Artistas e pesquisadores debatem a canção popular

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mulher fala ao microfone
Alice Ruiz, poeta e letrista

“Quando eu comecei a criar, nem sabia que estava resistindo. Comecei na adolescência. A família me chamava de “ovelha negra”, “rebelde”. Mas eu não tinha consciência de que havia todo um sistema para ocultar a mulher.  Então, eu saí fazendo, sem me preocupar com isso. Acho que isso é importante, ao mesmo tempo que a gente tem que manter as novas gerações informadas de que elas devem continuar lutando contra essa invisibilidade, não podemos deixar as crianças, as meninas, desanimadas por conta disso. Eu não desanimei por pura ignorância”, cotou Alice Ruiz, nesta segunda-feira (5), na abertura do III Encontro de Estudos da Canção e do Canto Popular, no Instituto de Artes (IA) da Unicamp.

Poeta e letrista, com parcerias com Arnaldo Antunes (Socorro), Itamar Assunção (Navalha na liga), Zeca Baleiro (Quase nada), Alzira Espíndola (Penso e passo) e Ceumar (Avesso), Alice Ruiz refletiu sobre a canção, a poesia e sobre a luta das mulheres. Mais acadêmica, mas não menos artista, compôs a mesa ao seu lado a pesquisadora Ana Carolina Murgel, doutora em história cultural pela Unicamp.

Ao iniciar sua pesquisa em 2003, em busca de identificar letristas e compositoras brasileiras, Ana Carolina contou que estimava um número entre 800 e 900 artistas. Em seu relatório final, constam 7500 nomes. “Eu parei aí. Certamente seriam muitas mais se eu tivesse continuado. Mas havia um prazo para entregar”, contou.

mulher fala ao microfone
Ana Carolina Murgel, doutora em história cultural pela Unicamp

Entre as descobertas que fez pelo caminho, localizou autorias de músicas tão conhecidas como “Lampião de gás” de Zica Bérgami,  “Fiz a cama na varanda” de Dilu Mello e “Lama” de Aylce Chaves, em parceria com Paulo Marques. “Eu fiquei emocionada com a quantidade de canções lindas, que eu não sabia, eram de mulheres. É importante para nós sabermos a quantidade de mulheres compositoras e letristas e o tamanho da criatividade dessas mulheres”, afirmou.

público que acompanha a palestra
Estudantes, pesquisadores e artistas acompanham a palestra

O lugar da mulher na música brasileira como intérprete foi questionado pelas duas. “As mulheres são as melhores cantoras? Mas somos também as melhores compositoras, em muitos casos. Somos tão grandes compositoras quanto eles”, pontuou Ana. “A gente fala que neste país que tem cantoras.  Marisa Monte, Gal Costa, Tulipa Ruiz, Karina Kuhr, Céu, são todas compositoras.  Tem alguma coisa na nossa cultura, na nossa história, que parece que forçar todos os meios de comunicação a dar invisibilidade a qualquer mulher que produza alguma coisa”, afirmou Alice.

Na parte da tarde, Ná Ozzetti e Ceumar conduziram as Conversas sobre Canção. Veja um trechinho no vídeo a baixo:

 

Até sexta-feira no IA
O Encontro, organizado pela artista e professora do IA, Regina Machado, junta amantes da canção popular de dentro e fora da academia. “A junção de pesquisadores e artistas é muito especial, pois esse é um tema que foi abraçado pela Universidade há pouco tempo. A Unicamp é pioneira na instalação de uma graduação em Música Popular. Tratar desse assunto é fundamental porque esse é um tema muito caro à cultura brasileira. Então a academia precisa reconhecer isso definitivamente e abrir esse espaço”, afirmou Regina.

mulher fala ao microfone
Regina Machado, artista, pesquisadora e professora

Segundo ela, abrir o Instituto de Artes para a comunidade debater e apreciar a canção popular faz parte da missão da Universidade. “Academia precisa dialogar com a sociedade. Então nada melhor do que trazer os artistas para dentro da academia”, afirmou. Destacou ainda o fato de que boa parte dos docentes do Instituto, como ela, tem carreiras na música. “A gente trabalha com música na pesquisa, no ensino e na realização artística”, ressaltou.

O Encontro surgiu no âmbito do grupo de pesquisa coordenado por Regina, o Vox Mundi, que reúne estudantes e pesquisadores em torno do tema da canção.  Foi realizado pela primeira vez em 2003. A segunda edição ocorreu em 2015.

A programação deste ano inclui sessões de comunicação provocativas, mesas de debate, palestras e shows. Todos os eventos são gratuitos, acontecem no IA e, tirando as oficinas que exigiam inscrição, são abertos ao público. Confira a programação completa no link.

professoras e alunos em sala de aula
Cida Moreira e Ana Luiza em  oficina de canto popular

 

Imagem de capa
Alice Ruiz, poeta e letrista

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