HG 104 ESTUDO DIRIGIDO

Primeiro semestre de 2001

Prof. Silvio Seno Chibeni

 

prova (27/6/2001) - CORREÇÃO

 

1.

Esquema simplificado:

 

H ® E

 

i) Se E for verdadeira não existirá um argumento logicamente válido para concluir que H é verdadeira, mas podemos considerar que nessa situação H foi corroborada ou confirmada parcialmente pelo teste.

ii) Se E for falsa podemos armar o seguinte argumento (modus tollens):

H ® E

¬ E

¬ H

Neste caso o teste representará uma refutação de H.

 

Esquema refinado, levando em conta a hipótese auxiliar A:

 

(H & A) ® E

 

i) Se E for verdadeira poderemos concluir, mais uma vez não logicamente, que a conjunção de H e A foi corroborada; também aqui o teste de alguma forma apóia H.

ii) Se E for falsa teremos:

(H & A) ® E

¬ E

 


¬ (H & A)

A partir dessa conclusão não é possível inferir logicamente que H foi refutada. H ser falsa é uma das possibilidades; a outra é A ser falsa. O teste não decide a sorte de H isoladamente.

 

 

2. O teste consistiu em determinar que os médicos que faziam os partos lavassem as mãos em água com cal clorada antes do procedimento, registrando-se então a estatística de óbitos por febre puerperal. A hipótese auxiliar é a de que a referida solução é capaz de destruir os agentes patogênicos (sejam quais forem) presentes na matéria pútrida.

 

 

3. Um teste crucial é aquele capaz de, em princípio, decidir entre duas (ou mais) hipóteses rivais, propostas para explicar um certo fenômeno, ou conjunto de fenômenos. Para o caso de termos apenas duas hipóteses, H1 e H2, o teste seria esquematizado como:

H1 ® (C ® E1)

H2 ® (C ® E2)

onde C representa a condição de teste (descrição do experimento) e E1 e E2 denotam, respectivamente, as implicações de teste de H1 e H2. Para o teste ser crucial deve haver uma incompatibilidade entre E1 e E2, ou seja, E1 ® ¬ E2 e E2 ® ¬ E1. Assim, se a experiência mostrar que E1 é verdadeiro, H1 será confirmada e H2 refutada; se for falso, as avaliações se invertem. O mesmo vale, mutatis mutandis, para E2.

 

 

4.

Seja HT a hipótese de Torricelli e HA a aristotélica. A primeira tem a implicação de teste ED, de que a altura da coluna de mercúrio diminui à medida que o barômetro vai sendo levado para o alto, enquanto que HA implica que essa altura fica invariável (EI). Ora, essas duas implicações de teste são incompatíveis. A experiência de fato mostrou que ED é verdadeira, corroborando assim a  hipótese de Torricelli e refutando a aristotélica. Se a experiência tivesse mostrado que EI é verdadeira, as avaliações se inverteriam. (Note-se que a extração de EI de HA claramente pressupõe a hipótese auxiliar de que o horror ao vácuo é o mesmo no alto e no baixo. Se essa hipótese for questionada, o experimento não mais poderá refutar a hipótese aristotélica, embora possa continuar confirmando ou refutando a de Torricelli. O experimento deixa de ser crucial.)