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Nanoestruturas são objeto
de trabalho no IFGW

Trabalho  realizado  pelo  físico  Ezequiel Costa  Siqueira estudou  o  transporte  em  nanoestruturas híbridas  compostas por pontos quânticos duplos acoplados a eletrodos supercondutores e ferromagnéticos. A ideia do trabalho, de acordo com Siqueira, é mostrar que existem efeitos interessantes do ponto de vista de aplicações em spintrônica – tecnologia que explora a propensão quântica dos elétrons e girar, assim como fazer  uso  do  estado  de  suas  cargas (spin up e spin down). Segundo o autor, parte do trabalho foi feito através de cálculo analítico – à mão – e parte em cálculo numérico computacional. “São  efeitos originais. A nanoestrutura proposta em meu trabalho ainda não  havia  sido  estudada”,  afirmou.

Quando  iniciou  seu  trabalho, Siqueira  tinha  como  objetivo  fazer algo aplicado, que pudesse ser usado futuramente. Sua experiência é com materiais  supercondutores,  cujas propriedades  são muito  interessantes – entre elas o processo chamado refexão de Andreev. “Esse processo permite  usar  o  supercondutor  em spintrônica”, disse. Propôs, então, em teoria, uma nanoestrutura constituída de dois  ferromagnetos  conectados  a dois  pontos  quânticos  –  simulando uma molécula  de  dois  átomos  – com  uma  dessas moléculas  ligada a  um  supercondutor. Considerando o  supercondutor  aterrado  –  sem potencial – Siqueira aplicou  tensões elétricas em cada um dos  ferromagnetos  e,  posteriormente,  analisou  a corrente que passou por este circuito.

O  físico  percebeu  que  existem algumas propriedades que podem ser usadas em spintrônica. Existe a condutância diferencial negativa – aplica-se uma  tensão e em vez da corrente aumentar ela diminui.  Isso, segundo Siqueira, já foi observado em diodos túnel, elementos usados em aparelhos de microeletrônica como osciladores – parte de circuitos importantes. “Vimos que tem esse efeito, explicamos em  termos  do  processo  de  reflexão de Andreev  e  depois  percebemos também que esse sistema se comporta como  transistor, ou  seja, aplica-se o potencial em um eletrodo  ferromagnético  e  consegue-se  controlar  a corrente através do outro”, ressaltou.

Para  ele,  ainda  existem  algumas coisas a serem feitas, como considerar a  interação  elétron-elétron nos pontos quânticos  de  uma maneira mais sofisticada, além de outros potenciais desse  sistema,  como  a  computação quântica,  baseada  em  uma propriedade chamada de emaranhamento de elétrons. É possível, segundo Siqueira,  fazer  computadores muito mais rápidos  que  os  atuais  usando  essa propriedade.  Isso porque o  controle fornece  elétrons  emaranhados,  portanto esse sistema será importante de ser estudado. “Com o emaranhamento, você consegue processar dados muito mais rapidamente, resultando no chamado  computador  quântico”,  disse.

Do ponto de vista acadêmico, os resultados  apresentados  são  importantes,  principalmente  pelos  efeitos de aplicação prática, e a possibilidade de um sistema para se obter o emaranhamento que é um efeito de ciência básica.  “Percebemos  também  que isso  abre  essa  perspectiva,  já  que  é um efeito interessante combinar esses pontos quânticos com supercondutor e  ferromagnetos. Aparecem muitas propriedades  e  conseguimos  variar muita coisa, ou seja, é um sistema bem rico do ponto de vista físico”, disse.

Metodologia

O  pesquisador  foi  enfático  ao afirmar que  sabia  exatamente o que estudar:  ferromagnetismo  com  supercondutividade  e  suas  possíveis aplicações. O  difícil,  segundo  ele, foi  construir  uma  nanoestrutura  interessante  que  fosse  possível  de ser modelada,  não  usando  recursos avançados  e  sofisticados de  computação e, ao mesmo tempo, que fosse original. “Atualmente, a concorrência é muito grande com os pesquisadores chineses nessa  área. Eles produzem muitos artigos, portanto é difícil fazer algo original. Minha ideia foi, usando esses elementos, tentar aplicar numa nanoestrutura híbrida e aí cheguei a esse modelo e a partir dele  fui estudando  as  propriedades”,  observou; A aplicação dos supercondutores é muito cara. Esse material do qual, provavelmente, a estrutura criada pelo físico  poderia  ser  feita  é  composto  de supercondutores convencionais. A sua temperatura crítica é muito baixa. “Isso  inviabiliza devido  à utilização de hélio líquido para o resfriamento, porque  é  um  produto  caríssimo”, comentou. Uma  possibilidade  seria tentar  estudar  esse mesmo  sistema  considerando  supercondutores não  convencionais,  que  têm  uma temperatura maior.  “Nesse  caso poderíamos usar nitrogênio  líquido, que  é muito mais  barato”,  avaliou.

Porém, outro problema é que esses materiais são cerâmicos e, consequentemente, não podem  ser produzidos em  larga  escala.  “Não  se  consegue crescer  cristais  de  supercondutores como  se  faz  com  semicondutores. Pode  ser que mais hora menos hora isso  aconteça”. Basta,  prosseguiu Siqueira,  pensar  na  história  da  supercondutividade  –  descoberta  no início  do  século  passado  –  na  qual até  1950  não  havia  esperança  de encontrar  supercondutor  com  temperatura mais  alta  e,  em  1988,  isso foi  obtido.  “Houve,  portanto,  uma nova corrida para tentar entender essa supercondutividade.  Sempre  pode acontecer  algo  inesperado”,  disse.

Aplicações

Siqueira  ressaltou que, para  que esses modelos  atinjam  escala  de produção, depende muito do avanço na  produção  de  nanoestruturas. Ele acredita que a proposta possa ser feita em  laboratório, porém, em escala industrial  é muito mais  complicado porque materiais  supercondutores não  são  como  semicondutores  que podem  ser  produzidos  em  larga  escala.  “Certamente  isso fica  restrito a  protótipos. Por  exemplo,  a  construção  de  um  computador  quântico envolveria o  resfriamento por hélio líquido, que é muito caro. Não acredito em produtos, mas é um primeiro  passo  nessa  direção”,  avaliou.

Para Siqueira, tudo é possível, uma vez  que  a  física  é  atualmente mais capitalista e menos filosófca. “Hoje a física  tem se norteado pelo desenvolvimento  de  produtos,  pois  está atrelada  à  tecnologia. Não há  como desenvolver tecnologia sem a física. E  a  engenharia permite  transformar o que a gente pensa em produtos. No nosso caso, o objetivo sempre foi fazer algo aplicado utilizando minha experiência do mestrado”, concluiu.

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Artigos

■  SIQUEIRA, E. C. ; CABRERA, G. G. . Andreev tunneling through a double quantum-dot system coupled to a ferromagnet and a superconductor: Effects of mean-feld electronic correlations. Physical Review. B, Condensed Matter and Materials Physics, v. 81, p. 94526, 2010.
■  SIQUEIRA, E. C. ; CABRERA, G. G. . Magnetoresistance and transistor-like behavior of
double quantum dots connected to ferromagnetic and superconductor leads 2010 (submetido no Physical Review B)
■  Tese: “Transporte por refexão de Andreev em pontos quânticos duplos acoplados a eletrodos supercondutores e ferromagnéticos”.
Autor: Ezequiel Costa Siqueira
Orientador: Guillermo Gerardo Cabrera Oyarzun
Unidade: Instituto de Física “Gleb Wataghin” (IFGW)
Fonte de Financiamento: CNPq
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