OS MESMOS, a OCIOSIDADE
OCIOSIDADE – Deixa-o ir... não te arrependerás... Eu te salvarei!
FAUSTINO – Cáspite. Falem-me disto! Contigo irei até o inferno... logo que saiba quem és e o que desejas.
OCIOSIDADE – Eu sou a Ociosidade!(A cena fica repentinamente escura).
TRABALHO – A mãe de todos os vícios!
OCIOSIDADE – E de todos os prazeres!
TRABALHO – Ao passo que eu sou o pai de todas as virtudes!
OCIOSIDADE – E de todas as sensaborias.
FAUSTINO – Safa! que tendes ambos a bossa paterna muito desenvolvida!
OCIOSIDADE – Ouve...
É por intriga,
Por balda antiga,
Que me fustiga
Este grande ratão!
Não me perdoa,
Mas me magoa,
Me amaldiçoa,
Não sei por que razão.
Quem passa a vida
De perna alçada,
Sem fazer nada,
Há de ser bem feliz,
Pois é negócio,
Neste país,
Viver entregue ao santo ócio!
(Declamando) Assim pois...
Faustino, vem comigo já!
O que eu te dou ninguém te dá,
Nem te dará!
TRABALHO – Agora eu, minha rica senhora...
II
Nesta batalha
Quem não trabalha
Nem a mortalha
Ao menos pode obter;
É condenado,
É reprovado,
Vituperado:
Só lhe resta morrer!
Foge ao perigo!
Se vens comigo,
Se és meu amigo,
Inda será feliz!
Não é negócio,
Neste país,
Viver entregue ao santo ócio!
(Declamando.)
Por conseguinte...
Faustino, vem comigo já!
O que eu te dou, ninguém te dá,
Nem te dará!
AMBOS – Faustino, vem comigo já! etc.
FAUSTINO ( À Ociosidade) – Decido-me por ti, que és bela!
OCIOSIDADE – Vamos...
FAUSTINO – Aonde?
OCIOSIDADE – Ao Reino do Jogo! (Sai, levando Faustino)
TRABALHO – Insensato! tudo farei para salvar-te! ( Sai. Mutação)