Unicamp sedia evento da Unesco sobre poluentes emergentes

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A Unicamp, por meio do Instituto de Química (IQ), sedia nesta quinta e sexta-feira (6 e 7) o Unesco Regional Training Workshop on Emerging Pollutants in Water Resources in Latin America and the Caribbean, evento que tem por objetivo capacitar pesquisadores e tomadores de decisão com vistas ao gerenciamento de poluentes emergentes que contaminam os recursos hídricos. Entre esses compostos, que não são removidos da água pelos sistemas convencionais de tratamento, estão fármacos, produtos de higiene pessoal, pesticidas e microplásticos, que podem ser altamente nocivos ao meio ambiente e à saúde humana. O Portal da Unicamp ouviu a professora Cassiana Montagner, docente do IQ e organizadora do workshop, e Sarantuyaa Zandaryaa, representante da Unesco. Na entrevista que segue, as duas falam dos desafios relacionados ao enfrentamento dos riscos apresentados por esses contaminantes.

Os poluentes emergentes constituem um problema mundial ou eles são mais danosos para os países em desenvolvimento?

Cassiana Montagner -É um problema mundial, mas os países em desenvolvimento, como os localizados na América Latina e Caribe, têm suas particularidades.

Tanto é assim que este workshop está sendo realizado no contexto de um programa voltado para países em desenvolvimento. O evento foi realizado anteriormente em outras três regiões, e agora aqui, no Brasil. A Unicamp foi escolhida para sediar o encontro por causa da sua trajetória em pesquisas sobre o tema, que foram iniciadas há 15 anos pelo professor Wilson Jardim. Essa escolha é um reconhecimento ao nosso trabalho, mas demonstra também a importância dessa questão na atualidade.

As pesquisas desenvolvidas no IQ têm oferecido subsídios para a formulação de políticas públicas na área, não?

Cassiana Montagner - Boa parte das nossas pesquisas tem servido de referência para as concessionárias de água, que tem procurado aperfeiçoar seus sistemas de tratamento. Centros de pesquisas estão sendo construídos graças a essa colaboração. Os nossos estudos têm subsidiado também ações do Ministério Público e discussões em torno da revisão da portaria que trata da potabilidade da água. Essas contribuições são tão importantes quanto os artigos que publicamos porque trazem consequências positivas para a sociedade.

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O Brasil dispõe de conhecimento e tecnologia suficientes para identificar e remover esses poluentes emergentes da água?

Cassiana Montagner - O Brasil não está atrás do que tem sido feito em nível mundial. Os desafios que enfrentamos são os mesmos do resto do mundo. O Brasil tem tecnologia para avançar nessa linha de pesquisa, tanto em relação a detecção quanto ao tratamento. Obviamente, temos a particularidade de ter um saneamento básico mais precário e um padrão de consumo relativamente elevado. Entretanto, temos tecnologia para lidar com o tema no âmbito da ciência.

Existe uma classe de poluentes emergentes mais preocupante?

Cassiana Montagner – Quando falamos de poluentes mais preocupantes, estamos falando sobre aqueles aos quais estamos mais expostos ou acerca daqueles que apresentam capacidade de causar efeito nocivo maior. Assim, podemos citar os fármacos, as drogas, os pesticidas etc. Algo novo para o Brasil, mas que não é tão novo em termos internacionais, são os microplásticos. Temos também os compostos de origem industrial que usamos em casa. Penso que o desafio para os próximos anos seria elencar os poluentes prioritários para a nossa realidade. Com isso, atuaríamos focados naquilo que mais preocupa o Brasil, o que ajudaria na condução do processo regulatório e na tomada de decisões.

É possível traçar um panorama de como está a questão dos contaminantes na América Latina e no Caribe?

Sarantuyaa Zandaryaa - O problema com os contaminantes emergentes é evidente nos países em desenvolvimento, principalmente porque os sistemas de tratamento de esgoto não são suficientes. Os países fazem apenas o tratamento secundário, o que não é suficiente para remover esses contaminantes. Na América Latina temos muitas multinacionais que produzem muitos compostos. Isso dificulta e expõe mais esses poluentes ao ambiente e aos reservatórios de água, como fármacos, produtos de higiene pessoal, e pesticidas etc.

A ciência dispõe de evidências sobre os danos que os poluentes emergentes podem causar à natureza e à saúde humana?

Sarantuyaa Zandaryaa- Não existe hoje muitas evidências diretas dos riscos para a saúde humana. Embora esteja trazendo resultados interessantes, essa linha de pesquisa ainda é muito recente. O que se tem muito bem relatado na literatura são as consequências em animais, como peixes e organismos aquáticos, que são muito sérias. As evidências em animais têm permitido correlações com a saúde humana. Hoje há muitos trabalhos que analisam a mistura de substâncias nos corpos hídricos, no sentido de identificar quais são os efeitos dessa combinação para a saúde dos animais.

Quais os papéis das políticas públicas e dos cidadãos frente a essa problemática?

Sarantuyaa Zandaryaa- A ação da política pública é importante para promover a regulação dos poluentes emergentes. O trabalho da Unesco é montar grupos de trabalhos para reforçar a importância dessa política, bem como trazer indicadores que possam facilitar o processo regulatório em países que têm a mesma situação de contaminação. A população, por sua vez, tem um papel importante nesse contexto, que é o de reduzir o aporte desses contaminantes no ambiente. Descartar os fármacos em locais adequados [devolvendo às farmácias] e não jogá-los no vaso sanitário ou no lixo comum é uma ótima ação. A escolha de produtos de higiene pessoal que apresentem um menor número de contaminantes também é uma atitude bem-vinda. O uso e o descarte consciente dos plásticos são igualmente iniciativas que podem ajudar a reduzir de forma significativa a concentração dos poluentes no ambiente.

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Evento na Unicamp discute questão dos poluentes emergentes

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