Palestras revelam percurso do livro da proposta inicial à divulgação

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Plinio Martins Filho, da Escola de Comunicação de Artes da USP
Plinio Martins Filho, da Escola de Comunicação e Artes da USP e participantes do minicurso

Beatriz Guimarães de Carvalho

Diversos são os processos e obstáculos atravessados até que um livro esteja pronto para ocupar as prateleiras e vitrines das livrarias. Apresentar os bastidores dessa jornada, que vai do autor ao leitor, foi o objetivo das palestras que abriram, na segunda-feira (14), o Minicurso de Editoração, iniciativa da Editora da Unicamp com apoio do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) e do coletivo AEntidade.

"Um livro só existe quando chega às mãos do leitor", define o professor Plinio Martins Filho, da Escola de Comunicação de Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), que fez a palestra de abertura do curso. Mas até que isso ocorra, há uma longo e complexo trajetória, que envolve muitas pessoas trabalhando coletivamente, afirma Martins Filho, que presidiu a Editora da USP (Edusp) por mais de 20 anos, entre outras atividades no campo editorial e é autor do Manual de Editoração e Estilo, publicado pela Editora da Unicamp, Edusp e Editora UFMG.

A produção do livro envolve várias etapas, detalhadas pelo coordenador editorial da Editora da Unicamp, Ricardo Lima: avaliação da proposta, documentação jurídica, planejamento financeiro, revisão, projeto gráfico, distribuição, divulgação e marketing. A partir de exemplos e casos que já passaram pela editora, ele destacou os principais desafios desse processo e forneceu um panorama útil não apenas para quem deseja ter obras publicadas, mas também para quem quer seguir carreira no universo editorial.

Em seguida, a jornalista Marta Avancini, do Grupo de Comunicação da Editora da Unicamp, falou sobre a divulgação dos livros, que, hoje em dia, requer atuação tanto nas mídias tradicionais (jornais, revistas, rádio e TV) como nas novas plataformas (redes sociais, blogs, canais de vídeo e podcasts). “Não basta mais fazer um release, é preciso desdobrar em conteúdos e linguagens”, afirma. A jornalista ressaltou, ainda, que o grupo de divulgação da Editora conta atualmente com alunos de graduação e pós-graduação da Unicamp, que têm produzido resenhas, reportagens e entrevistas para o blog da editora e outros canais da universidade.

Já as etapas de preparação e normalização dos textos foram abordadas por Beatriz Marchesini, revisora da Editora da Unicamp. Ela explicou como ocorrem as fases de revisão e mostrou que essa profissão envolve uma “checagem quase sem limites”. Para ela, um bom revisor deve cultivar o hábito de sempre desconfiar do que está escrito, usando seu conhecimento sobre a língua e seu repertório geral. “O bom revisor é aquele que você não nota”, explicou. Além disso, ela mostrou ao público exemplos de falhas de revisão e cuidados a serem tomados.

Por fim, a diagramadora Silvia Gonçalves, também da Editora da Unicamp, resgatou um breve histórico do design editorial, apresentou os principais softwares de diagramação e descreveu como é feito hoje o planejamento visual de um livro. Ela destacou que é necessário manter um equilíbrio entre a boa legibilidade e o visual adequado, sempre levando em consideração o público-alvo da obra e as possibilidades financeiras da editora.

Finalizadas as palestras, o público teve a oportunidade de tirar dúvidas e fazer sugestões à equipe da Editora da Unicamp. A programação do Minicurso de Editoração terá continuidade no dia 21 de agosto, quando os participantes poderão colocar o aprendizado na prática durante as oficinas de produção editorial, divulgação e marketing, revisão e diagramação.

 

ENTREVISTA

Um 'Manual' a serviço da produção universitária


Julia Franco

Transformar uma pesquisa em livro que exige mais dos autores e editores hoje do que há dez anos, por conta da profissionalização do mercado editorial. Por isso, a adoção de normas e padrões no processo de transformação de uma tese ou dissertação em livro pode ser um aliado importante tanto dos pesquisadores quanto dos profissionais que trabalham das editoras. Essa é, afirma Plinio Martins Filho, a razão de existência do Manual de Editoração e Estilo, em entrevista ao Blog da Editora da Unicamp. Leia a íntegra a seguir:

Blog Editora da Unicamp: Qual o diferencial do "Manual de Editoração e Estilo", se comparado a outras obras semelhantes?
Plínio Martins Filho: Procurei fazer um livro que servisse para produção universitária, principalmente. Quando as pessoas forem fazer suas teses já produzem com as regras mais adequadas às editoras. Fazendo isso, adotando as regras acadêmicas, com certeza o processo de edição será facilitado.

Blog da Editora da Unicamp: Qual a importância de normalizar os estilos dos textos?
Plínio Martins Filho: Para o leitor, que começa a ler um livro e começa a ver a grafia de nome diferenciado, de um jeito ou de outro, anúncios de realces gráficos sem critérios, o leitor inconscientemente percebe que o livro não teve uma preparação adequada. Então ele começa a desconfiar; A ideia da normalização é que ela seja tão sutil, tão coerente que ninguém perceba que existem ruídos nesse trabalho. Essa é a grande importância, seja em trabalho acadêmico ou não.

Blog da Editora da Unicamp: Como este livro pode auxiliar o aluno que pretende seguir carreira como preparador e revisor de textos?
Plínio Martins Filho: Servirá como material de consulta. O aluno vai verificar como é que vai padronizar, vai [no manual] e acha. Para ele será um instrumento que tem o cuidado de mostrar maneiras de normalização, como o Manual, ele pode seguir facilmente com seu trabalho de preparação e revisão.

Blog da Editora da Unicamp: Esta obra é resultado de sua tese de doutorado, defendida em 2006. De lá pra cá, quais foram as principais mudanças observadas no trabalho com edição de livros no Brasil?
Plínio Martins Filho: Mudar não mudou, o que mudou é a profissionalização, esse cuidado com o texto que se tornou muito mais importante do que alguns anos atrás. Hoje nas escolas a gente exige que os trabalhos tenham um mínimo de coerência quando são apresentados. Se o livro é bem normalizado, você percebe que foi bem cuidado. O que mudou foi o cuidado que devemos ter, o respeito com o leitor.

Blog da Editora da Unicamp: Como suas experiências de trabalho em diversas casas editoriais contribuíram para a composição do livro?
Plínio Martins Filho: Minha experiência como editor começou em 1971, sempre preparando texto. O que eu percebia é que, por exemplo, principalmente na área acadêmica, cada titulo que eu pegava para fazer tinha uma norma, assim como cada editora tem uma norma também.

As pessoas indicam sempre a ABNT [Associação Brasileira de Normas Técnicas], que é uma norma oficial e sindical, mas na ABNT as normas são para documentação não para editoração. Então a partir dessa minha experiência fui juntando material para tentar criar um manual acadêmico, ou seja, mais ligado à produção das universidades mesmo. Fiz isso para tentar dar a possibilidade de uma coerência interna no texto.

Capa do livrio

RESENHA

A arte de editar livros

Heloísa M. Buttini

Editar é ordenar o caos. É assim que Plínio Martins Filho descreve o ofício que exerceu por mais de 45 anos, passando pela Editora Perspectiva, Ateliê Editorial e Edusp. Além de sua presença no mercado editorial, Plínio também consolidou sua carreira como professor do curso de Editoração da Escola de Comunicação e Artes da USP.

Essa dupla atuação faz com que o Manual de Editoração e Estilo, lançado em 2016 pela Editora da Unicamp em parceria com a Edusp e a Editora UFMG, seja uma fonte de consulta tanto de profissionais do livro quanto de pesquisadores acadêmicos, uma vez que pode ser lido como um guia não só de padronização de obras, mas também de teses.

Se, por um lado, a tarefa do escritor é tão solitária quanto a do leitor, que trava um monólogo consigo mesmo, por outro, o autor pontua que a função do editor, enquanto leitor privilegiado e primeiro de um texto, é estabelecer diálogos. Dialogar com os materiais originais e seus autores é parte do processo de organização do caos, visando à ordem que chegará nas mãos do leitor.

Contudo, mais do que estabelecer uma ponte entre autores e leitores, a característica de não ser uma profissão solitária diz respeito ao fato de que editores precisam se apoiar em normas e convenções, que escapam de seu arcabouço pessoal. O Manual de Editoração e Estilo surge de forma singular no contexto brasileiro não para impor regras absolutas, mas para facilitar a padronização de conceitos por vezes difusos e controversos.

O ofício de editar abarca revisar, preparar e diagramar textos, tarefas com suas especificidades que possuem um propósito comum. Plínio Martins Filho as conecta em um único manual, partindo dos aspectos formais de um original, passando por sua edição, projeto gráfico e tipologia, e chegando até as normatizações de ortografia, de língua portuguesa e também de línguas estrangeiras, e de pontuação. A edição conta com exemplos ilustrados de cada elemento que compõe a feitura de um livro, além de divisões didáticas de todos os processos, facilitando consultas e servindo de guia para leitores que trabalham aperfeiçoando textos.

 

Imagem de capa
Plinio Martins Filho, da Escola de Comunicação de Artes da USP

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