Unicamp, Nissan e o carro movido com eletricidade gerada por etanol

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A Unicamp e a Nissan assinaram nesta sexta-feira um contrato de prestação de serviço visando um estudo sobre uso de bioetanol como uma opção para a mobilidade elétrica. A fabricante japonesa é a primeira no mundo a desenvolver um protótipo de veículo com célula de combustível de óxido sólido (SOFC) que funciona com energia gerada por etanol. O documento foi firmado pelo reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, e pelo presidente da Nissan do Brasil, Marco Silva, no Gabinete da Reitoria. A pesquisa será conduzida no Laboratório de Genômica e BioEnergia da Unicamp.

O acordo prevê a realização de análises, pesquisas e o desenvolvimento de produtos e processos relacionados a tecnologias veiculares e biocombustíveis, além de avaliações das tendências do setor sucroenergético. “É um primeiro contrato, feito com um único laboratório, para desenvolvimento e testes de uma nova tecnologia da Nissan. É um primeiro passo, trazendo especialistas da empresa para avaliar todas as possibilidades que temos para um trabalho conjunto envolvendo outros laboratórios no futuro”, disse o reitor Marcelo Knobel. 

Foto: Antoninho Perri
Representantes da Unicamp e da Nissan no encontro que pode dar início a uma parceria ampla

Marco Silva, por sua vez, adiantou que a ideia é colocar a tecnologia do etanol dentro dos veículos da Nissan não apenas no Brasil, mas em nível mundial. “Queremos levar essa tecnologia desenvolvida para o Japão e também para outros países. Temos vários interesses em relação a eletrificação e formas de propulsão, e o motor 100% elétrico é um deles, mas vemos uma grande oportunidade para os nossos produtos através da tecnologia baseada na célula de combustível de óxido sólido. E o estudo da Unicamp vai nos ajudar nesta tecnologia completamente inovadora de hidrogênio gerado pelo etanol.”

A Nissan esclarece que, apesar da utilização do etanol, não se trata de um conjunto híbrido, já que não há combustão. O álcool entra no sistema apenas para produzir, por meio de reação química, o hidrogênio – responsável por abastecer a célula de combustível, que gera a eletricidade. A combinação desta com outras duas tecnologias, o motor e as baterias elétricas, garante ao veículo uma autonomia superior a 600 km. O primeiro período de testes de abastecimento e utilização do SOFC foi realizado até 2017 pela equipe de P&D do fabricante. Atualmente, o protótipo está em nova fase de testes no Japão, mas conforme Marco Silva, será trazido de volta ao Brasil até o final do ano.

Foto: Antoninho Perri
O reitor Marcelo Knobel e Marco Silva, presidente da Nissan do Brasil, assinam o contrato

O professor Gonçalo Amarante Guimarães Pereira, do Laboratório de Genômica e BioEnergia, explica que a nova motorização por células de combustível permite que a bateria do carro elétrico seja substituída pelo tanque de etanol. “Os motores elétricos são bem mais eficientes que os motores a combustão, mas exigem uma bateria, o que é um problema em termos de preço, tamanho, tempo de recarga e também de poluição, não diretamente, mas em seu processo produtivo – analisando o ciclo de vida, do berço ao túmulo, um carro elétrico a bateria na Europa polui tanto quanto um carro a gasolina.”


Salto na produção de etanol

Gonçalo Pereira relembra a história do etanol no Brasil a partir da crise do petróleo na década de 1970, quando o preço do barril passou de três para 30 dólares, paralisando o mundo. “O Brasil, que não produzia etanol, desenvolveu o carro a álcool, saindo zero para 10 bilhões de litros em dez anos. Com a pressão dos usineiros por uma alta no preço e o descrédito do carro a álcool, a indústria reagiu novamente e veio o carro flex, com a produção passando de 10 bilhões para 30 bilhões de litros, como temos agora. O que estamos vendo é uma tecnologia capaz de promover um novo salto na produção de etanol.”

Foto: Perri
Gonçalo Pereira, que vai liderar o estudo pelo Laboratório de Genômica e BioEnergia

O professor da Unicamp recorda ainda que a produção de etanol alavancou toda uma cadeia, com a exigência de mais variedades de cana, de mecanização da cultura e de dar um fim adequado ao bagaço, gerando a bioeletricidade que hoje supre boa parte de São Paulo. “Além de tudo, enquanto cada unidade de energia fóssil gera um emprego, a unidade de bioeletricidade pode gerar sete postos de trabalho. A importância desta nova tecnologia é de ser um vetor que puxa toda uma cadeia, o que talvez explique como um professor de genética está liderando um convênio com uma indústria automobilística”, brinca.

Segundo Pereira, este primeiro contrato entre Unicamp e Nissan visa avaliar o nosso potencial de produção de etanol, e não apenas para o Brasil, pois estima-se que poderíamos abastecer toda a frota mundial se metade dos 180 milhões de hectares de pastos fosse destinada à cana. “Acontece que a indústria do petróleo é muito forte e introduzir uma nova tecnologia, mesmo que ela faça sentido, não é fácil. O fato é que o etanol, diferente do petróleo, pode ser produzido na África, por exemplo, gerando empregos e aliviando o problema da imigração na Europa. Isso seria democratizar a geração de energia.”

 

 

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Representantes da Unicamp e da Nissan no encontro que pode dar início a uma parceria ampla | Foto: Antoninho Perri

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