HG 613 Tópicos Especiais de Epistemologia das Ciências Naturais II

Graduação, 2o Semestre de 2010

Prof. Silvio Seno Chibeni

Departamento de Filosofia - Unicamp

 

Lista de exercícios n.2 (23/11/2010)

Esta lista não é para nota e não precisa ser entregue ao professor. Visa a auxiliar os alunos em seus estudos e preparo para a prova 2. Responda-a, porém, como se fosse para ser entregue. Dica: Troque suas respostas com um colega; corrijam-nas e depois marquem um encontro para discussão. (Observação: Não há a pretensão de que a lista esgote os possíveis assuntos que serão objeto das questões da prova.)

 

  1. A importante questão de se distinguirem as hipóteses e teorias científicas das não-científicas é abordada brevemente por Hempel na seção 3.5. Ele defende – como fizeram outros filósofos da ciência – que um fator essencial no critério de demarcação deve ser a testabilidade em princípio da hipótese ou teoria. Explique esse critério. Dê um exemplo em que o critério é obedecido e outro em que é violado.

  2. Não sendo possível a confirmação completa e definitiva de nenhuma hipótese científica por meio da evidência empírica (ou seja, pela verificação experimental de suas implicações de teste), Hempel busca, no cap. 4, identificar critérios adicionais que possam de algum modo contribuir para a confirmação de hipóteses. a) Quais os três critérios mencionados na seção 4.1? b) Explique brevemente cada um deles.

  3. Por que é importante que as implicações de teste de uma hipótese sejam variadas, ou seja, envolvam fenômenos de tipos diferentes?

  4. Na seção 4.2 Hempel analisa um dos critérios de confirmação mais importantes. a) Que critério é esse? b) Mencione um exemplo histórico de aplicação desse critério (pode ser de qualquer área da ciência). (Para o assunto dessa questão é útil ler a seção 5.4 do livro de Chalmers.)

  5. Por que o critério da questão precedente não foi reconhecido no início do período contemporâneo, no qual dominava a concepção lógico-positivista de ciência?

  6. Se uma hipótese ou teoria bem confirmada implica outra ainda não bem estabelecida, esta última recebe apoio da primeira. Hempel chama esse tipo de apoio de “teórico”. Embora a denominação seja apropriada, ela não deve encobrir o fato de que mesmo esse apoio é, em certo sentido, empírico. Explique esse sentido.

  7. Considere agora o caso em que, ao invés de apoio, uma determinada hipótese conflita com outra hipótese ou teoria consideradas bem estabelecidas. Embora seja razoável, nessa situação, desconfiar daquela hipótese, por que não é prudente considerá-la como definitivamente refutada?

  8. Muitas vezes ao longo da história da ciência o critério de simplicidade foi usado na escolha entre teorias ou hipóteses rivais. Se, ao fazer a escolha, o objetivo for meramente pragmático, a legitimidade do critério é evidente. Mas se pretendermos também que, ao escolher, estamos tentando escolher a que mais se aproxima da verdade, ou seja, se a escolha for suposta ter relevância epistêmica, surgirá uma dificuldade séria. Do que se trata?

  9. a) A que grande problema epistemológico a oposição realismo/anti-realismo científico diz respeito? b) Defina sucintamente, mas com precisão, essas duas posições epistemológicas.

  10. a) Que posição epistemológica Osiander defende no prefácio ao De Revolutionibus? Justifique sua resposta, citando duas frases desse texto. b) Por que a adoção dessa posição ajudou a livrar a obra das perseguições da ortodoxia religiosa-científica da época?

  11. A posição de Osiander foi rechaçada pelos maiores cientistas do início da ciência moderna. Cite os nomes de ao menos três deles. b) Segundo Popper, a partir das contribuições desses cientistas e de seus sucessores imediatos, que posição, dentre as duas indicadas na questão 2, prevaleceu até a primeira metade do século XX? c) Que episódio parece finalmente ter levado a uma mudança de opção por parte de vários líderes da ciência nessa época?

  12. A interpretação das teorias científicas explicativas como instrumentos ou regras de cálculo impede sua interpretação como descrições de aspectos inobserváveis do mundo? Justifique sua resposta.

  13. Fora o instrumentalismo, que outra posição acerca do conhecimento científico é criticada por Popper? Dê o nome e explique o que é, fazendo alusão a uma enumeração apresentada no início da seção 3 do artigo de Popper.

  14. Popper começa a seção 4 apontando uma vantagem da posição instrumentalista: a simplificação ou dissolução de certos problemas epistemológicos. Que problemas são esses?

  15. A crítica central de Popper ao instrumentalismo apóia-se numa análise da metodologia científica. Segundo ele, há uma diferença profunda entre o modo pelo qual os cientistas tratam instrumentos (físicos ou teóricos) e teorias científicas, entendidas como tentativas sérias de descrever o mundo... Prossiga na exposição dessa análise, expondo seus pontos principais.

  16. Por que, segundo Popper, a visão instrumentalista das teorias científicas obsta ao progresso da ciência?

  17. Na última seção de seu artigo, Popper expõe a sua posição quanto ao conhecimento científico (e ao conhecimento em geral). Apresente-a em seus traços principais.

  18. a) Segundo Popper, qual o objetivo central da ciência? b) Seria possível determinar que esse objetivo foi, em algum caso, alcançado? Por que?

  19. À tese essencialista de que a ciência visa a fornecer explicações últimas (ou terminais) para os fenômenos, Popper contrapõe a idéia das “camadas” explicativas. Do que se trata?

  20. Qual, segundo ele, o estatuto metafísico correto dos entes postulados em cada uma dessas camadas? (São reais? Em que sentido?)