsáveis pela estrutura montada na universidade que resultou na elaboração dos testes. Segundo ele, a Unicamp já processou amostras de mais de 200 cidades paulistas. 

Alessandro Farias : "Em junho, no pico da demanda por testes, nós chegamos a fazer 3 mil por dia, enquanto o Estado todo estava fazendo 10 mil"
O imunologista Alessandro dos Santos Farias : "Em junho, no pico da demanda por testes, nós chegamos a fazer 3 mil por dia, enquanto o Estado todo estava fazendo 10 mil"

“Costumo colocar metas em meus trabalhos. E, agora, a nossa intenção é chegar aos 100 mil testes provavelmente até outubro”, afirma o pesquisador. Segundo Farias, essa marca, que corresponde a aproximadamente 10% da população da cidade de Campinas, poderá ser considerada significativa. 

“Cem mil testes é uma contribuição que considero de um nível aceitável considerando o tamanho da nossa região. Quando chegarmos lá vou estar satisfeito. Essa relação de testar 10% da população é o que a Alemanha fez, por exemplo, em nível nacional. E eles foram perfeitos em relação ao enfrentamento da pandemia. Fizeram um lockdown absoluto e depois muitos testes. Chegaram a testar 50 mil pessoas por dia”, afirma o imunologista da Unicamp. 

O Estado de São Paulo, até meados de agosto, havia feito um pouco mais de 611 mil testes de RT-PCR segundo números oficiais do governo do Estado de São Paulo. O que significa que a Unicamp contribuiu até agora com um pouco mais de 9% desse total.

“É bom que se diga que não reinventamos a roda. Outros países do mundo, e institutos de pesquisa como o Max Planck, na própria Alemanha, também seguiram os mesmos caminhos”, diz Farias. Para quem, o pulo do gato de todo esse processo na Unicamp tem uma explicação evidente, além, claro, dos esforços dos profissionais envolvidos na força-tarefa, incluindo alunos de pós-graduação e os funcionários da universidade.

“Nós temos uma universidade pública, ainda mais no caso do Estado de São Paulo, muito bem preparada em termos de mão de obra e equipamentos de pesquisa. Com isso, de uma forma muito rápida, em menos de duas semanas no mês de março, conseguimos dar uma resposta eficaz com um investimento direto muito baixo”, diz o pesquisador do IB. 

Pesquisadores manipulando coronavírus em laboratório do IB : Um total de 62 cidades foram atendidas
Pesquisadores em laboratório do IB : Um total de 62 cidades foram atendidas

A incrível linha de produção da Unicamp para testes RT-PCR custou por volta de R$ 3 milhões. “Mas claro que o treinamento das pessoas e todos os equipamentos, vamos dizer assim, já haviam sido pagos pelo governo ao longo do tempo. Até mesmo o investimento nos alunos havia sido feito e não pode ser descartado”. 

A reflexão de um dos profissionais da Unicamp responsáveis por milhares de testes para a Covid-19 é importante ainda mais em tempos em que o investimento nas universidades públicas estaduais passa por momentos turbulentos. Parte dos recursos usados para o desenvolvimento dos testes veio do orçamento da própria Unicamp e também da sociedade, por meio de doações, que foram fundamentais para a padronização dos testes e credenciamentos de laboratórios. 

“Apesar de uma pandemia ser terrível pelas vidas perdidas e pessoas doentes, estamos diante de uma experiência de vida única. Acaba sendo uma conquista para nós, educadores, mostrar para os nossos alunos como a formação deles pode ser aplicada diretamente em uma necessidade da sociedade. Esse processo faz esses meninos entenderem como a formação deles é importante”, diz Farias. 

O início de todo o projeto, segundo o imunologista, surgiu de discussões científicas que os grupos da Unicamp envolvidos com genética, imunologia e virologia começaram a ter. O professor José Luís Modena, por exemplo, que coordena um laboratório com nível de segurança suficiente para trabalhar com o coronavírus, abriu a possibilidade para que demais grupos de pesquisa usassem toda a infraestrutura disponível. Mas, rapidamente, a situação evoluiu.

“Nós começamos a estudar e discutir questões científicas, mas percebemos claramente que teríamos problemas em conseguir fazer testes em grandes quantidades. Foi quando resolvemos seguir por esse caminho. O teste, no nosso dia a dia, é algo absolutamente trivial. O desafio era a escala mesmo. Apesar de achar que hoje começamos tarde, começamos antes de qualquer iniciativa no Brasil. É um motivo de orgulho para gente isso” afirma Farias.

Segundo o professor, foram semanas de muito trabalho, com poucas horas de sono por dia e muito cuidado para que ninguém se contaminasse. “Tínhamos um medo absoluto de que os alunos pegassem. Trabalhamos apenas com os formados. Fechamos o grupo em 40 voluntários por questões até logísticas. Todos passaram a pensar 24 horas por dia no problema, dormindo muito pouco, ficando umas quatro horas por dia em casa.” 

Na hora da dificuldade, lembra Farias, uma frase ajuda a resumir bem o empenho das dezenas de colaboradores da força-tarefa. “Não existe autor para essa citação, mas não há marinheiro bom em mar calmo. O lado bom de muitas pessoas da universidade apareceu nesse momento, seja no caso dos testes, no desenvolvimento de EPIs ou na montagem de peças para respiradores. Muitas frentes se abriram. A gente só sabe fazer ciência e tudo isso começou, e vai continuar, por causa da ciência”, afirma Alessandro Farias.

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