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Planta do cerrado absorve
metal nocivo ao meio ambiente

Raquel do Carmo Santos

 

A bióloga Divina Vilhalva, autora da dissertação (Foto: Antoninho Perri)Pesquisa de doutorado desenvolvida no Instituto de Biologia (IB) identificou uma planta nativa do cerrado brasileiro que absorve o cádmio e que se mostrou promissora para absorção de outros tipos de metais pesados. Trata-se da Galianthe grandifolia - Rubiaceae, uma herbácea da família do café, encontrada de forma abundante em áreas de cerrado do Estado de São Paulo, mais precisamente na cidade de Itirapina. Sua importância reside, justamente, na descoberta de uma planta naturalmente presente em solo brasileiro que tenha potencial para fitorremediação – nome dado ao processo de descontaminar o solo com a utilização de plantas.

Em geral, explica a bióloga Divina Aparecida Anunciação Vilhalva, as espécies utilizadas são aquelas provenientes de clima temperado. “Não havia conhecimento de plantas nativas que tivessem poder de absorção como a que encontramos”, esclarece. Neste sentido, os processos de fitorremediação atuais são realizados com plantas geneticamente modificadas oriundas de outros países.

Planta com potencial para fitorremediação (Foto: Divulgação)Divina destaca ainda que, pelos testes feitos em laboratório, esta Rubiaceae pode ser considerada uma planta hiperacumuladora de cádmio, pois se mostrou altamente potente. Apenas duas plantas, no mundo, utilizadas para fitorremediação são consideradas nesta categoria. Segundo os resultados, a Rubiaceae conseguiu absorver, na parte área, 120 miligramas de cádmio por quilograma e, na área subterrânea – que corresponde ao xilopódio (estrutura rígida que compõe o sistema subterrâneo) – o total acumulado foi de 300 miligramas do metal por quilograma de matéria seca. Para efeito de comparação, uma das plantas consideradas hiperacumuladora, a Thlaspi caerulescens, consegue acumular 175 miligramas por quilograma de matéria seca da parte aérea.

O estudo desenvolvido por Divina Vilhalva foi orientado pelo professor Angelo Luiz Cortelazzo e encontrou espaço para as descobertas a partir da dissertação de mestrado, também apresentada no IB, cujo foco foram análises da morfo-anatomia de plantas do cerrado. A idéia de utilizar o cádmio como objeto de estudo também teve uma justificativa. Encontrado em lixões, gerado por baterias de celular, pilhas ou na forma de resíduos de indústrias de tecido e plástico, o cádmio é um dos metais mais nocivos na contaminação do ambiente. Por isso, o interesse em encontrar formas alternativas e viáveis para a remediação dos solos.

Estudos com esse enfoque são pouco conhecidos no Brasil, onde a contaminação do solo e a existência de áreas degradadas pelo excesso de metais são cada vez mais numerosas. A próxima etapa do trabalho, de acordo com a pesquisadora, é fazer os testes em áreas contaminadas com metais pesados. “Um trabalho deste tipo poderia responder questões importantes quanto ao manejo destas plantas em solos contaminados, contribuindo para o processo de fitorremediação como um todo”, declara.

 
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