Selo Covid-19 Em que pé está

 

Abrangência dos diagnósticos de Covid-19 realizados pela Unicamp chega a mais de 40 municípios

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Covid-19: em que pé está?
A pandemia da Covid-19 provocou crises – sanitária, econômica e social  - sem precedentes em todo o mundo e no Brasil. O enfrentamento dessas crises levou também a uma mobilização sem precedentes da ciência e de ações e redes de apoio, particularmente nas universidades públicas. O extraordinário engajamento da comunidade acadêmica resulta também em um impressionante volume de notícias, contribuindo involuntariamente para a infodemia: “um grande aumento no volume de informações associadas a um assunto específico, que podem se multiplicar exponencialmente em pouco tempo devido a um evento específico, como a pandemia atual”, segundo folheto da Organização Mundial da Saúde. A infodemia torna difícil para o público acompanhar o desenvolvimento das pesquisas e seus resultados, das iniciativas de monitoramento da pandemia e dos projetos sociais para mitigar os efeitos da crise. Nesse contexto, torna-se insuficiente dar acesso a informações certas, no tempo certo e no formato certo, características essenciais preconizadas pelo portal da Unicamp. É preciso também fornecer ao público balanços periódicos de como caminham todos as ações e iniciativas noticiadas nos últimos três meses. A terceira reportagem da série aborda a expansão dos diagnósticos realizados pela Unicamp, que hoje abrangem mais de 40 municípios da região e começam a ser realizados em ações voltadas a comunidades.

Da redação


No dia 1º de abril, o Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp recebia o credenciamento para a realização dos testes e diagnósticos de Covid-19. Inicialmente, o esforço principal era atender à demanda interna, testando principalmente os pacientes e os profissionais de saúde dos hospitais da Universidade. Três meses após o credenciamento, os diagnósticos realizados pela Unicamp atendem a mais de 40 cidades da região.

A ampliação da testagem para a região aconteceu através da rede do estado de São Paulo, coordenada pelo Instituto Butantan. Mediante a adesão à rede, a Universidade recebe os insumos para a realização dos testes e as amostras são analisadas pelo Laboratório de Patologia Clínica da Unicamp.

Até o momento, já foram enviadas para a Unicamp amostras dos seguintes municípios: Aguaí; Americana; Amparo; Artur Nogueira; Atibaia; Bom Jesus dos Perdões; Bragança Paulista; Cabreúva; Caconde; Campinas; Campo Limpo Paulista; Casa Branca; Cosmópolis; Espírito Santo do Pinhal; Holambra; Hortolândia; Itatiba; Itobi; Itupeva; Jaguariúna; Jarinu; Louveira; Mococa; Mogi Guaçu; Mogi Mirim; Monte Mor; Nova Odessa; Paulínia; Pedreira; Piracaia; Santa Bárbara d’Oeste; Santo Antônio de Posse; Santo Antônio do Jardim; São José do Rio Pardo; Serra Negra; Socorro; Sumaré; Tambaú; Tapiratiba; Valinhos; Vargem Grande do Sul e Vinhedo.

audiodescrição: fotografia colorida do professor Alessandro Farias
“É importante estar conectado com o que está acontecendo na região, até para o nosso monitoramento do Hospital”, avalia coordenador da Frente de Diagnósticos, Alessandro Faria

Para o coordenador da Frente de Diagnósticos da Força-tarefa contra a Covid-19 da Unicamp, professor do Instituto de Biologia (IB) Alessandro Farias, essa expansão é importante especialmente porque o HC atende a pessoas de toda a região, que abrange uma população de 6,5 milhões de pessoas. “É importante estar conectado com o que está acontecendo na região, até para o nosso monitoramento do Hospital”, avalia.

Ele aponta que essa é a segunda fase das ações do plano de diagnósticos da Força-Tarefa. “O nosso plano de diagnóstico tinha três fases. Primeiro era resolver a questão do HC, do Cecom [Centro de Saúde da Comunidade] e do CAISM [Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher], e isso aconteceu muito rápido.  A segunda fase era suprir a demanda da região, principalmente a região atendida pelo HC. A terceira fase é fazer ações sociais de testagem tanto da nossa comunidade interna como em comunidades carentes e indígenas”, diz.

O professor avalia que, com os insumos próprios obtidos pela Unicamp, há material suficiente para cerca de 50 mil testes do tipo RT-PCR. Já foram realizados, até o momento, aproximadamente 5 mil. Contabilizando com os kits enviados via Butantan, foram mais de 7 mil diagnósticos. A questão dos insumos, para Alessandro, é sempre um desafio, mas através do esforço da Unicamp para ter mais independência em relação às importações, um passo importante foi dado. Reagentes de empresas da região foram validados e estão sendo utilizados e pesquisadores da própria Univerdade estão desenvolvendo matéria-prima para os testes.

Com relação aos materiais para a realização dos diagnósticos via rede de São Paulo, Alessandro explica que são enviados conforme a capacidade de testagem da Unicamp.

Ações de testagem 

A fase 3 do plano de diagnósticos, mencionada pelo professor Alessandro, vem sendo conduzida pela Frente de Ações Sociais da Força-Tarefa, coordenada pelo docente da área de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) Sávio Cavalcante. Nesse âmbito, uma primeira ação de mutirão foi realizada nesta quarta-feira (1º/7), em convênio com a Prefeitura de Sumaré.

Uma equipe da Unicamp, a partir de demanda identificada pelo Módulo de Saúde da Vila Soma, realizou testagem em 94 pessoas na região, das quais 61 (64,89%) receberam positividade para a Covid-19. “A positividade foi alarmante no sentido de mostrar que a doença está se espalhando muito rápido para uma quantidade grande de famílias que têm dificuldades de promover o isolamento e que são forçadas a continuar a trabalhar, muitas vezes, sem a proteção adequada, o que significa que a população mais pobre e trabalhadora tem se colocado em maior risco”, observa o professor Sávio. Ele alerta, no entanto, para o fato de que esse percentual não é representativo da situação geral da pandemia no bairro ou na cidade.

audiodescrição:  fotografia colorida de quatro membros da equipe que realizou mutirão em Sumaré, durante a ação
Equipe realizou testagem em 94 pessoas na Vila Soma, em Sumaré (SP)

Segundo o docente, a situação levantada através do mutirão indica desafios no âmbito da saúde coletiva que o Poder Público precisa avaliar. “Quando você faz uma ação como essa e tem um contingente de pessoas diagnosticadas como positivas, você precisa compor uma equipe que vá acompanhando esses casos, verificando se os sintomas estão se agravando e se elas têm como se isolar. No caso de Sumaré, o módulo de saúde está se organizando para fazer isso, algo com o qual podemos tentar colaborar também”, pontua.  

Outras demandas, relativas a pessoas em situação de rua, comunidades indígenas e categorias de profissionais que têm maior possibilidade de contágio e transmissão, como entregadores, estão sendo recebidas e avaliadas pela Frente. Para Sávio, as ações de testagem nessas populações são importantes no sentido de ampliar o máximo possível as informação às Unidades de Saúde para que elas adotem protocolos adequados. “As prefeituras têm seus próprios mecanismos, mas em alguns casos não dão conta. Há uma necessidade de maior focalização dos esforços para poder ampliar informações sobre a pandemia”, avalia.

Diagnósticos na Unicamp

Logo que a pandemia chegou ao Brasil, cientistas da Unicamp se empenharam em desenvolver um teste local. No Laboratório de Estudo em Vírus Emergentes (LEVE) do IB, no dia 17 de março começaram os procedimentos para que isso ocorresse. O LEVE, coordenado pelo professor José Luiz Proença Módena, finalizou o processo rapidamente, possibilitando o credenciamento da Universidade para os diagnósticos de Covid-19.

audiodescrição: fotografia colorida do professor José Luiz Módena
Coordenador do Laboratório de Estudos em Vírus Emergentes da Unicamp, onde teste para detecção da Covid-19 foi desenvolvido

“A Unicamp e Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto foram primeiros lugares [no estado] que conseguiram credenciamento junto ao Adolfo Lutz para o diagnóstico da Covid-19. Esse teste foi rapidamente implantado visando a detecção do vírus em pacientes internados no Hospital de Clínicas que tinham um quadro bem compatível com a doença e em profissionais de saúde. Essa rapidez ajudou muito a todo sistema de saúde aqui da Unicamp a se organizar para como receber os pacientes e como remanejar os profissionais de saúde nesse enfrentamento à doença, e teve um papel essencial para diminuir os surtos hospitalares”, observa José Luiz.

Ele lembra que, antes do credenciamento, o Adolfo Lutz era o único laboratório que podia realizar os diagnósticos no estado e pela grande demanda havia uma demora na entrega dos resultados. Com o credenciamento, o docente avalia que a Unicamp deu exemplo a outras instituições e também houve a possibilidade de melhoria na estrutura do laboratório responsável pelo diagnóstico.

“Foi uma medida muito importante como exemplo para outras instituições, para que elas pudessem rapidamente implementar um teste de detecção seguro. Essa iniciativa, junto com a criação da rede paulista coordenada pelo Butantan, criou um apelo para que a gente conseguisse doações e assim estruturar um centro com uma estrutura maior, automatizada, que pudesse fazer mais testes por dia e que pudesse atender a região de Campinas”, afirma o professor.

A partir da adesão à rede, o laboratório obteve um robô de extração de amostras. O robô enviado em maio pelo Butantan permitia a extração de 32 amostras por hora, e foi trocado em seguida por um que possibilita a extração de 96 amostras. A Unicamp também havia adquirido um robô, logo no início da pandemia, que chegou na Universidade em junho.

Dessa forma, José Luiz estima que a estrutura atual tem a capacidade de testar em um dia o que antes era testado em uma semana, o que traz inúmeros benefícios. “Hoje com a capacidade local de testes podemos trabalhar junto com a vigilância para ter medidas ativas de controle da disseminação desse vírus, por exemplo pensando na detecção de pacientes assintomáticos, o que no começo não era possível porque não havia estrutura”, pontua.

O novo coronavírus, elucida o pesquisador, traz desafios de diversas ordens, e a ampliação dos diagnósticos via Unicamp são de extrema relevância, já que só com a testagem é possível controlar a pandemia. “Estamos lidando com vírus de transmissão respiratória que se dissemina muito bem de pessoa uma pessoa que tem um índice de transmissão alta durante até mesmo na fase sem sintoma. Além disso é um vírus que interfere na nossa resposta imunológica, na nossa capacidade de responder. É um vírus que veio para ficar e a nossa obrigatoriedade de testar é essencial”, observa.

Para ele, apesar dos desafios, a equipe envolvida na testagem e nos diagnósticos da Unicamp vem realizando um trabalho admirável. “São vários cientistas que estão atendendo uma demanda de saúde pública. Existem desafios mas tem funcionado tudo muito bem e tenho muito orgulho do que está sendo feito”.

Assista também à entrevista realizada pela TV Unicamp para série "Em que pé está?" com o professor Alessandro Farias:

Edição de vídeo: Kléber Casablanca

Imagem de capa
audiodescrição: ilustração colorida de um mapa da região de campinas com as cidades que são atendidas pelos diagnósticos via Unicamp marcadas

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